Taís Araujo
A atriz, que atualmente vive a advogada Vitória em Amor de Mãe, abre seu coração sobre sua experiência com a maternidade e revela como consegue conciliar a vida pessoal com a carreira
Como está sendo fazer AmordeMãe?
“Essa novela vai acabar com a gente (risos). Ela fala de um assunto que é universal e que conversa diretamente com todo mundo além de todos os temas serem muito bem amarrados. Quem não se emociona quando fala da mãe? É uma novela cheia de conflitos que consegue explorar bem as várias maneiras de se exercer a maternidade.”
Esta é sua segunda protagonista do horário nobre. Como é para você estar neste contexto?
“É mais um trabalho que eu tenho empenho, dedicação de tempo, de estudo e mais um trabalho lindo, com um tema especial.”
Como você construiu a sua personagem?
“Foi mais pela vivência, conversando com pessoas que adotaram crianças, mas a questão da perda do filho eu não tive coragem de conversar com ninguém. Tem uma coisa muito curiosa: quando a chamada entrou no ar, três mulheres entraram em contato comigo me relatando isso, sendo uma pelo Instagram e outras duas amigas que eu sabia que passaram por isso, mas que entraram na minha vida depois deste histórico e que me relataram que passaram por isso. Eu já sabia, mas não me sentia à vontade para tocar no assunto. Esta personagem tem muitos lugares que as mulheres se identificam.”
Alguma vez na vida já pensou sobre a possibilidade de não poder ser mãe?
“Já! Antes de ter o João eu passei por esta questão e foi muito doido porque eu pensei em fazer fertilização in vitro e achava que não tinha estrutura emocional para lidar com esta frustração. Logo em seguida, eu engravidei dele, aí ficou tudo bem. Mas tem que ser muito perseverante, as chances de ficar grávida com esse tratamento não são muito grandes, várias mulheres conseguiram por meio deste método, mas ainda sim as chances de se decepcionar são enormes. Você tem que saber lidar com isso. É muita dureza.”
Você acha que se tornou mais sensível depois da maternidade?
“Sim, em determinados temas. Eu sempre fui uma ‘manteiga’, mas parece que a maternidade tirou um ‘véu’ dos meus olhos.”
Como você consegue dar conta de tudo?
“Eu tenho uma mãe que é completamente disponível para os meus filhos, além de duas pessoas que trabalham comigo, sendo uma nos dias de semana e outra nos finais de semana. De todo modo, minha mãe está todos os dias lá em casa, se eu ou o Lázaro não estamos, ela vai só para colocá-los para dormir e volta para a casa dela. Este é o amor de mãe. O Lázaro e eu só conseguimos trabalhar tanto porque minha mãe é muito disponível para nós. Meu pai e meu sogro também sempre se alternam e estão sempre dispostos a nos ajudar.”
A sua personagem é viciada em trabalho. O ritmo muda depois que ela se torna mãe?
“Ela continua do mesmo jeito, mas fica neste conflito (da nossa geração) que você precisa se dividir entre família e vida profissional, que exige cada vez mais tempo da gente e faz com que passemos mais tempo com nossos colegas de trabalho do que com a própria família.”
A Vitória não é vilã, mas tem problemas de caráter. Como você vê essa contradição?
“Ela aceita propina, né? Ela sabe que o cara matou uma pessoa, escondeu o corpo e está lá defendendo este cara. E ao mesmo tempo é uma excelente mãe. Então para mim isso é o mais legal das novelas da Manuela (Dias, autora).”
Um dos ganchos da novela é que mesmo pessoas boas podem cometer erros gigantescos. Sua personagem é assim?
“Sim. Existe uma complexidade nas personagens da novela, às vezes você se pega apaixonada por alguém que jamais torceria. Talvez seja a personagem mais complexa que eu já fiz por ter uma quantidade grande de conflitos. São muitos e um deles é a ética. E após a maternidade ela começa a se questionar qual é o tipo de exemplo que quer ser para os filhos.”
Como você tem se dividido entre as gravações e as crianças?
“Eu consigo acordar, dar café para as crianças, colocá-los no banho e levá-los à escola todos os dias. Tem dias que eu só não consigo colocar para dormir, o Lázaro e minha mãe assumem este papel, mas no domingo consigo ficar com eles boa parte do tempo. De todo modo, eu os vejo todos os dias.”
Tem algo a mais algo que você quer experimentar no campo profissional?
“Já até me perguntaram se poderiam me apresentar como cantora, mas é claro que não. Fiz isso só em Mister Brau (2015). Adoro cantar, mas não sei. Queria saber. Não sei se eu seria uma boa diretora, mas é possível que eu queira trabalhar com condução de carreira.”