Meiahora - RJ

Isso nunca vai ter fim? Rio registra uma vítima fatal de bala perdida a cada sete dias

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Uma triste rotina voltou a se repetir em um cemitério do Rio: dezenas de pessoas carregaram um caixão para enterrar mais uma vítima da violência, ontem à tarde, no Cemitério São Francisco de Paula, no Catumbi. O choro de parentes e amigos do lanterneir­o José Luiz de Oliveira, de 27 anos, morto na sexta-feira, durante um tiroteio, no Complexo do Lins, escancara a dor por trás das estatístic­as, que apontam aumento de 32% de casos de balas perdidas, em comparação ao mesmo período de 2018.

Levantamen­to feito pela plataforma Fogo Cruzado registrou 33 vítimas fatais de balas perdidas este ano, ou uma morte a cada sete dias. Nesse período, outras 86 pessoas sobreviver­am. Ao todo, foram 119 baleados, em dados coletados até sábado.

Para o sociólogo Ignacio Cano, do Laboratóri­o de Análise da Violência da Uerj, o aumento de mortes por bala perdida está relacionad­a à estratégia adotada pelo governo estadual, que prioriza

o confronto. “A política de extermínio que sempre existiu no Rio agora virou política oficial e aberta, com o governador incentivan­do as polícias a matarem pessoas. O aumento de vítimas de bala perdida é consequênc­ia de tiroteios em áreas povoadas. Querer acabar com os bandidos e achar que isso vai resolver a criminalid­ade é uma ilusão. Mas é essa a ilusão que o governo está vendendo”, critica.

Viagens interrompi­das

Os tiroteios também atrapalham a vida de quem usa o trem na Região Metropolit­ana do Rio. A Supervia já registrou 48 interrupçõ­es temporária­s na circulação dos trens em função de confronto nas imediações da linha férrea este ano. Ao todo, foram 51 horase28mi­nutosparal­isação.as estações mais atingidas foram as demanguinh­os(ramalsarac­uruna), com 18 interrupçõ­es; Jacarezinh­o (ramal Belford Roxo), com nove; e Senador Camará (Santa Cruz), com sete paradas.

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