Caminhos contra o MEDO
Existem diversas terapias que são funcionais contra as fobias. Conheça algumas das mais recomendadas no combate a esses transtornos
Existem vários fatores capazes de influenciar nossas mentes e nos causar os mais diversos tipos de medos, como traumas, bullying, abusos e distúrbios mentais. Contudo, ao mesmo tempo em que há diferentes gatilhos do medo, existe um leque de alternativas para combatê-los. Selecionamos uma lista com as principais terapias utilizadas por profissionais para fazer com que você consiga vencer seus medos de uma vez por todas. Confira!
Terapia cognitivocomportamental (TCC)
De acordo com a professora de psicologia, Flávia Rejane Correia e Silva, a terapia cognitivo - compor tamental foi desenvolvida na década de 1960 pelo psiquiatra estadunidense Aaron T. Beck. Trata-se de uma psicoterapia focada nos problemas atuais do paciente, estruturada para assegurar sessões produtivas e com resultados, baseada em uma relação colaborativa entre terapeuta e paciente. “Ela auxilia pacientes por meio da psicoeducação, tornando-os seus próprios terapeutas e ensinando-os a prevenir recaídas”, explica a especialista. Flávia conta que o objetivo principal é levar o paciente a promover uma reestruturação cognitiva. “Nossos pensamentos exercem uma influência controladora sobre as nossos sentimentos e, consequentemente, sobre a forma como nos comportamos perante as situações. Desse modo, as mudanças para um estilo saudável de pensamento poderão promover maior sensação de bem-estar físico e psicológico”, complementa. O tratamento por meio da TCC abrange várias patologias, dentre elas: depressão, transtorno de personalidade, transtornos alimentares e fobias específicas. Em relação às fobias, o método trabalha sob duas vertentes: a primeira, caso o medo do paciente seja irreal, devido a uma interpretação errônea dos estímulos recebidos, ele será orientado a realizar o registro desses pensamentos disfuncionais negativos e corrigi-los através de respostas adaptativas. Já a segunda opção, quando o medo for real, o paciente será treinado a elaborar estratégias para enfrentar e estabelecer reações saudáveis frente às situações traumáticas. Essa atitude poderá ser uma das técnicas a serem utilizadas para que ele trabalhe maneiras de encarar a situação temida.
REALIDADE VIRTUAL X FOBIA REAL
A psicóloga Nataly Martinelli é uma das pioneiras no Brasil na utilização de uma tecnologia com grande repercussão entre as pessoas para o tratamento de fobias atualmente: a realidade virtual (VR, na sigla em inglês). Trabalhando há aproximadamente cinco meses com ferramentas como os óculos de VR, a profissional nos contou algumas curiosidades sobre como tem sido atuar com esse método auxiliar terapêutico. Saiba mais!
Como o tratamento com essa ferramenta é colocado em prática?
“Nos tratamentos convencionais de fobia, é utilizada a imaginação do paciente. Porém, senti que alguns indivíduos tinham dificuldade em mentalizar esses episódios de desconforto. Com o equipamento, essas sensações são vivenciadas de modo mais real e intenso, com o paciente conseguindo visualizar e escutar aquele ambiente. Os óculos de realidade virtual estão vinculados a um computador que me permite monitorar a tensão na qual meu paciente está passando e, assim, fazer o acompanhamento de sua evolução conforme o tratamento. Em paralelo, realizo um processo de respiração diafragmática. Assim, vou ensinando-o a controlar suas situações fóbicas durante a experiência. Mas essa ferramenta não é utilizada isoladamente e, sim, associada com outros tratamentos terapêuticos.”
Os resultados têm sido positivos?
“Com certeza. Eu tenho uma paciente, por exemplo, que estava há seis anos sem tomar a injeção e hoje, depois de dois meses com o auxílio dessa ferramenta, até pensa em doar sangue no final do ano. Ela, inclusive, já fazia o uso de outros métodos terapêuticos. Mas, com esse equipamento, o resultado foi obtido em poucos meses.”
Hipnoterapia
Este tratamento é uma terapia de empoderamento pessoal. Segundo a hip - noterapeuta Lissandra Bassi, o método soma dois tratamentos em um único: a hipnose clássica (de Dave Elman, hip - noterapeuta norte-americano) e a hipnose ericksoniana (de Milton Erickson, psiquiatra estadunidense), ambas complementares. “É como dirigir uma Ferrari sem conhecer suas potencialidades, mantendo-se sempre a 50 quilômetros por hora. Quando trazemos a hipnose para a terapia, é como se adicionassemos um turbo nesta Ferrari, alcançando os resultados desejados pelo cliente”, afirma Lissandra. “Durante todo o processo, o indivíduo que vivencia a hipnoterapia está totalmente consciente. Por meio de um diálogo com o hipnoterapeuta, a mente subconsciente é acessada, a qual guarda todas suas memórias vividas desde os primeiros três meses de vida intrauterina até a idade atual. Para esse tipo de tratamento terapêutico, existe uma gama de processos a serem usados, variando de acordo com cada objetivo de tratamento”, explica Bassi. Existem muitos benefícios durante o tratamento com a hipnoterapia. Com ela, é possível reduzir o desejo e neutralizar emoções que levam aos vícios; desenvolver estratégias para ampliar seu poder pessoal; e mudar o impacto emocional de traumas passados, associações e emoções negativas.
Meditação
Outra alternativa de terapia muito famosa por seus efeitos mentais, mas não sobre sua relação com o combate direto às fobias, é a meditação. Um estudo da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriu que meditar durante 30 minutos todos os dias ajuda a aliviar sintomas de ansiedade, depressão e dores crônicas. A ansiedade é um dos principais elementos ligados a medos e fobias. Sendo assim, sua utilização para o tratamento desses transtornos pode ser bastante recomendado. “Nosso corpo está ligado à nossa mente e vice-versa. O que acontece no corpo afeta a consciência e esta afeta o corpo. Meditação significa desenvolver um foco específico, além da mera concentração. É uma prática de atenção intensa”, explica o mestre espiritual Giridhari Das.
Medicamentos
Só quem convive frequentemente com as fobias sabe das dificuldades em enfrentá-la cotidianamente. Ainda que sua maior parte sejam leves, moderadas ou não comprometedoras, outras, porém, são capazes de resultar em transtornos severos, limitando de sobremaneira a vida do paciente. Nestes casos, como uma forma alternativa, existe sim a indicação de uso de medicações. “Geralmente são indicados antidepressivos e benzodiazepínicos associados concomitantemente com a Terapia Cognitivo - Comportamental”, conta o psiquiatra Daniel Contarini. “Os efeitos colater ais desses medicamentos, ao mesmo tempo que são diversos, são geralmente leves e autolimitados, ou seja, costumam melhorar em alguns dias, como uma cefaleia ou alteração gastrointestinal, entre outros”, completa o especialista. Porém, Contarini explica que, assim como qualquer outro medicamento, existem contraindicações sobre determinados usos dos fármacos. “Por isso, a necessidade da avaliação médica criteriosa antes da sua prescrição. Os motivos podem ser desde uma falta de necessidade objetiva, quando apenas a psi- coterapia já é suficiente, não expondo, portanto, o paciente ao uso de medicações, até quadros onde não devem ser utilizados por uma questão médica”, explica o psiquiatra.