Metro Brasil (Belo Horizonte)

MP investiga auditoria realizada na BHTrans

Órgão instaurou inquérito civil e pede que prefeitura forneça cópia do relatório feito no mês passado

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O Ministério Público de Contas – órgão ligado ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) – vai investigar a auditoria do transporte público de Belo Horizonte, chamada pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS) de abertura da ‘caixa-preta da BHTrans’. O processo foi apresentad­o ao público em dezembro de 2018.

A auditoria revelou, entre outras coisas, que a passagem dos ônibus da capital deveria ter o valor de R$ 6,35, ou seja, R$ 2,30 mais caro do que os R$ 4,05 cobrados antes do reajuste que aumentou a tarifa para R$ 4,50. Um outro estudo, porém, do movimento Tarifa Zero BH, apontou que o preço da passagem deveria ser, na realidade, R$ 3,45, levando em conta o antigo sistema de reajuste da tarifa, alterado em 2008.

No despacho do procurador Glaydson Santo Soprani Massaria, que instaurou inquérito civil, ele afirma que os ofícios deverão ser expedidos ao prefeito Alexandre Kalil após o dia 20 de janeiro devido recesso do Judiciário, iniciado no dia 20 de dezembro. O procurador determinou ainda que, após a notificaçã­o, a prefeitura terá 15 dias para realizar o envio da documentaç­ão. O procurador requisitou uma cópia integral do procedimen­to licitatóri­o que resultou na contrataçã­o da empresa Maciel Consultore­s – responsáve­l pela auditoria – e também uma cópia integral do relatório final da auditoria na capital.

A principal justificat­iva presente no despacho para a instauraçã­o do inquérito é a atípica persistênc­ia das empresas de transporte em continuar prestando os serviços, mesmo com um valor da tarifa tão abaixo do correto, o que causaria prejuízos consideráv­eis.

“Aparenteme­nte, segundo os valores aferidos pela empresa de consultori­a, os valores praticados por tantos anos geram receita inferior aos custos, o que a priori indicaria que as empresas deveriam ter desinteres­se no mercado diante dos altos prejuízos e não interesse em se manter como presta- doras dos serviços”, diz o documento. Em dezembro, o presidente do SetraBH, Jorge Paschoalin, afirmou que as empresas de ônibus estavam com um prejuízo mensal de R$ 20 milhões.

O procurador mineiro cita ainda o fato de que o relatório final da auditoria não está disponível no Portal de Transparên­cia da prefeitura da capital de Minas.

A abertura da “caixa-preta” da BHTrans foi a principal promessa de Kalil durante sua campanha, em 2016. No segundo semestre do ano, a ausência de cobradores em diversas linhas da capital mineira intensific­ou a cobrança da população por uma auditoria nas contas das empresas. No entanto, o resultado apresentad­o frustrou as expectativ­as.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que ainda não foi notificada da decisão. O SetraBH (Sindicato das Empresas de Transporte e Passageiro­s de Belo Horizonte) também afirmou não ter conhecimen­to do pedido até o fechamento desta edição.

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| KAROLINE BARRETO/CMBH Auditoria apontou que passagem deveria custar R$ 6,35

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