Kamikazes M.C.
Com a maior estrutura da última edição do Capital Moto Week, que trazia um cenário digno da franquia Mad Max, moto clube de Brasília mostra sua força.
Durante a 17a edição do Capital Moto Week, realizada na Granja do Torto, em Brasília (DF), um espaço destinado a um moto clube chamava muito a atenção de quem por ali circulava. Ao longe, uma lona de circo que podia ser vista de vários pontos do evento, poderia parecer mais uma atração promovida pelos organizadores, mas diante dela, um cenário apocalíptico ao melhor estilo Mad Max sugeria que estávamos diante de algo inusitado. Atrás das diversas motos e triciclos que mostravam a presença de seus membros no local, dois caminhões que pareciam ter saído do filme “Mad Max – A Estrada da Fúria”, faziam a proteção da entrada do local. Sobre um deles, uma estrutura metálica sustentava um dragão de olhos vermelhos, ladeado por dois banners onde se lia a palavra “Kamikazes”, grafada na vertical.
À frente do pórtico de entrada em forma de boca de dragão, um latão metálico com toras de madeira ardia em uma fogueira, indicando o caminho não apenas aos membros do clube, mas também a qualquer um que quisesse ali confraternizar e acompanhar os shows, afinal, ali aconteceram vários ao longo do encontro, funcionando como um evento dentro do evento.
Os Kamikazes, moto clube brasiliense cujas atividades começaram em 1990, surgiu, segundo Humberto Alencar Sampaio, atual presidente da agremiação, como uma brincadeira de seu irmão mais velho, Aloísio Viana Melo, o Ligeirinho. “Na época, ele tinha um jipe e algumas motos e resolveu juntar os amigos para fazer passeios e assim, de repente, surgiu o primeiro moto-car clube do Brasil, reunindo veículos diferentes, não-convencionais”, explica.
A partir daí, os encontros foram se repetindo e atraindo um número cada vez maior de associados, que se identificavam
com a proposta do clube e com o estilo de vida de seus membros.
Embora Humberto Alencar não revele o número de associados que fazem parte dos Kamikazes, a estrutura que o moto clube apresentava no CMW mostra a força do grupo. “Não temos muitos associados, mas temos um pessoal que tem muita vontade. Embora tenhamos poucos membros, a gente consegue montar isso aqui porque temos união e quando dizemos que precisamos fazer algo, eles vão e fazem; somos um moto clube muito coeso. O importante não é a quantidade, mas a qualidade”, reflete Alencar.
O Kamikazes Moto Clube está presente no Capital Moto Week desde sua primeira edição, realizada em 2004 e a cada ano, vem demarcando seu território com mais força. O espaço por eles ocupado era o maior entre todos os moto clubes presentes no evento, abrigando, além da entrada com seus veículos exóticos e a lona de circo que abrigava um palco, um amplo espaço externo destinado ao camping para seus afiliados.
“A gente não tem qualquer preconceito em relação aos nossos membros. Acolhemos desde o cara que está desempregado ao empresário, pois o que importa é a amizade, afinal, todos somos iguais”, explica Alencar, revelando o espírito que permeia o moto clube que preside.
Além de uma sede localizada na cidade de Ceilândia (DF), os Kamikazes possuem duas sedes rurais – uma no Parque da Barragem e outra na Cana do Reino – onde realizam suas celebrações, que são totalmente gratuitas. “A gente proporciona isso sem subsídio de ninguém, para receber os amigos”, revela Alencar. “São três, quatro dias de festa e em nosso último aniversário havia 5 mil pessoas acampadas lá dentro”, complementa.
Mas nem só de festas, encontros e viagens vivem os membros do Kamikazes, que também realiza ações sociais. Todos os anos o moto clube faz entre uma e duas doações de sangue; em todos os eventos é solicitado às pessoas que levem alimentos não-perecíveis e além disso, o grupo ajuda o Instituto Pipoquinha, instituição que auxilia famílias carentes da cidade.
“O pessoal pensa que somos todos drogados e muito loucos, mas não é nada disso; todos trabalhamos, temos nossas responsabilidades e nossas famílias”, encerra Alencar.