Pilotando sobre areia e pedra britada
Pilotar nestas condições pode ser desafiador e somente a prática da pilotagem não nos leva à perfeição, mas é onde mais devemos focar.
No Brasil, de acordo com dados de 2019, de um total de 1.720.700 km de rodovias, 213.453 km (12,4%) são pavimentadas e 1.349.938 km (78,5%) são não pavimentadas. Devemos acrescentar nesta conta os locais que desejamos alcançar com nossas motos, mas que não serão percorridos através de rodovias. Belos cenários podem se descortinar após trechos difíceis, porém, tais trechos podem também ser divertidos e nos proporcionar um conjunto de prazeres advindos da pilotagem, do visual, da sensação de conquista e superação ao atingir um ponto desejado.
Ler dicas não fará com quem ninguém saia pilotando com maestria, mas servem como um norte para o início de uma prática. Os cursos de pilotagem existentes ainda entregam pouca prática quando proporcionam poucas passagens por um trecho curto de pedra britada ou de areia, já que esta condição está abaixo da realidade de grandes áreas com pisos onde a moto afunda parcialmente e atravessa de forma instável. Somente a prática não leva à perfeição, mas no motociclismo ela é uma fatia grande do sucesso. Além da prática, outros fatores influenciam nossa capacidade de desenvolver habilidades. Esta capacidade está conectada com nossos genes e são variáveis de pessoa para pessoa, ou seja, podemos ter diferenças de habilidade decorrentes de condições pré-existentes.
O envelhecimento reduz nossas habilidades cognitivas envolvidas nos processos de tomar decisões e resolver problemas, porém, habilidades cognitivas consolidadas, relacionadas ao conhecimento e ao aprendizado por meio de experiências, continuam estáveis, e podem até aumentar com o passar dos anos. Portanto, encontrar um local para praticar é essencial na busca do aprimoramento.
Sobre pedra britada ou areia, equilíbrio e tração são importantes. Andar rápido demais pode estar mascarando um piloto desequilibrado, já que a inércia fará parte do serviço de manter a moto em pé, mas também pode fazer com que aconteça uma queda mais grave. Isso pode ser comprovado nestes trechos curtos de areia ou pedra britada disponíveis em algumas áreas onde cursos de pilotagem são ministrados. Caso o piloto passe rápido por eles, em linha reta e na parte mais compactada, perceberá facilidade de transposição. Caso o piloto pratique a travessia do trecho de forma lenta, estará desenvolvendo seu equilíbrio e, mais complicado, mas que deve ser praticado também, é executar mudanças de direção nesta condição. Na areia e na pedra britada o guidão muda de direção sem nosso comando, a
traseira nem sempre está alinhada com a dianteira e aí está grande parte do prazer, porém nosso corpo deve atuar em conjunto com a moto para que o equilíbrio se mantenha.
A moto se move embaixo do piloto, que não deve estar com braços esticados, deixando uma margem para que o guidão se mova enquanto a roda dianteira se ajusta aos traçados do piso. Pilotar em pé gera a desvantagem de elevar o centro de massa do conjunto piloto e moto, mas permite que se possa distribuir o peso para esquerda ou direita com os pés, forçando para baixo uma das pedaleiras e ajudando no equilíbrio e trajetória. O piloto deve entregar parte do serviço para o torque do motor, mantendo a tração constante, sem usar a embreagem.
Falamos em tração e isso está intimamente conectado com os pneus. Os pneus corretos farão a diferença e eles devem ter sulcos largos e profundos, blocos afastados, principalmente nos ombros, para que possam desempenhar bem nos locais onde o pneu afunda. Uma condição que deve ser evitada quando se pretende pilotar sobre estes tipos de pisos é o peso excessivo, quanto mais leve o conjunto piloto e moto, melhor. Um pouco de teoria, muita prática, pneus adequados e leveza, geram segurança e são a fórmula para pilotar em pisos instáveis.
A instabilidade da brita e da areia exige técnica que, desenvolvida, amplia as possibilidades da onde você pode chegar