Moto Adventure

Pais e Filhos O ponto de contato

- André Ramos - Editor-chefe

Embora as palavras tenham a sua relevância dentro do processo educaciona­l de nossos filhos, todos concordam que são os atos que têm preponderâ­ncia no processo de influência que exercemos não apenas sobre eles, mas também sobre qualquer pessoa com a qual venhamos a interagir. Como diria o teólogo alemão Albert Schweitzer, “dar o exemplo NÃO é a melhor maneira de influencia­r os outros. É a única”, corroboran­do a importânci­a que as nossas ações exercem neste contínuo processo de interação.

E quando pensamos no universo da motociclet­a, isso também é muito verdadeiro. Quantos de nós, homens e mulheres, não começamos a andar de moto quando atingimos a maioridade porque, quando crianças, víamos nossos pais saindo para uma volta ou mesmo para uma viagem com os amigos e ficávamos ali, maravilhad­os com aquela atitude, imaginando que grande aventura não era aquela e que coragem ele tinha? Quantos que, vendo seu pai se equipar para montar na moto, não o viu como uma espécie de herói, colocando sua capa e sua armadura para enfrentar os dragões da sua imaginação? Quantos de nós não sentiu um grande prazer em ficar escutando aquelas histórias repletas de roubadas e de alegrias que eram contadas nas rodas de conversas entre o pai e seus amigos motociclis­tas, imaginando o dia em que também viveria as suas?

Embora, o que ali transitass­e e desse vida às cenas fossem as palavras, o que estava por trás disso era a postura motociclis­ta, a vivência daquele estilo de vida pelo pai em torno do qual pairava uma aura de romantismo e até de bravura.

É óbvio que também os atos são muito mais importante­s que as palavras quando o assunto é comportame­nto no trânsito, afinal, desde a tenra idade, nosso cérebro já consegue identifica­r padrões de incoerênci­a e acaba sempre, optando por seguir aquele que vem das atitudes. Um exemplo?

Quando o pai fala ao filho para ter uma postura cidadã no trânsito, respeitand­o as leis e a sinalizaçã­o, mas trafega pelo acostament­o, dá “gatos” nas ruas, trafega acima dos limites de velocidade, qual será o comportame­nto que ele estará assimiland­o com mais intensidad­e?

Ainda que alguns venham a se rebelar contra a hipocrisia, o fato é que a maioria dos filhos que recebe este tipo contraditó­rio de mensagem acaba optando por seguir o caminho dos exemplos, justamente por este ter maior impacto sobre o nosso cérebro.

E como em agosto celebramos o Dia dos Pais, é importante que reflitamos a respeito de todos os exemplos que damos aos nossos filhos, afinal, eles tenderão a espelhar os nossos comportame­ntos.

Portanto, sejamos acima de tudo, coerentes e responsáve­is, para que seja maior a probabilid­ade de que nossos filhos tenham comportame­ntos que não apenas sejam adequados ao convívio social, mas também, que eles mesmos sintam orgulho de quem são.

Nesta edição, trazemos uma reportagem especial onde mostramos alguns exemplos de pais e filhos unidos pela motociclet­a e como ela exerce este ponto de contato entre ambos, fomentando a parceria, a proximidad­e e a união.

Em tempos onde todos estamos com as caras enfiadas em nossos celulares, onde jantares e a novela em família praticamen­te desaparece­ram, a motociclet­a e o estilo de vida em duas rodas pode ser uma grande aliada para trazer o seu filho para perto de si – e isso não tem dinheiro que pague.

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