BACK TO THE FUTURE
A maravilhosa Kawasaki Z900 RS arrebata o coração dos “coroas” e dos saudosistas, ao homenagear a Z1, pioneira das superbikes, de 1972
Muita estabilidade em qualquer situação; escape 4x1 tem som grave
MOTOR INOVADOR
Amante inveterado que sou das motocicletas, sem uma predileção específica por certa marca ou estilo, só posso dizer que adoro qualquer tipo de veículo de duas rodas, desde os pequeninos modelos de cinquenta cilindradas até os monstros custom ou as magricelas com apelo fora de estrada. Mas com toda a sinceridade, se hoje eu tivesse que montar uma motocicleta para mim, com certeza eu montaria uma Z900 RS. Construiria uma motocicleta com todos os equipamentos de alta performance das melhores grifes, mas com um visual harmoniosamente arredondado e sensual.
Jeitinho de anjo bem comportado com sua silhueta arredondada, mas com uma mecânica extremamente forte e competente, digna das esportivas da atualidade. Fácil de tocar, motor liso e pronto para passear ou para acelerar forte, segurança e conforto para pilotar com prazer.
Do que mais você precisa em uma motocicleta? Economia de combustível? Tudo isso vem no pacote da Kawasaki Z900 RS vendida no Brasil em duas versões, a Z900 RS na cor Candytone Brown com preço de R$ 48.990,00 e a Z900 RS Café, que custa R$ 49.990,00 e vem equipada com uma carenagem de farol superestilosa e está disponível nas cores verde Kawasaki com faixa branca ou cinza com a faixa no verde Kawasaki. Difícil escolher.
Começando pelos detalhes, a Z900 RS não é uma versão que recebeu uma roupagem diferenciada. A Z900 RS tem um chassi diferente para comportar o novo tanque de combustível, bem como o novo banco e toda a parte traseira. A distância entre eixos também é levemente maior e não chega a afetar em nada a ciclística da motocicleta se comparada com a irmã street fighter.
O motor de quatro cilindros em linha de 948 cc de cilindrada foi retrabalhado para otimizar a entrega de torque em rotações mais baixas, e a taxa de compressão foi reduzida de 11.8:1 para 10.8:1 para amansar a cavalaria e a entrada bruta do pico máximo. Os dutos do cabeçote também foram reduzidos, contribuindo para o aumento da força abaixo das 7.000 rpm. O volante é 12% mais pesado.
O motor rende 109 cv a 8.500 rpm e disponibiliza o torque máximo de 9,7 kgf.m em 6.500 rpm. É um quatro cilindros realmente inovador, porque normalmente os motores de quatro cilindros entregam o torque máximo acima das 8.000 rpm. Por isso você arranca com a Z900 RS, troca as marchas rapidinho até engatar a última e sexta marcha e não precisa mais fazer nenhuma troca, mesmo rodando na cidade, ao passar em lombadas e sair a 30 km/h é só fazer uma
Na estrada, postura ergonômica e muito condortável, à moda antiga
redução e sair numa boa sem qualquer solavanco na relação.
Os tubos do escapamento também são mais estreitos para “comprimir” o motor e fortalecer o torque em baixa. Interessante é que os dutos de escapamento são duplos, com um cano dentro do outro para que o cromo dos tubos de aço inoxidável não fiquem amarelados com o uso.
O escapamento da Z900 RS é o resultado de estudos e pesquisas em acústica de exaustão. O ronco é simplesmente adorável e me pergunto apenas porque a Kawasaki não adotou as quatro ponteiras de escapamento como era na primeira geração da Z900, a lendária Z1 Super Four de 1972.
A Z900 RS permite escolher entre dois modos de pilotagem: Road para desempenho na tocada esportiva e Rain para maior tranquilidade e segurança nos dias de chuva, assistidos pelo KTRC, o controle de tração Kawasaki.
Ao exclusivo chassi de treliça de aço são agregadas suspensões de alta performance, multiajustáveis. A dianteira utiliza um garfo telescópico invertido de 41 mm com ajuste na pré-carga da mola, dez ajustes de compressão e doze ajustes da velocidade do retorno.
Na traseira, um monoamortecedor regulável na pré-carga da mola e na velocidade do retorno se liga através de links à balança de alumínio. É impossível o piloto não conseguir um acerto adequado e personalizado das suspensões com tantas possibilidades. Assim, cada piloto pode tirar o máximo proveito da performance e do conforto de sua máquina. Foi um prazer inigualável pilotar a Z900 RS pela serra à beira-mar e posso garantir que a motocicleta é bem grudada no chão. Ela permite inclinações insanas de raspar as pedaleiras e ao deitar nas curvas ela segue precisamente por onde você a colocar, estável, sem sustos e sem surpresas como escapadas ou balanços indesejados. O guidão é bem largo e garante leveza nas manobras e no esterço em baixa velocidade. Fiquei surpreso ao notar como a direção é leve e rápida quando se conduz a Z900 RS no trânsito de São Paulo. Em altas velocidades ela se manteve firme e sem aquelas chacoalhadas típicas que muitas vezes ocorrem quando se acelera a fundo e a traseira baixa, deixando a frente mais leve. A Z900 RS vai colada no chão.
Os freios são surpreendentemente eficazes e garantem
freadas muito fortes. São dois discos na dianteira, mordidos por pinças monobloco de quatro pistões com pastilhas sinterizadas e fixação radial. Na traseira, um disco simples com pinça de dois pistões dá conta do recado nas altas velocidades e tem uma ótima modulabilidade para a cidade.
As pinças são montadas com mangueiras de borracha na bomba radial do freio, então uma mangueira com malha de aço tipo Aeroquip seria muito bem-vinda para melhorar ainda mais a progressividade das frenagens. No teste na pista, após dar uma arrancada esticando as marchas até a faixa de corte nas 10.500 rpm, fiz uma frenagem digna de motoGP e a Z900 RS se manteve no trilho e parou num espaço bem curto. No piso molhado, o ABS funcionou satisfatoriamente e sem trepidações nas alavancas.
A Kawasaki Z900 RS parece a motocicleta perfeita para passeios sossegados, porque a ergonomia bem projetada garante uma postura natural e bem relaxada proporcionando uma tocada bem confortável. O assento em peça única é macio e permite rodar por horas sem parar. O tanque de combustível comporta 17 litros e garante boa autonomia na estrada, se você conseguir se manter dentro dos limites legais, até mais ou menos 100 km/h. Acima disso, o consumo sobe drasticamente.
O visual, com vários elementos inspirados na histórica Z1 é muito elegante. O motor, apesar de ser refrigerado à água, possui aletas polidas ao redor dos cilindros para garantir a presença e a atitude de uma legítima retrô, como se ele fosse refrigerado a ar.
BOLETIM 9,6
O painel com dois copinhos de orla cromada e relógios analógicos é essencial, mas um display digital multifuncional de letras brancas com fundo preto foi inserido entre eles, equilibrando o visual retrô com a funcionalidade moderna.
Além do indicador de marchas em destaque, há hodômetros, computador de bordo, nível de combustível, temperatura do motor, temperatura externa, relógio e indicador de pilotagem econômica. Os numerais e as agulhas dos mostradores analógicos são idênticas aos da máquina de 1972. Os espelhos retrovisores são exclusivos da Z900 RS.
Detalhe legal são os pontilhados na tinta branca do emblema das laterais, igualzinho ao modelo A4 de 1976.
O enorme farol mescla design retrô e moderno, com seis lâmpadas de LED que acesas parecem um farol em estilo clássico. Detalhes como a lente convexa e o aro cromado do farol, a lanterna traseira oval em LED que acende de forma única reforçam mais ainda o estilo retrô. As setas são em LED com visual moderno, mas casam bem com o visual.
A versão Kawasaki Z900 RS Café tem o farol reposicionado para comportar a carenagem e o guidão mais baixo. O assento foi reprojetado, sugerindo um monoposto. As rodas são pretas, sem as bordas polidas como nesta Z900 RS.
O público alvo da Kawasaki Z900 RS está acima dos 35 anos e toca o coração de quem era criança nos anos 1970 e quer reviver as fortes emoções daqueles tempos.
A maravilhosa Kawasaki Z900 RS não é nem pretende ser uma cópia da Z1 de 1972 e sim uma evolução, uma homenagem. Difícil resistir.