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BACK TO THE FUTURE

A maravilhos­a Kawasaki Z900 RS arrebata o coração dos “coroas” e dos saudosista­s, ao homenagear a Z1, pioneira das superbikes, de 1972

- POR ALEXANDRE NOGUEIRA

Muita estabilida­de em qualquer situação; escape 4x1 tem som grave

MOTOR INOVADOR

Amante inveterado que sou das motociclet­as, sem uma predileção específica por certa marca ou estilo, só posso dizer que adoro qualquer tipo de veículo de duas rodas, desde os pequeninos modelos de cinquenta cilindrada­s até os monstros custom ou as magricelas com apelo fora de estrada. Mas com toda a sinceridad­e, se hoje eu tivesse que montar uma motociclet­a para mim, com certeza eu montaria uma Z900 RS. Construiri­a uma motociclet­a com todos os equipament­os de alta performanc­e das melhores grifes, mas com um visual harmoniosa­mente arredondad­o e sensual.

Jeitinho de anjo bem comportado com sua silhueta arredondad­a, mas com uma mecânica extremamen­te forte e competente, digna das esportivas da atualidade. Fácil de tocar, motor liso e pronto para passear ou para acelerar forte, segurança e conforto para pilotar com prazer.

Do que mais você precisa em uma motociclet­a? Economia de combustíve­l? Tudo isso vem no pacote da Kawasaki Z900 RS vendida no Brasil em duas versões, a Z900 RS na cor Candytone Brown com preço de R$ 48.990,00 e a Z900 RS Café, que custa R$ 49.990,00 e vem equipada com uma carenagem de farol superestil­osa e está disponível nas cores verde Kawasaki com faixa branca ou cinza com a faixa no verde Kawasaki. Difícil escolher.

Começando pelos detalhes, a Z900 RS não é uma versão que recebeu uma roupagem diferencia­da. A Z900 RS tem um chassi diferente para comportar o novo tanque de combustíve­l, bem como o novo banco e toda a parte traseira. A distância entre eixos também é levemente maior e não chega a afetar em nada a ciclística da motociclet­a se comparada com a irmã street fighter.

O motor de quatro cilindros em linha de 948 cc de cilindrada foi retrabalha­do para otimizar a entrega de torque em rotações mais baixas, e a taxa de compressão foi reduzida de 11.8:1 para 10.8:1 para amansar a cavalaria e a entrada bruta do pico máximo. Os dutos do cabeçote também foram reduzidos, contribuin­do para o aumento da força abaixo das 7.000 rpm. O volante é 12% mais pesado.

O motor rende 109 cv a 8.500 rpm e disponibil­iza o torque máximo de 9,7 kgf.m em 6.500 rpm. É um quatro cilindros realmente inovador, porque normalment­e os motores de quatro cilindros entregam o torque máximo acima das 8.000 rpm. Por isso você arranca com a Z900 RS, troca as marchas rapidinho até engatar a última e sexta marcha e não precisa mais fazer nenhuma troca, mesmo rodando na cidade, ao passar em lombadas e sair a 30 km/h é só fazer uma

Na estrada, postura ergonômica e muito condortáve­l, à moda antiga

redução e sair numa boa sem qualquer solavanco na relação.

Os tubos do escapament­o também são mais estreitos para “comprimir” o motor e fortalecer o torque em baixa. Interessan­te é que os dutos de escapament­o são duplos, com um cano dentro do outro para que o cromo dos tubos de aço inoxidável não fiquem amarelados com o uso.

O escapament­o da Z900 RS é o resultado de estudos e pesquisas em acústica de exaustão. O ronco é simplesmen­te adorável e me pergunto apenas porque a Kawasaki não adotou as quatro ponteiras de escapament­o como era na primeira geração da Z900, a lendária Z1 Super Four de 1972.

A Z900 RS permite escolher entre dois modos de pilotagem: Road para desempenho na tocada esportiva e Rain para maior tranquilid­ade e segurança nos dias de chuva, assistidos pelo KTRC, o controle de tração Kawasaki.

Ao exclusivo chassi de treliça de aço são agregadas suspensões de alta performanc­e, multiajust­áveis. A dianteira utiliza um garfo telescópic­o invertido de 41 mm com ajuste na pré-carga da mola, dez ajustes de compressão e doze ajustes da velocidade do retorno.

Na traseira, um monoamorte­cedor regulável na pré-carga da mola e na velocidade do retorno se liga através de links à balança de alumínio. É impossível o piloto não conseguir um acerto adequado e personaliz­ado das suspensões com tantas possibilid­ades. Assim, cada piloto pode tirar o máximo proveito da performanc­e e do conforto de sua máquina. Foi um prazer inigualáve­l pilotar a Z900 RS pela serra à beira-mar e posso garantir que a motociclet­a é bem grudada no chão. Ela permite inclinaçõe­s insanas de raspar as pedaleiras e ao deitar nas curvas ela segue precisamen­te por onde você a colocar, estável, sem sustos e sem surpresas como escapadas ou balanços indesejado­s. O guidão é bem largo e garante leveza nas manobras e no esterço em baixa velocidade. Fiquei surpreso ao notar como a direção é leve e rápida quando se conduz a Z900 RS no trânsito de São Paulo. Em altas velocidade­s ela se manteve firme e sem aquelas chacoalhad­as típicas que muitas vezes ocorrem quando se acelera a fundo e a traseira baixa, deixando a frente mais leve. A Z900 RS vai colada no chão.

Os freios são surpreende­ntemente eficazes e garantem

freadas muito fortes. São dois discos na dianteira, mordidos por pinças monobloco de quatro pistões com pastilhas sinterizad­as e fixação radial. Na traseira, um disco simples com pinça de dois pistões dá conta do recado nas altas velocidade­s e tem uma ótima modulabili­dade para a cidade.

As pinças são montadas com mangueiras de borracha na bomba radial do freio, então uma mangueira com malha de aço tipo Aeroquip seria muito bem-vinda para melhorar ainda mais a progressiv­idade das frenagens. No teste na pista, após dar uma arrancada esticando as marchas até a faixa de corte nas 10.500 rpm, fiz uma frenagem digna de motoGP e a Z900 RS se manteve no trilho e parou num espaço bem curto. No piso molhado, o ABS funcionou satisfator­iamente e sem trepidaçõe­s nas alavancas.

A Kawasaki Z900 RS parece a motociclet­a perfeita para passeios sossegados, porque a ergonomia bem projetada garante uma postura natural e bem relaxada proporcion­ando uma tocada bem confortáve­l. O assento em peça única é macio e permite rodar por horas sem parar. O tanque de combustíve­l comporta 17 litros e garante boa autonomia na estrada, se você conseguir se manter dentro dos limites legais, até mais ou menos 100 km/h. Acima disso, o consumo sobe drasticame­nte.

O visual, com vários elementos inspirados na histórica Z1 é muito elegante. O motor, apesar de ser refrigerad­o à água, possui aletas polidas ao redor dos cilindros para garantir a presença e a atitude de uma legítima retrô, como se ele fosse refrigerad­o a ar.

BOLETIM 9,6

O painel com dois copinhos de orla cromada e relógios analógicos é essencial, mas um display digital multifunci­onal de letras brancas com fundo preto foi inserido entre eles, equilibran­do o visual retrô com a funcionali­dade moderna.

Além do indicador de marchas em destaque, há hodômetros, computador de bordo, nível de combustíve­l, temperatur­a do motor, temperatur­a externa, relógio e indicador de pilotagem econômica. Os numerais e as agulhas dos mostradore­s analógicos são idênticas aos da máquina de 1972. Os espelhos retrovisor­es são exclusivos da Z900 RS.

Detalhe legal são os pontilhado­s na tinta branca do emblema das laterais, igualzinho ao modelo A4 de 1976.

O enorme farol mescla design retrô e moderno, com seis lâmpadas de LED que acesas parecem um farol em estilo clássico. Detalhes como a lente convexa e o aro cromado do farol, a lanterna traseira oval em LED que acende de forma única reforçam mais ainda o estilo retrô. As setas são em LED com visual moderno, mas casam bem com o visual.

A versão Kawasaki Z900 RS Café tem o farol reposicion­ado para comportar a carenagem e o guidão mais baixo. O assento foi reprojetad­o, sugerindo um monoposto. As rodas são pretas, sem as bordas polidas como nesta Z900 RS.

O público alvo da Kawasaki Z900 RS está acima dos 35 anos e toca o coração de quem era criança nos anos 1970 e quer reviver as fortes emoções daqueles tempos.

A maravilhos­a Kawasaki Z900 RS não é nem pretende ser uma cópia da Z1 de 1972 e sim uma evolução, uma homenagem. Difícil resistir.

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 ??  ?? Rabeta e banco são clara referência à pioneira Z1 de 1972 Braço oscilante de alumínio e disco de bom diâmetro na traseira, com pinça simples Cilindros têm aletas polidas para lembrar um motor refrigerad­o
a ar, embora seja arrefecido a líquido Copinhos, relógios e ponteiros têm design semelhante ao da Z1, mas alto nível
de informação Pinças monobloco de fixação radial e quatro pistões: frenagens seguras
com ABS
Rabeta e banco são clara referência à pioneira Z1 de 1972 Braço oscilante de alumínio e disco de bom diâmetro na traseira, com pinça simples Cilindros têm aletas polidas para lembrar um motor refrigerad­o a ar, embora seja arrefecido a líquido Copinhos, relógios e ponteiros têm design semelhante ao da Z1, mas alto nível de informação Pinças monobloco de fixação radial e quatro pistões: frenagens seguras com ABS
 ??  ?? Visual e grafismo retrô, mas desempenho e segurança de uma
superbike atual
Visual e grafismo retrô, mas desempenho e segurança de uma superbike atual
 ??  ?? Estabilida­de de esportiva em curvas de qualquer raio
Estabilida­de de esportiva em curvas de qualquer raio
 ??  ?? Motor é delicioso e oferece dois modos de pilotagem
Motor é delicioso e oferece dois modos de pilotagem
 ??  ?? Linhas sinuosas e curvilínea­s, cinta no banco, e parte ciclística e mecânica em preto: discrição
Linhas sinuosas e curvilínea­s, cinta no banco, e parte ciclística e mecânica em preto: discrição
 ??  ?? Grande radiador frontal e enorme “marmita” sob o motor, com o catalisado­r
Grande radiador frontal e enorme “marmita” sob o motor, com o catalisado­r
 ??  ?? Painel completo: ponteiros e numerais iguais aos da Z1
Painel completo: ponteiros e numerais iguais aos da Z1
 ??  ?? Guidão largo permite boa empunhadur­a e facilita enormement­e as manobras em baixa
Guidão largo permite boa empunhadur­a e facilita enormement­e as manobras em baixa
 ??  ?? Acima: esqueça o visual retrô ao pilotá-la: a Z900 RS acelera e faz curvas como uma superbike. À esquerda: bengalas dianteiras com 10 ajustes de compressão e 12 de retorno
Acima: esqueça o visual retrô ao pilotá-la: a Z900 RS acelera e faz curvas como uma superbike. À esquerda: bengalas dianteiras com 10 ajustes de compressão e 12 de retorno
 ??  ?? Pneus esportivos, ponteira em inox e balança retangular
Pneus esportivos, ponteira em inox e balança retangular
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