OS DONOS DA RUA
Há mais unidades do Sym Citycom na rua que de Honda SH 300i, pelo menos visualmente. Esse duelo sino-nipônico é travado em todo o mundo. Veja as características de cada modelo, e escolha!
HONDA SH 300i
Mobilidade é a ordem do momento. Os veículos de pequeno porte, ágeis e econômicos, são a melhor pedida para enfrentar o trânsito caótico das grandes metrópoles e o alto custo do transporte. Os scooters são a porta de entrada para os veículos de duas rodas. Práticos e econômicos, são capazes de atender desde os principiantes até pilotos de motos maiores, que buscam praticidade, agilidade e economia para o dia a dia.
Estudos mostram que o crescimento do segmento é exponencial e a otimista previsão dos principais fabricantes é de conquistar a marca de 100 mil motonetas emplacadas no Brasil em 2022, frente a pouco mais de 60 mil emplacadas em 2018. O Honda PCX 150 (veja reportagem à página 50 desta edição) representa cinquenta por cento deste total de emplacamentos. Em 2006, quando o pioneiro Suzuki Burgman 125 reinava absoluto, aproximadamente 10 mil unidades do modelo foram emplacadas no ano. Inexplicavelmente, a Suzuki se retirou desse nicho de mercado, que abriu sozinha.
Desde os modelos menores e de entrada até os modelos maiores, mais capacitados e sofisticados, os fabricantes vêm investindo cada vez mais em novos projetos e tecnologias para melhorar a performance destes práticos veículos.
No Brasil, a briga dos principais modelos de entrada de 125 cc se trava entre o Honda Elite 125, o Yamaha Neo 125, o Haojue Lindy 125 e o retrô Dafra Fiddle III 125, os dois últimos ainda alimentados via carburador. Logo acima ficam o Honda SH 150i, o Honda PCX 150 reestilizado, o Yamaha NMax 160 e o Dafra Cityclass 200.
A categoria dos scooters médios tem modelos entre 300 cc e 400 cc de cilindrada e no Brasil são representados pelo
consagrado Dafra Citycom S 300i, pelo Honda SH 300i e pelos ainda menos conhecidos Kymco Downtow 300i, Kymco People GTI 300 e Dafra Sym Maxsym 400i. No segmento Premium temos o novo, exclusivo e caro Honda X-ADV 750, o primeiro scooter on off-road do mundo. O Yamaha T-Max 510 e o BMW C 650 foram descontinuados das terras tupiniquins. A Suzuki segue com o Burgman 650 Executive.
Avaliamos aqui os dois modelos de média cilindrada mais vendidos e consagrados pelos usuários brasileiros, o popular Dafra Citycom S 300I ABS, que custa R$ 21.290,00, adorado e famoso pela confiabilidade mecânica e baixa manutenção; e o Honda SH 300i, lançado em 2016 com a difícil missão de dominar o segmento, apresentando a proposta de um veículo mais elegante e sofisticado, bem como uma mecânica confiável e de alto desempenho. O foco é o cidadão acima de trinta anos que já tem um bom carro e uma boa estabilidade financeira, afinal o Honda SH 300i custa R$ 23.590,00.
Acredite, a economia de tempo ao driblar o trânsito caótico das grandes metrópoles e com combustível farão valer a pena cada centavo investido nessas máquinas.
O Dafra Sym Citycom é um velho conhecido das ruas e estradas brasileiras. Surgiu por volta de 2012 para revolucionar o mercado com a proposta de maior potência e conforto por um preço justo, frente aos pequenos modelos disponíveis até então na época.
O porte avantajado e o motor de 300 cc de cilindrada eram o grande destaque deste modelo fabricado pela taiwanesa Sym e montado pela Dafra em Manaus, e o preço o tornava bastante atrativo para o consumidor que procurava um veículo exclusivo para mobilidade sem abrir mão de alguma potência e desempenho, além de porte e status.
O motor do Dafra Citycom S 300i é um monocilindro refrigerado a água com comando de válvulas único no cabeçote e injeção eletrônica de combustível, capaz de entregar 27,8
DAFRA SYM CITYCOM 300i
cv de potência a 7.750 rpm e torque máximo de 2,8 kgf.m a 6.500 rpm. Essa potência e torque são muito bem aproveitados pelo câmbio de relações variáveis do tipo CVT.
O motor é bem responsivo e circula muito bem em meio ao trânsito, com arrancadas fortes nos semáforos e fôlego de sobra para ultrapassagens. Na estrada, a velocidade máxima fica na casa dos 140 km/h, limitados pela ignição eletrônica. Seu desempenho é muito bom e parece até uma motocicleta de maior cilindrada, porque sua desenvoltura vigorosa encara qualquer situação. Basta acelerar que ele responde fortemente. Mesmo na estrada, rodando a 100 km/h, é só acelerar para ultrapassar que o Citycom S 300i ainda tem fôlego e permite ultrapassagens com segurança.
A média de consumo fica na casa dos 30 km/l então é possível rodar por volta de 300 km na cidade com o tanque de combustível de 10 litros.
Para suportar o forte e pesado motor, um chassis reforçado agrega todos os acessórios com firmeza, ampliando o desempenho e a estabilidade. O chassis é de aço tubular e conta com uma trave dupla na parte inferior para reforçar a estrutura e evitar torções indevidas.
A estabilidade é satisfatória e bem equilibrada, ele vai bem assentado no chão, mas como todos os scooters, não gosta e não vai bem na buraqueira, porque as suspensões tem pouco curso e progressividade. No bom asfalto, as rodas de 16 polegadas colaboram para maior estabilidade e conforto ao rodar.
As suspensões são convencionais, com a frente equipada com garfo telescópico hidráulico, sem regulagens, e a traseira equipada com dois amortecedores, com regulagem da pré-carga da mola. O Citycom S 300i segue no trilho e sem
balanços mesmo em uma tocada radical. Cheguei a atacar curvas com bastante radicalidade e ele se apresentou perfeitamente, sem balanços ou escapada da trajetória. A posição de pilotagem é correta, mas limitada para pilotos com mais de 1,75 m de altura. O assento é amplo e confortável , mas o ressalto para apoio lombar não permite que se busque uma posição mais para trás. Os pés também não encontram muitas opções, porque o assoalho é pequeno. Destaque para o grande escudo frontal que protege o piloto da sujeira e pedriscos que os veículos levantam ao circular, bem como das intempéries mais severas de chuva, frio e ventos fortes na estrada.
O sistema de freios conta com disco simples na dianteira e na traseira, equipados com sistema eletrônico ABS que garantem freadas bastante seguras, principalmente nos dias de chuva. Os freios se mostraram perfeitos em quaisquer situações e não mostraram fadiga mesmo depois de encarar uma serra com os freios acionados praticamente o tempo todo na sinuosa descida.
O visual do Dafra Citycom S 300i ainda agrada apesar da idade, mas um face lift já seria bem-vindo para a próxima versão. Ele não é esportivo e também não é tão careta, mas já mostra cansaço e uma certa defasagem da modernidade. É funcional, com linhas bem encaixadas, enorme lanterna de LED traseira e um grande farol duplo na dianteira. O painel é simples, amplo e de fácil visualização, mas o contagiros me parece estranho e desnecessário para um veiculo sem marchas. Um computador de bordo com informações em tempo real sobre consumo e autonomia seria bem mais útil. O Citycom S 300i dispõe de porta luvas no escudo frontal e um vasto porta objetos embaixo do assento com capacidade para um capacete fechado. Uma tomada 12 V ajuda a carregar seus dispositivos durante o percurso.
O Honda SH 300i é o caçula do segmento e chega trazendo maior sofisticação e modernidade. Tem um visual mais
careta, cheio de cromados, e tem o foco realmente voltado para quem procura seu primeiro veículo de duas rodas para facilitar a rotina diária, sem abrir mão de conforto e requinte.
Mas não se engane, pois o desempenho do Honda SH 300i é excelente tanto na cidade quanto na estrada, onde alcança velocidade acima de 140 km/h numa boa, também limitada pela eletrônica.
O motor do SH 300i é um monocilindro refrigerado a água com injeção eletrônica que entrega potência de 25,9 cv a 7.500 rpm e torque máximo de 2,70 kgf.m a 5.500 rpm.
O câmbio CVT faz com que o motor trabalhe sempre na melhor faixa de rotações para aproveitar o torque com a máxima eficiência. As respostas são imediatas e quando se acelera o máximo ele se apresenta com ímpeto e ganha velocidade bem rapidinho.
O consumo deste motor é o xeque-mate frente aos concorrentes, com médias de 40 km/l na cidade respeitando os limites da lei e sem aceleradas bruscas. Rodando bem sossegado na cidade e só na pontinha do acelerador cheguei a ver 60 km/l no computador de bordo do belo e completo painel digital. O tanque de combustível comporta 9,1 litros, então você pode rodar no mínimo 350 km dentro da cidade. Na estrada, a 120 km/h, a média caiu para ainda satisfatórios 30 km/l. A velocidade máxima fica limitada em 145 km/h.
O chassis do SH 300i é reforçado com dupla trave na parte inferior e se mostrou bem firme mesmo nas condições em que abusei um pouco de suas capacidades, atacando curvas de alta velocidade e arriscando manobras bem ousadas em baixa. As rodas de dezesseis polegadas ajudam no conforto e na estabilidade, ainda mais calçadas com os bons pneus Metzeler FeelFree de perfil esportivo. O assoalho do Honda SH 300i é plano e facilita a vida ao embarcar na máquina, mas o espaço para os pés é limitado, principalmente para os altos.
As suspensões agradaram, mas como todo scooter sofrem pela pouca eficiência e progressividade, causadas pelo pouco curso. A dianteira usa um garfo hidráulico convencional e a traseira utiliza dois amortecedores com mola progressiva e reguláveis na pré-carga da mola sem o uso de ferramentas, apenas com um movimento com as próprias mãos.
O Honda SH 300i vem equipado com ABS de série para auxiliar os discos dianteiro e traseiro. Os freios são bem potentes, suficientes para a proposta urbana do scooter médio.
BOLETIM SH 8,8
O Honda SH 300i tem um rodar macio, é ágil e fácil de pilotar, mas em meio ao trânsito, exige um pouco mais de perícia do piloto, por conta do tamanho e do peso de 173 kg abastecido. Os scooters médios são ágeis, mas tem suas limitações, afinal sua proposta é passear com conforto.
O assento é amplo e macio, a ergonomia é bem ereta, mas limitada pelo encosto lombar, não permitindo que os mais altos encontrem uma posição mais para trás do guidão. O para-brisa dianteiro é muito incômodo. Ele fica instalado inconvenientemente próximo do piloto, atrapalhando não só na hora de embarcar, mas também ao circular pela cidade, onde chegua-se a bater frequentemente o capacete ao passar por lombadas um pouco mais rápido. É preciso respeitar seus limites e sua tocada, então convém passar bem devagar nas lombadas, contornando-as, para não ter a desagradável surpresa de tomar um tapa na viseira.
Outra situação desagradável causada pelo equipamento (felismente é removível. O SH 300i já traz de série peças que dão acabamento para a retirada do para-brisa) é durante a noite e sob chuva. O farol dos carros em sentido contrário amplia a luz em cada pingo de chuva do para-brisa, deixando o piloto praticamente cego. O para brisas do Citycom S 300i é mais baixo e permite olhar por cima –e não através– dele.
O acabamento do Honda SH 300i é muito caprichado e é acima da média para a categoria. Frisos cromados dão um ar de sofisticação e elegância, o grande grupo ótico dianteiro é totalmente em LEDs e conta com luz de posição diurna, além de um lindo farol duplo sobreposto com um emblema SH cromado por dentro. Luxo real.
A ampla lanterna traseira em LED conta com setas embutidas, com lâmpadas convencionais.
Item de maior sofisticação é a chave por presença Smart Key da Honda. Há também uma tomada 12V para carregar equipamentos eletrônicos durante a viagem.
A disputa é acirrada, os dois produtos são extremamente competentes e entregam o que prometem. A grande questão fica por conta do design, do preço e da paixão pela marca, porque o desempenho dos dois modelos é bem semelhante. O Dafra Citycom S 300i atende um público mais amplo e despojado e que não abre mão do desempenho. O Honda SH 300i foi feito para os iniciantes em motociclismo e que não abrem não do requinte.
BOLETIM SYM 8,7