Moto Premium

A HONDA CB 1000R INAUGURA O ESTILO NSC

A nova Neo Sports Café vem com desempenho de superbike e manobrabil­idade ideal para uso diário

- POR EDUARDO VIOTTI

UMA HONDA APAIXONANT­E E VELOZ

AHonda parece ter retomado o caminho da emoção, mais de uma década depois do susto da queda da bolsa de Nova York em 2008. Ali, a empresa assumiu uma postura conservado­ra e uma linha de produtos práticos, racionais, econômicos e equilibrad­os. Muito compartilh­amento de componente­s entre motos e até entre motos e automóveis, criativas soluções industriai­s para redução de custos etc. O caminho mostrou-se acertado e a empresa se manteve saudável financeira­mente. Mas algumas de suas motos perderam algo de apelo emocional, paixão etc. A nova linha de nakeds, sob a égide do conceito Neo Sports Café, retoma plenamente esse apelo subjetivo.

A primeira NSC a chegar é a espetacula­r Honda CB 1000R. Deve ser seguida ainda este ano pela CB 650R também na mesma linha de design, já lançada no exterior. Ao conrário do que a menção aos cafés londrinos dos anos 60 sugere, a moto não tem nada de retrô. Só no conceito…

A CB 1000R que avaliamos faz jus ao R do sobrenome, com uma pitada de Racing na pilotagem. A moto é extremamen­te equilibrad­a, segura e competente, com uma tocada alegre e divertida. Dá para andar muito forte com ela, quase tanto quanto com uma superbike, mas também dá para usá-la com economia no transporte diário.

O guidão à meia altura é largo (78 cm) e proporcion­a uma pegada firme e total controle da frente. Toda a ciclística

Compacta e leve, tem a agilidade e o comportame­nto dinâmico como pontos altos

do modelo pareceu muito bem acertada, pelo menos nas viagens que fizemos.

O compacto chassi é de aço –o alumínio não voltou– com uma viga central superior de seção retangular e baixo peso. Finos tubos treliçados e placas de alumínio parafusada­s completam o quadro, que usa o motor como elemento integrante da estrutura. A balança traseira é monobraço, de liga de alumínio e envolve a corrente de transmissã­o. Deixa à mostra a bonita roda de liga com cinco raios em formato de ípsilon –e facilita sua retirada para eventual manutenção.

A moto é compacta, pequena até, o que é uma tendência e uma desejada qualidade: é mais fácil de manobrar na

cidade, em baixas velocidade­s e nas situações de paradas. O peso é de 199 km a seco. Com todos os líquidos a bordo, incluindo os 16,1 litros de capacidade do tanque, mais óleo e fluidos, deve chegar a cerca de 220 quilos, sem carga. Ótimo para uma “mil” de quatro cilindros.

As suspensões são atuais e muito eficientes, da marca Showa, ligada ao grupo Honda. Dianteira e traseira são multirregu­láveis em pré-carga (compressão) e retorno do amortecedo­r. Garfo com bengalas invertidas de bom diâmetro na dianteira e monoamorte­cedor atrás, com links para a desmultipl­icação do movimento. O garfo é assimétric­o, ou seja, cada bengala tem uma função: uma delas é o

amortecedo­r hidráulico com regulagem de compressão e retorno. A outra contém a mola espiral interna, que permite regulagem milimétric­a de pré-carga.

O conjunto de suspensão tem um compromiss­o muito próximo do ideal entre esportivid­ade e conforto. Uma vez ajustado ao peso do piloto (e eventual garupa ou carga) e ao seu estilo de tocada, a pilotagem fica mais precisa.

Bem , por falar em garupa e carga, o estilo da traseira não privilegia essas duas situações. A rabeta elevada é elegante e esportiva, mas o espaço que oferece é exíguo –para amarrar mochilas é quase zero.

O para-lama –no caso a parte inferior do sub-chassi, sob o banco– é complement­ado por um secundário, ao estilo “raspador”, junto à roda traseira. Essa solução está de moda. Viajamos horas e horas sob chuva e devo dizer que me surpreendi, pois efetivamen­te não sobe aquele spray levantado pelo pneu, que suja as costas… Funciona mesmo.

MOTOR E ELETRÔNICA

O inline four da CB 1000R é completame­nte delicioso, se é que se pode falar assim. Com 141,4 cv de potência a 10.500 rpm, esbanja força e disposição já a partir de regimes muito abaixo disso. Ele vai mais ou menos econômico e ponderado até as 5.500 rpm. Daí para cima, vira o bicho, até atingir a entrega máxima de torque aos 8.000 giros.

Esse motor equipou a Fireblade na versão que esteve à venda no Brasil até 2011. Tem dois eixos-comando para 16 válvulas, no cabeçote. O tertracilí­ndrico é alimentado por

quatro corpos de borboleta de 44 mm de diâmetro, comandados por um acelerador sem cabos, eletrônico, que possibilit­a a escolha entre quatro modos de pilotagem, um para uso esportivo, bem agressivo; outro para uso urbano/estrada e um para a chuva, quando o controle de tração e o ABS ficam mais intrusivos, e a potência chega mais delicadame­nte à roda. O quarto modo, User, ou usuário, é customizáv­el. Você pode escolher como deseja pilotar, controland­o nível de potência, freio-motor e controle de tração (que pode ser desativado para uso em pistas de competição). A shift light, que indica a hora da troca de marcha, também é ajustável.

O câmbio é padrão da marca, com engates firmes, macios e precisos e escaloname­nto adequado, sem perda de rotação excessiva entre as marchas ou a necessidad­e de “queimar ” embreagem em saídas. A embreagem hidráulica é deslizante. Você pode reduzir bruscament­e e “enfiar” marchas para baixo com energia, em uma entrada de curva, por exemplo, que a roda não trava. Na pista, vira tempo.

O painel é TFT colorido, com um conta-giros digital de leitura analógica, ou seja, o cristal líquido simula um ponteiro em movimento sobre a escala semicircul­ar. É supercompl­eto: indica marcha em uso, nível do tanque, autonomia restante, consumo médio e instantâne­o, nível de potência, freio-motor e controle de tração, relógio e termômetro­s para a temperatur­a ambiente e do líquido do radiador.

A moto é linda. Sua construção evita plásticos e privilegia o metal: fantástica ideia. Até o tanque de metal tem soldas aparentes. Custa R$ 58.690,00, mais frete.

BOLETIM 9,5

 ??  ?? Farol redondo, poucas carenagens, mecânica exposta: moto com
“cara” de moto
Farol redondo, poucas carenagens, mecânica exposta: moto com “cara” de moto
 ??  ?? Os pneus Bridgeston­e Battlax permitem boa aderência e as suspensões, modernas e multirregu­láveis, asseguram ótimo contato com o piso
Os pneus Bridgeston­e Battlax permitem boa aderência e as suspensões, modernas e multirregu­láveis, asseguram ótimo contato com o piso
 ??  ?? Quatro-em-linha DOHC moderno: 141,4 cv a 10.500 rpm
Quatro-em-linha DOHC moderno: 141,4 cv a 10.500 rpm
 ??  ?? O conjunto ciclístico permite curvas de raspar as pedaleiras Guidão cônico de alumínio de boa largura: pegada firme
O conjunto ciclístico permite curvas de raspar as pedaleiras Guidão cônico de alumínio de boa largura: pegada firme
 ??  ?? Luzes full-LED, com anel azulado diurno no farol redondo
Luzes full-LED, com anel azulado diurno no farol redondo
 ??  ?? Mesmo sob chuva intensa, segurança no modo Rain: ABS e controle de tração ativos
Mesmo sob chuva intensa, segurança no modo Rain: ABS e controle de tração ativos
 ??  ?? Na chuva: segurança, com controle eletrônico
na tração e nos freios
Na chuva: segurança, com controle eletrônico na tração e nos freios
 ??  ?? Ponteiras diferentes para alta e baixa pressão: belo ronco
Ponteiras diferentes para alta e baixa pressão: belo ronco
 ??  ?? Monobraço traseiro destaca roda de 5 raios em Y; escape tem ponteira dupla sobreposta
Monobraço traseiro destaca roda de 5 raios em Y; escape tem ponteira dupla sobreposta
 ??  ?? Painel colorido TFT: velocímetr­o, conta-giros, marchas, combustíve­l, relógio, temperatur­a externa e do motor, computador e 4 modos de pilotagem
Painel colorido TFT: velocímetr­o, conta-giros, marchas, combustíve­l, relógio, temperatur­a externa e do motor, computador e 4 modos de pilotagem
 ??  ?? Banco bipartido a 83 cm do solo é confortáve­l e tem abertura da traseira com chave
Banco bipartido a 83 cm do solo é confortáve­l e tem abertura da traseira com chave
 ??  ?? Monobraço traseiro de alumínio envolve a corrente
Monobraço traseiro de alumínio envolve a corrente
 ??  ?? Monobraço expõe a bonita roda; o escape 4x2 tem 4 catalisado­res e um ronco de superespor­tiva depois das 5.500 rpm
Monobraço expõe a bonita roda; o escape 4x2 tem 4 catalisado­res e um ronco de superespor­tiva depois das 5.500 rpm
 ??  ?? Discos flutuantes de 310 mm e pinças radiais de 4 pistões
Discos flutuantes de 310 mm e pinças radiais de 4 pistões
 ??  ?? Duplo comando, 16 válvulas: alto torque em baixas e médias
Duplo comando, 16 válvulas: alto torque em baixas e médias
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