Moto Premium

A HONDA GOLD WING ESTÁ MAIS LINDA, LEVE E SOLTA

A touring chega renovada e com toda a tecnologia disponível para oferecer o máximo de conforto

- POR ALEXANDRE NOGUEIRA

A RAINHA DAS ESTRADAS VOLTOU

Desde seu lançamento, em outubro de 1974, no Salão de Colônia, Alemanha, a Honda GL Gold Wing causa furor aos amantes do mototurism­o, principalm­ente nos mercados americano, europeu e australian­o, nos quais conquistou enorme legião de fãs.

As “asas douradas” aportaram no Brasil em 1975, movidas por um então inédito motor boxer de quatro cilindros contrapost­os e 999 cc de deslocamen­to. Esse modelo, GL 1000, foi produzido até 1979. No ano seguinte surgia a GL 1100 e, em 1984, a GL 1200, todas com motor de quatro cilindros opostos. Apenas em 1988 foi lançada a Gold Wing GL 1500 Series, primeira versão equipada com o motor boxer de seis cilindros, então com 1.520 cc de cilindrada.

Em 2001 chegou a GL 1800 com o motor de 1.823 cc de cilindrada equipado com injeção eletrônica e chassi de alumínio. Desde então, ela sofreu apenas alterações no visual e nos equipament­os, adotando sempre a última palavra em tecnologia disponível no momento. Até agora…

A espera de 17 anos valeu a pena. A Honda acaba de

trazer ao Brasil a nova geração da Gold Wing, totalmente renovada, menor, mais leve e mais potente. Foram concedidas noventa patentes à Honda para o desenvolvi­mento desta nova geração da Gold Wing. O objetivo do engenheiro Yutaka Nakanishi, líder do projeto, foi construir uma motociclet­a de alto luxo com toda a tecnologia de ponta da atualidade –mas também possível de ser utilizada no dia-a-dia.

A Honda Gold Wing está 37 kg mais leve na versão Tour completa com os três baús e 48 kg mais leve nesta versão STD aqui avaliada, que tem apenas malas laterais, ao estilo bagger, muito em voga nos EUA –e aqui também.

O novo motor rende 10 cv a mais de potência, entregues pelo câmbio de sete velocidade­s de dupla embreagem DCT que equipa apenas a versão Tour. A versão que testamos tem câmbio convencion­al de seis marchas, de engates macios e precisos. Aqui na Redação, preferimos o câmbio manual ao “automático”. A transmissã­o final de ambas é por eixo cardã, livre de trancos, ruídos e com intervalos de manutenção bem espaçados, certamente apenas preventiva.

Uma verdadeira revolução é a nova suspensão dianteira de inspiração automobilí­stica, com sistema de duplo A, ou double wishbone (wishbone é o ossinho da sorte do frango, aquele fininho, em formato de V). A nova suspensão frontal tem amortecedo­r único em lugar do garfo telescópic­o.

O sistema utiliza duas bandejas, uma superior e uma inferior, com um monoamorte­cedor central, proporcion­ando maior leveza no guidão e maior espaço para a instalação de acessórios eletrônico­s. É um belo projeto de engenharia, mas também é o reconhecim­ento um pouco acabrunhad­o à engenharia da alemã BMW, que adotou sistema muito semelhante mais de uma década antes.

Tudo está escondido em uma nova roupagem, mais estreita e aerodinâmi­ca, que comporta a mais recente tecnologia de iluminação em LED na dianteira e na traseira, o que fortalece a identidade desta legítima tourer.

A GL 1800 é a única japonesa respeitada pelos famigerado­s Hell Angels, o mais sinistro motoclube do mundo. Se aparecer montado em algo que não seja Harley-Davidson

ou Indian, prepare-se para confusão. Com a única exceção da Gold Wing. Nesse caso, quanto mais velha, melhor…

LIFE IS GOOD

Passei uma semana em poder de uma Honda Gold Wing. Você pode não acreditar, mas foi a melhor experiênci­a que tive sobre duas rodas em toda a minha vida.

Eu simplesmen­te não conseguia parar de andar na motociclet­a. Usei-a para as correrias básicas do dia-a-dia, como ir ao supermerca­do, banco e por diversas vezes arrumava motivo para ter que sair e rodar com ela.

Posso jurar que tive insônia e até de madrugada saí para passear, com o argumento que iria testar os faróis na rodovia. Minha esposa achou que eu havia enlouqueci­do de vez! Parecia uma criança com a primeira bicicleta.

Ao montar na motociclet­a, quando fui retirá-la na sede da Honda em São Paulo, já senti logo de cara a leveza. Ao sair, senti a diferença do funcioname­nto da nova frente, e nos primeiros quilômetro­s achei ela um tanto estranha e com a impressão de “cabeçuda”. Muito alta, parecia uma frente alta como das motociclet­as de supercross. Rumo à estrada, em poucos quilômetro­s já tinha me acostumado –e aquela estranha impressão tinha ido embora. Quanto mais rodava com ela, mais confiança fui adquirindo.

A nova suspensão proporcion­a melhor qualidade de condução, bem como maior controle e precisão nas curvas, atuando efetivamen­te de forma separada da direção e da frenagem, e transmitin­do muita segurança ao atacar curvas em quaisquer situações, seja de baixa ou alta velocidade.

A nova geometria do chassi de alumínio de dupla trave foi pensada exatamente para atuar com a nova suspensão dianteira e por isso a nova Gold Wing é mais ágil e tem maior estabilida­de em todas as condições.

A suspensão traseira também foi reprojetad­a e agora utiliza um monobraço Pro-Arm conectado ao sistema Pro-Link, favorecend­o não só a performanc­e, com uma atuação

A versão bagger, sem o top case, é quase 50 kg mais leve que a anterior

mais progressiv­a que fornece maior estabilida­de e conforto, mas também facilita a manutenção e melhora o design. A suspensão tem quatro opções de ajustes: só piloto; piloto e bagagem; piloto e garupa; piloto, garupa e bagagem, tudo por meio de comandos eletrônico­s no punho esquerdo.

O novo motor de seis cilindros (sempre contrapost­os tipo boxer) adota novos cabeçotes Unicam com um único comando para acionar as quatro válvulas de cada cilindro. Com 1.833 cc de cilindrada, rende 126 cv frente aos 118 cv da geração anterior, e disponibil­iza um torque máximo de 17,34 kgf.m ante os 17 kgf.m de antes. Também está 6,2 kg mais leve e 33,5 mm mais curto, o que colaborou para o emagrecime­nto do conjunto.

A esta nova geração da Honda Gold Wing chega o moderno câmbio de dupla embreagem DCT de sete velocidade­s, que pode ser usado plenamente no modo automático ou pode ter as marchas selecionad­as através dos botões do punho esquerdo do guidão. O DCT oferece o Walking Mode, que movimenta a motociclet­a bem devagarzin­ho: para frente a 1,8 km/h e para trás a 1,2 km/h, para auxiliar nas manobras de estacionam­ento. Boa ideia. A versão STD tem apenas a opção de marcha a ré, elétrica.

Um acelerador eletrônico disponibil­iza quatro modos de pilotagem: Tour, Rain, Sport e Econ, alterando não só as respostas ao acelerador, mas também as suspensões.

O modo Sport proporcion­a respostas mais nítidas do acelerador e enrijece as suspensões, para uma tocada mais esportiva. Achei o modo Sport um tanto agressivo… Ro

dei na cidade, a maior parte do tempo no modo Econ, que proporcion­a economia de combustíve­l. Na estrada, usei o modo Tour, mais que suficiente para devorar centenas de quilômetro­s até esvaziar o tanque de 20 litros.

A posição de pilotagem é excelente. O guidão está mais próximo ao piloto do que o da geração anterior e o cockpit me deu a impressão de maior espaço para o piloto.

O sistema de freios é combinado, com ABS de última geração distribuin­do a força de frenagem nas duas rodas, também de acordo com o modo de pilotagem escolhido. Na dianteira, discos de 320 mm fazem parceria com pinças de seis pistões contrapost­os e na traseira um único disco é mordido por uma pinça deslizante de três pistões.

A Honda Gold Wing utiliza rodas de liga leve, sendo a dianteira de 18 polegadas, calçada com pneu 130/70 e a traseira de 16 polegadas, com pneu 200/55, garantindo segurança mesmo quando as inclinaçõe­s chegam no limite.

No cockpit, se destaca o belo painel com dois mostradore­s analógicos e a tela TFT colorida de 7 polegadas com todas as informaçõe­s dos sistemas de áudio, navegação, controle de tração, dos modos de pilotagem, regulagens de suspensão e piloto automático. Há também porta USB e conexão Bluetooth para agregar periférico­s eletrônico­s. O para-brisa tem acionament­o elétrico através de botão no punho esquerdo e protege bem.

A Gold Wing custa R$ 136.550,00 na versão sem top case que avaliamos, e R$ 156.550,00 na versão Tour, com DCT e poltrona para o garupa. Prefira se for casado…

BOLETIM 9,7

 ??  ??
 ??  ?? Aerodinâmi­ca calculada em túnel
de vento: menos turbulênci­a e arrasto
–mais conforto
Aerodinâmi­ca calculada em túnel de vento: menos turbulênci­a e arrasto –mais conforto
 ??  ?? A GL tem assistênci­a para sair em subidas, impedindo que volte para trás
A GL tem assistênci­a para sair em subidas, impedindo que volte para trás
 ??  ?? Piscas nos retrovisor­es e iluminação full LED: segurança
Piscas nos retrovisor­es e iluminação full LED: segurança
 ??  ?? Estabilida­de superior, com suspensões reguláveis eletrônica­mente
Estabilida­de superior, com suspensões reguláveis eletrônica­mente
 ??  ?? Lanternas traseiras reproduzem a forma das asas
Lanternas traseiras reproduzem a forma das asas
 ??  ?? Painel completo, com Apple Carplay, som e computador
Painel completo, com Apple Carplay, som e computador
 ??  ?? Motor novo: boxer 6, com 126 cv e 17,3 “quilos” de torque
Motor novo: boxer 6, com 126 cv e 17,3 “quilos” de torque
 ??  ?? Sistema de suspensão elimina bengalas do visual frontal
Sistema de suspensão elimina bengalas do visual frontal
 ??  ?? Design elegante e retilíneo na traseira, evocando asas
Design elegante e retilíneo na traseira, evocando asas
 ??  ?? Malas laterais têm alguma capacidade de bagagem
Malas laterais têm alguma capacidade de bagagem
 ??  ?? Freios duplos de grande diâmetro, com pinças radiais
Freios duplos de grande diâmetro, com pinças radiais
 ??  ?? Botões e joystick sobre o tanque e muitos porta-objetos
Botões e joystick sobre o tanque e muitos porta-objetos
 ??  ?? Cockpit ergonômico: assento a apenas 74,5 cm de altura
Cockpit ergonômico: assento a apenas 74,5 cm de altura
 ??  ?? Banco confortáve­l para piloto e garupa, mesmo na bagger
Banco confortáve­l para piloto e garupa, mesmo na bagger
 ??  ?? Chave presencial é um objeto mito bem acabado e fino
Chave presencial é um objeto mito bem acabado e fino
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil