A TRIUMPH TIGER 1200 XCx É UM BLINDADO INGLÊS
Com uma aprência meio militar, a supertrail britânica é conjunto muito equilibrado on e off road
MOTOR TRICILÍNDRICO ARREPIA
Sou fã incondicional de motocicletas desde criancinha, sempre ligado na motovelocidade e ávido por máquinas espertas e atrevidas. Só que, depois de conhecer a fundo o segmento das big trail, tenho me encantado cada vez mais por essas motocicletas guerreiras, com espírito de aventura e a voragem das estradas.
Não poderia ser diferente com a linha Tiger da inglesa Triumph, caracterizadas pelo motor de três cilindros em linha e conforto de sobra para enfrentar qualquer desafio.
Esta é a terceira geração dessa aventureira de alta cilindrada. Ela chega rebatizada como Tiger 1200, em lugar de Explorer 1200, seu nome anterior. A primeira Tiger de 1.200 cc foi lançada em 2011 e viveu até 2015. A segunda geração foi vendida entre 2016 e 2017.
A Triumph divide as Tiger 1200 em duas versões: a XR, com foco nas estradas asfaltadas, tem rodas fundidas em alumínio; a XC, com apelo off road, tem rodas raiadas. Cada um desses modelos tem versões de acabamemto, a saber: XRx, XRt, XCx e XCa. Há ainda uma versão de banco rebaixado, chamada XRx Low. Parece uma sopa de letrinhas,
mas é fácil entender. Os modelos XRt e XCa são os mais completos e equipados.
Todas as Tiger 1200 são equipadas com o mesmo motor de três cilindros em linha de 1.215 cc desde 2011, mas esta terceira geração, lançada em 2018, tem diferenças bastante significativas. O tricilíndrico foi todo reformulado. Com componentes mais eficientes, tornou-se o mais potente motor com transmissão por eixo cardã da categoria, entregando 141 cv de potência máxima a 9.350 rpm.
O sistema de escapamento foi redimensionado, assim como o sistema eletrônico de alimentação. A entrega de potência é instantânea. O novo motor entrega o torque máximo de 9,2 kgf.m a 7.700 rpm, um pouco além dos 6.200 rpm nos quais a versão anterior chegava ao pico de força. Mas a curva de torque é perceptivelmente mais linear no novo projeto, sem picos esbravejantes.
Os modelos topo de linha dispõem de câmbio de seis marchas com quick shifter Triumph Shift Assist, sistema que dispensa a embreagem na troca de marchas e funciona muito precisamente. Aliado ao eixo cardã, proporciona
A postura de pilotagem é ideal para longas viagens, com as costas eretas e pernas em 90 graus
suavidade de funcionamento, livre de trancos e solavancos nas trocas de marchas. A embreagem conta com molas para absorver o impacto nas mudanças e em desacelerações bruscas. Ao rodar com a Triumph Tiger 1200, nota-se logo a maciez e a suavidade no funcionamento do conjunto: a motocicleta parece deslizar na estrada. Caminho suave.
A alta tecnologia e a eletrônica embarcada atuam nos mínimos detalhes para otimizar a performance da máquina e também para regalar o máximo de conforto em qualquer condição de uso. Todas as configurações eletrônicas são acessadas pelo joystick no punho esquerdo, tais como os modos de pilotagem, os ajustes das suspensões, as funções do computador de bordo e até o para-brisa, que tem acionamento elétrico através de um simples toque no botão.
As versões de entrada XR e XC têm disponíveis os modos de pilotagem road, rain, sport e rider. A XCx testada tem ainda os modos off road e off road pro. No modo off road o controle de tração atua pouco, permitindo derrapagens controladas. O modo off road pro praticamente desliga o controle de tração e o ABS e é mais adequado para pilotos com experiência de pilotagem no fora de estrada severo.
Todas as informações são visualizadas num belo painel TFT multicolorido de cinco polegadas, com ângulo ajustável (para evitar reflexos indesejados). Os comutadores dos punhos são retro-iluminados e de design ergonômico. Os comandos são em geral bastante intuitivos para facilitar a
vida de quem pilota. Vale a pena estudar o manual do proprietário e descobrir como aplicar toda a tecnologia eletrônica da motocicleta a seu favor, tornando a pilotagem mais prazerosa em todas as situações e ambientes.
CHASSI
O chassi de treliça aparente é marca registrada da Triumph. O motor faz parte da estrutura e os agregados de suspensão fazem um ótimo trabalho tanto nas versões básicas quanto nas versões top de linha, que vêm equipadas com suspensões eletrônicas semiativas. O chassi é bem rígido e, aliado às ótimas suspensões, faz da Tiger 1200 uma motocicleta multiuso perfeita para rodar no asfalto esportivamente ou a passeio, bem como em estradas de terra ou no famoso rípio em direção a Patagônia.
Com um simples toque no joystick você acessa a regulagem eletrônica das suspensões WP. No painel surge uma escala de barras que vai desde o modo conforto, passando pelo modo normal até o modo esporte. No modo conforto a motocicleta realmente fica macia e confortável, mas alguns balanços em curvas de alta podem surgir. No modo esporte, a diferença é perceptível ao rodar em altas velocidades e atacar curvas, sem qualquer balanço ou fuga da trajetória.
A balança traseira monobraço é de alumínio e comporta o eixo de transmissão. A Tiger 1200 se enquadra perfeitamente à tocada de pilotos iniciantes ou mais calmos e tam
bém aceita bem os avanços dos pilotos mais atrevidos.
O sistema de freios integrado segue a receita convencional, com dois discos flutuantes de 305 mm casados com pinças Brembo monobloco de fixação radial de quatro pistões contrapostos na dianteira. Na traseira, disco simples com pinça deslizante de dois pistões da Nissin, ambos com ABS comutável. As frenagens são bem potentes e moduláveis. É só aplicar a força correspondente na alavanca do freio que a Tiger 1200 diminui a velocidade rapidamemente e com muita segurança, imobilizando-se em espaços relativamente curtos para o tamanho da motocicleta. Afinal, são mais de 260 kg em ordem de marcha, fora o piloto, garupa, malas e tudo o que você carregar na sua viagem.
A Triumph Tiger 1200 XCx que testamos está equipada com rodas raiadas, aros de alumínio preto e raios super-reforçados, apropriados para as estradas de terra. Na dianteira, um aro de dezenove polegadas supera melhor a buraqueira. As rodas vêm equipadas com excelentes pneus sem câmara Metzeler Tourance. Para uma atividade off road mais intensa, a Triumph tem disponíveis os pneus Pirelli Scorpion.
A ergonomia também foi aprimorada, com o guidão mais próximo ao piloto e novo assento, medidas que melhoram significativamente o controle da motocicleta, tanto no asfalto como no off road, quando se pilota em pé nas pedaleiras. A posição de pilotagem é confortável e natural, com postura ereta e pernas pouco flexionadas para trás. Em
pé, o encaixe no tanque é perfeito e a altura do guidão colabora para que o piloto fique numa posição bem ereta e com total domínio da motocicleta. A altura do assento é regulável em até 20 mm para oferecer mais conforto ao rodar e segurança nas manobras de estacionamento.
Os faróis são equipados com novas lâmpadas de LED, luz de posição diurna e sistema dinâmico que aumenta a luminosidade conforme o ângulo de inclinação da motocicleta. Eu não percebi nenhuma diferença ao rodar durante a noite na serrinha sinuosa que leva até em casa, mas um aumento de luminosidade a noite é sempre bem-vindo. A lanterna traseira e as setas também são em LED.
A nova geração da XCx está cinco quilos mais leve, apesar do conjunto mais equipado e com nível de acabamento mais detalhado e sofisticado, contribuindo para a boa manobrabilidade do conjunto. Assistente de ladeira, saída auxiliar de 12 volts e tomada USB completam o pacote.
O sistema de freios e o controle de tração são inteligentes e otimizados para curvas. As manoplas e os assentos aquecidos garantem a qualidade do passeio no inverno.
Os demais mimos de conforto como a ignição sem chave, piloto automático e o amplo para-brisa ajustável eletronicamente são um luxo e tornam a Tiger 1200 uma motocicleta difícil de superar em sua faixa de mercado. Os preços partem de R$ 60.700,00 para a versão XR, R$ 73.900,00 para a versão XCx e R$ 85.200,00 para a completa XCa.
BOLETIM 9,5