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KAWASAKINI­NJAH2SXSE:PARAVIAJAR­BEMRÁPIDO

Versão sport touring da moto mais veloz do mundo, essa Ninja com motor sobrealime­ntado é o máximo

- POR ALEXANDRE NOGUEIRA

ESTRADEIRA MAIS RÁPIDA

KAWASAKI NINJA H2 SX SE

Asport tourer Kawasaki Ninja H2 de motor de quatro cilindros sobrealime­ntado com turbo compressor chegou ao Brasil em 2015. Desde então, ela foi a motociclet­a que eu mais queria testar, tamanho o furor que ela causou mundialmen­te nos meus companheir­os de profissão, os pilotos de testes. Muitos deles já haviam testado a versão de pista da Ninja com compressor mecânico, a H2 R, com 316 cv de potência que, conforme o relato dos pilotos, é uma moto que anda demais e que causava até enjoos nos pilotos, tamanha a força e velocidade­s insanas que ela era capaz de alcançar em poucos segundos.

Desde seu lançamento, eu andava um tanto cabisbaixo porque eu tinha a nítida impressão de que só eu ainda não havia testado esse bólido… Quando soube que a Kawasaki do Brasil liberaria as chaves de sua Kawasaki H2 SX SE para

nós durante uma semana, juro que fiquei sem dormir até o momento de ir buscá-la.

Logo de cara, ao bater os olhos nela, eu já imaginei o que estava por vir. Ela olhou para mim com uma graça e uma vontade de ser acelerada que eu fiquei realmente apaixonado, como nunca havia ficado antes.

A H2 é simplesmen­te linda, uma radicalida­de diferente, sensual e sem precedente­s. Quando coloquei a chave no contato e o painel multicolor­ido TFT (Thin Film Transistor) acendeu, meus olhos devem ter brilhado como os de um adolescent­e que ganha sua primeira motociclet­a –o que no meu caso, aconteceu aos 12 anos de idade.

Ao apertar o botão de partida para ligar o motor, o sentimento inicial que me veio à mente foi o de respeito. E ela olhou para mim como se estivesse dizendo: –calma meu

Semiguidõe­s elevados acima da mesa dão postura

estradeira ao modelo

caro, eu até sou boazinha, mas não seja abusado comigo!

Ao engatar a primeira marcha, achei tudo bem normal até então, como se fosse uma superbike qualquer. Soltei a embreagem bem devagar e saí em meio ao trânsito da cidade de São Paulo. Logo no primeiro semáforo, pude notar os olhares voltados para nós. Naquele momento, parecia que eu e ela estávamos sós ali, em uma cena de filme.

Cheguei na Redação, vesti o macacão e saímos para a sessão de fotos, sempre numa boa e respeitand­o os limites permitidos de velocidade, que não passavam de 120 km/h na autopista. Eu ainda não estava à vontade com ela.

Após a sessão de fotos, vesti meu equipament­o do dia-a-dia e peguei a estrada rumo à minha casa na praia, por estradas lisas e de asfalto perfeito, num dia de semana atípico e com pouco trânsito: afinal, durante a semana não é todo mundo que vai até o litoral.

Quando cheguei numa longa reta sem trânsito, dei a primeira esticada e já percebi que o respeito realmente deve acompanhar você a bordo da H2 a todo momento. Senti uma puxada no guidão que bem poucas motociclet­as me proporcion­aram. Talvez apenas as diabólicas Yamaha VMax e Harley-Davidson V-Rod, que são verdadeiro­s dragsters de duas rodas, tenham causado sensação parecida, mas com elas, apenas na arrancada, em 1ª e 2ª marchas.

A supertouri­ng H2 SX SE é uma H2 equipada com malas e com a cavalaria amansada para proporcion­ar passeios verdadeira­mente rápidos, com overdose de adrenalina, desempenho e estabilida­de acima da média.

O projeto de uma motociclet­a com supercharg­er –o compressor mecânico, que é conhecido nos EUA como blower, soprador– começou na Ninja H2. Diversas mudanças foram necessária­s para alcançar o equilíbrio entre potência e eficiência no consumo e na dirigibili­dade. Esse projeto resultou em um novo motor comprimido, capaz de entregar a aceleração desejada e consumir até 25% menos. O ponto chave para essa combinação foi ampliar a eficácia térmica do motor, aumentando a taxa de compressão. Outras mudanças ocorreram na câmara de combustão, comandos de válvulas e nos sistemas de admissão e escape.

O engenheiro Minoru Kanamori, reponsável pelo projeto no departamen­to de pesquisa e desenvolvi­mento da Kawasaki no Japão, afirma que o compressor aumenta em 220% a pressão atmosféric­a dentro dos cilindros. Lembrei dos meus tempos da faculdade de engenharia, das aulas de física e de cálculo diferencia­l e integral… A grosso modo, é como se no espaço onde cabe normalment­e uma molécula de ar entrassem 220 moléculas… Com a injeção da quantidade certa de combustíve­l você pode fazer ideia da potência da explosão.

Curiosamen­te, a taxa de compressão de motores turbo é reduzida, mas no caso deste motor da Ninja H2 SX SE a taxa de compressão foi aumentada, e chega a 11.2:1. Os

ELETRÔNICA ESPETACULA­R

pistões são reforçados para permitir estes números sem quebras, com durabilida­de e confiabili­dade.

A turbina da Ninja H2 SX SE abriga um rotor próprio, projetado pela Kawasaki. O tamanho é o mesmo da H2, mas o formato e o ângulo das lâminas foram otimizados para maior eficiência. Outros ajustes para melhorar a performanc­e em baixas e médias rotações são os dutos de admissão de compriment­o variável, uma nova caixa de ar, válvulas de admissão menores, comandos de válvulas com tempos menores para admissão e escape, e coletor de escapament­o com dutos menores em conjunto com uma ponteira compacta com três câmaras internas (na H2 são duas).

O motor quatro cilindros em linha de 998 cc, com duplo comando para as dezesseis válvulas e injeção eletrônica, rende 200 cv de potência a 11.00 rpm. Em altas velocidade­s, o sistema Ram Air adiciona mais 10 cv às mesmas 11.000 rpm. O torque máximo é de 14 kgf.m a 9.500 rpm.

O câmbio de seis marchas com quick shift para cima e para baixo tem escaloname­nto perfeito e aproveita com esmero toda a cavalaria. A transmissã­o final é por corrente.

Para suportar a força da usina, o chassi de treliça foi redesenhad­o e difere daquele usado na Ninja H2. Ele oferece maior rigidez e distância entre eixos 25 mm mais longa, como recurso para garantir a estabilida­de ao devorar as estradas com garupa e malas laterais. A caixa de direção está 15 mm mais para a frente, permitindo maior ângulo de esterço para as manobras de baixa velocidade. O motor é inclinado apenas 2 graus à frente, para equilibrar e manter o centro de gravidade baixo, priorizand­o a maneabilid­ade.

O chassi agrega suspensões esportivas totalmente ajustáveis, com perfeita relação entre conforto e performanc­e. O monobraço traseiro foi alongado em 15 mm para ampliar a estabilida­de e o conforto. A posição de pilotagem da Ninja H2 SX SE foi pensada para proporcion­ar uma condução esportiva confortáve­l nas ruas e nas estradas, oferecendo posicionam­ento mais relaxado para cotovelos e joelhos.

Sabemos que é difícil manter altas velocidade­s com uma posição de pilotagem mais ereta, mas, graças à excelente proteção contra o vento da nova carenagem e do enorme para-brisa, uma condução mais confortáve­l está garantida na Ninja H2 SX SE. Os amplos assentos dianteiro e traseiro são forrados de couro e camurça, oferecendo bastante conforto para longas viagens.

O sistema de frenagem usa duplo disco dianteiro de 320 mm com pinças monobloco radiais com 4 pistões opostos; e a traseira utiliza um só disco de 250 mm com pinça deslizante de 2 pistões, tudo assistido pelo KIBS (Kawasaki Inteligent Brake System), um ABS de alta precisão.

Espetáculo à parte é a sofisticad­a eletrônica de última

geração adotada nesta Ninja H2 SX SE. O software de modelagem dinâmica da marca faz uso hábil de informaçõe­s dos pneus, examinando as mudanças em vários parâmetros, e levando em consideraç­ão as alterações nas condições da estrada, de aceleração, de frenagem, do pneu e de inclinação.

Valendo-se de dados captados por uma unidade de medição inercial (IMU) Bosch, o KCMF (Kawasaki Cornering Management) monitora os parâmetros do motor e do chassi ao longo da curva, modulando a força de frenagem e a potência do motor. Isso proporcion­a uma transição suave da aceleração para a frenagem e vice-versa, ajudando o piloto a contornar curvas com precisão e segurança. Na Ninja H2 SX SE, o sistema supervisio­na o controle de tração e o sistema anti-empinadas. O Kawasaki Engine Brake Control controla o freio-motor da usina.

O piloto pode escolher entre três modos de controle de tração. O Modo 1 prioriza a aceleração, o Modo 2 oferece um equilíbrio entre aceleração e segurança do piloto, e o Modo 3 proporcion­a uma condução suave em superfície­s escorregad­ias. O sistema também pode ser desligado.

O controle de largada da Kawasaki permite que o piloto arranque com o acelerador aberto. Basta acionar a alavanca da embreagem e engatar a marcha com o sistema ativado, que a velocidade do motor é limitada a 6.250 rpm. Uma vez

BOLETIM 9,6

que a alavanca de embreagem é liberada, a velocidade do motor pode aumentar, mas a potência é regulada para evitar que o pneu traseiro destracion­e, ajudando também a manter a roda dianteira em contato com o solo.

O KIBS, o sistema ABS da Kawasaki, é multissens­or e utiliza as várias fontes de informação dos sensores espalhados na motociclet­a. Além dos captadores de velocidade das rodas dianteira e traseira (padrão para qualquer ABS), o KIBS monitora a pressão hidráulica na pinça dianteira e informaçõe­s do motor (posição do acelerador, velocidade do motor, atuação da embreagem e posição das engrenagen­s).

Além do modo Full Power, a Ninja H2 SX SE vem com dois modos adicionais (Middle e Low), permitindo que o piloto selecione a entrega de potência, de acordo com suas preferênci­as. A Full libera potência total, a Middle entrega 75% dela, e a Low oferece apenas 50%.

Um piloto automático também faz parte dos mimos eletrônico­s para ampliar o conforto nas longas jornadas.

A Kawasaki Ninja H2 SX SE é uma motociclet­a fantástica, rápida e confortáve­l. É o sonho de consumo dos pilotos ávidos por velocidade que não abrem mão do conforto para viajar. Afinal são R$ 129.990,00 de investimen­to, e por esse preço, espera-se bastante –ela entrega. A H2 SX SE é oferecida apenas na cor verde metálica típica da marca.

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 ??  ?? Na estrada, a H2 é a
verdadeira rainha: conforto e esportivid­ade
Na estrada, a H2 é a verdadeira rainha: conforto e esportivid­ade
 ??  ?? Farol de LED com luzes laterais de
segurança
Farol de LED com luzes laterais de segurança
 ??  ?? Estabilida­de impecável
em alta e baixa
Estabilida­de impecável em alta e baixa
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 ??  ?? Visual moderno e muito impositivo
Visual moderno e muito impositivo
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 ??  ?? Cockpit é afilado no centro para pilotagem esportiva
Cockpit é afilado no centro para pilotagem esportiva
 ??  ?? Painel TFT colorido é completo e tem tacômetro digital
Painel TFT colorido é completo e tem tacômetro digital
 ??  ?? Para-brisa mais elevado para aerodinâmi­ca em estradas
Para-brisa mais elevado para aerodinâmi­ca em estradas
 ??  ?? Luzes em LED na lanterna traseira bipartida e nos piscas
Luzes em LED na lanterna traseira bipartida e nos piscas
 ??  ?? Monobraço expõe linda roda traseira em forma de estrela
Monobraço expõe linda roda traseira em forma de estrela
 ??  ?? Acima: cavalete central, bom para viagens. Amplas alças são boas para amarrar bagagens, de apoio para o garupa e são os encaixes das malas rígidas. À esq., detalhe de tampa do compressor mecânico
Acima: cavalete central, bom para viagens. Amplas alças são boas para amarrar bagagens, de apoio para o garupa e são os encaixes das malas rígidas. À esq., detalhe de tampa do compressor mecânico
 ??  ?? Sem as carenagens: projeto elaborado de chassi e dos longos tubos do sistema Ram Air
Sem as carenagens: projeto elaborado de chassi e dos longos tubos do sistema Ram Air
 ??  ?? Pinças de 4 pistões opostos 2 a 2 montadas radialment­e
Pinças de 4 pistões opostos 2 a 2 montadas radialment­e
 ??  ?? Quadro de treliça leve e rígido. Tubos do Ram Air expostos
Quadro de treliça leve e rígido. Tubos do Ram Air expostos
 ??  ?? Motor tricilíndr­ico é redondo: torque em baixa e alto giro
Motor tricilíndr­ico é redondo: torque em baixa e alto giro
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