KAWASAKININJAH2SXSE:PARAVIAJARBEMRÁPIDO
Versão sport touring da moto mais veloz do mundo, essa Ninja com motor sobrealimentado é o máximo
ESTRADEIRA MAIS RÁPIDA
KAWASAKI NINJA H2 SX SE
Asport tourer Kawasaki Ninja H2 de motor de quatro cilindros sobrealimentado com turbo compressor chegou ao Brasil em 2015. Desde então, ela foi a motocicleta que eu mais queria testar, tamanho o furor que ela causou mundialmente nos meus companheiros de profissão, os pilotos de testes. Muitos deles já haviam testado a versão de pista da Ninja com compressor mecânico, a H2 R, com 316 cv de potência que, conforme o relato dos pilotos, é uma moto que anda demais e que causava até enjoos nos pilotos, tamanha a força e velocidades insanas que ela era capaz de alcançar em poucos segundos.
Desde seu lançamento, eu andava um tanto cabisbaixo porque eu tinha a nítida impressão de que só eu ainda não havia testado esse bólido… Quando soube que a Kawasaki do Brasil liberaria as chaves de sua Kawasaki H2 SX SE para
nós durante uma semana, juro que fiquei sem dormir até o momento de ir buscá-la.
Logo de cara, ao bater os olhos nela, eu já imaginei o que estava por vir. Ela olhou para mim com uma graça e uma vontade de ser acelerada que eu fiquei realmente apaixonado, como nunca havia ficado antes.
A H2 é simplesmente linda, uma radicalidade diferente, sensual e sem precedentes. Quando coloquei a chave no contato e o painel multicolorido TFT (Thin Film Transistor) acendeu, meus olhos devem ter brilhado como os de um adolescente que ganha sua primeira motocicleta –o que no meu caso, aconteceu aos 12 anos de idade.
Ao apertar o botão de partida para ligar o motor, o sentimento inicial que me veio à mente foi o de respeito. E ela olhou para mim como se estivesse dizendo: –calma meu
Semiguidões elevados acima da mesa dão postura
estradeira ao modelo
caro, eu até sou boazinha, mas não seja abusado comigo!
Ao engatar a primeira marcha, achei tudo bem normal até então, como se fosse uma superbike qualquer. Soltei a embreagem bem devagar e saí em meio ao trânsito da cidade de São Paulo. Logo no primeiro semáforo, pude notar os olhares voltados para nós. Naquele momento, parecia que eu e ela estávamos sós ali, em uma cena de filme.
Cheguei na Redação, vesti o macacão e saímos para a sessão de fotos, sempre numa boa e respeitando os limites permitidos de velocidade, que não passavam de 120 km/h na autopista. Eu ainda não estava à vontade com ela.
Após a sessão de fotos, vesti meu equipamento do dia-a-dia e peguei a estrada rumo à minha casa na praia, por estradas lisas e de asfalto perfeito, num dia de semana atípico e com pouco trânsito: afinal, durante a semana não é todo mundo que vai até o litoral.
Quando cheguei numa longa reta sem trânsito, dei a primeira esticada e já percebi que o respeito realmente deve acompanhar você a bordo da H2 a todo momento. Senti uma puxada no guidão que bem poucas motocicletas me proporcionaram. Talvez apenas as diabólicas Yamaha VMax e Harley-Davidson V-Rod, que são verdadeiros dragsters de duas rodas, tenham causado sensação parecida, mas com elas, apenas na arrancada, em 1ª e 2ª marchas.
A supertouring H2 SX SE é uma H2 equipada com malas e com a cavalaria amansada para proporcionar passeios verdadeiramente rápidos, com overdose de adrenalina, desempenho e estabilidade acima da média.
O projeto de uma motocicleta com supercharger –o compressor mecânico, que é conhecido nos EUA como blower, soprador– começou na Ninja H2. Diversas mudanças foram necessárias para alcançar o equilíbrio entre potência e eficiência no consumo e na dirigibilidade. Esse projeto resultou em um novo motor comprimido, capaz de entregar a aceleração desejada e consumir até 25% menos. O ponto chave para essa combinação foi ampliar a eficácia térmica do motor, aumentando a taxa de compressão. Outras mudanças ocorreram na câmara de combustão, comandos de válvulas e nos sistemas de admissão e escape.
O engenheiro Minoru Kanamori, reponsável pelo projeto no departamento de pesquisa e desenvolvimento da Kawasaki no Japão, afirma que o compressor aumenta em 220% a pressão atmosférica dentro dos cilindros. Lembrei dos meus tempos da faculdade de engenharia, das aulas de física e de cálculo diferencial e integral… A grosso modo, é como se no espaço onde cabe normalmente uma molécula de ar entrassem 220 moléculas… Com a injeção da quantidade certa de combustível você pode fazer ideia da potência da explosão.
Curiosamente, a taxa de compressão de motores turbo é reduzida, mas no caso deste motor da Ninja H2 SX SE a taxa de compressão foi aumentada, e chega a 11.2:1. Os
ELETRÔNICA ESPETACULAR
pistões são reforçados para permitir estes números sem quebras, com durabilidade e confiabilidade.
A turbina da Ninja H2 SX SE abriga um rotor próprio, projetado pela Kawasaki. O tamanho é o mesmo da H2, mas o formato e o ângulo das lâminas foram otimizados para maior eficiência. Outros ajustes para melhorar a performance em baixas e médias rotações são os dutos de admissão de comprimento variável, uma nova caixa de ar, válvulas de admissão menores, comandos de válvulas com tempos menores para admissão e escape, e coletor de escapamento com dutos menores em conjunto com uma ponteira compacta com três câmaras internas (na H2 são duas).
O motor quatro cilindros em linha de 998 cc, com duplo comando para as dezesseis válvulas e injeção eletrônica, rende 200 cv de potência a 11.00 rpm. Em altas velocidades, o sistema Ram Air adiciona mais 10 cv às mesmas 11.000 rpm. O torque máximo é de 14 kgf.m a 9.500 rpm.
O câmbio de seis marchas com quick shift para cima e para baixo tem escalonamento perfeito e aproveita com esmero toda a cavalaria. A transmissão final é por corrente.
Para suportar a força da usina, o chassi de treliça foi redesenhado e difere daquele usado na Ninja H2. Ele oferece maior rigidez e distância entre eixos 25 mm mais longa, como recurso para garantir a estabilidade ao devorar as estradas com garupa e malas laterais. A caixa de direção está 15 mm mais para a frente, permitindo maior ângulo de esterço para as manobras de baixa velocidade. O motor é inclinado apenas 2 graus à frente, para equilibrar e manter o centro de gravidade baixo, priorizando a maneabilidade.
O chassi agrega suspensões esportivas totalmente ajustáveis, com perfeita relação entre conforto e performance. O monobraço traseiro foi alongado em 15 mm para ampliar a estabilidade e o conforto. A posição de pilotagem da Ninja H2 SX SE foi pensada para proporcionar uma condução esportiva confortável nas ruas e nas estradas, oferecendo posicionamento mais relaxado para cotovelos e joelhos.
Sabemos que é difícil manter altas velocidades com uma posição de pilotagem mais ereta, mas, graças à excelente proteção contra o vento da nova carenagem e do enorme para-brisa, uma condução mais confortável está garantida na Ninja H2 SX SE. Os amplos assentos dianteiro e traseiro são forrados de couro e camurça, oferecendo bastante conforto para longas viagens.
O sistema de frenagem usa duplo disco dianteiro de 320 mm com pinças monobloco radiais com 4 pistões opostos; e a traseira utiliza um só disco de 250 mm com pinça deslizante de 2 pistões, tudo assistido pelo KIBS (Kawasaki Inteligent Brake System), um ABS de alta precisão.
Espetáculo à parte é a sofisticada eletrônica de última
geração adotada nesta Ninja H2 SX SE. O software de modelagem dinâmica da marca faz uso hábil de informações dos pneus, examinando as mudanças em vários parâmetros, e levando em consideração as alterações nas condições da estrada, de aceleração, de frenagem, do pneu e de inclinação.
Valendo-se de dados captados por uma unidade de medição inercial (IMU) Bosch, o KCMF (Kawasaki Cornering Management) monitora os parâmetros do motor e do chassi ao longo da curva, modulando a força de frenagem e a potência do motor. Isso proporciona uma transição suave da aceleração para a frenagem e vice-versa, ajudando o piloto a contornar curvas com precisão e segurança. Na Ninja H2 SX SE, o sistema supervisiona o controle de tração e o sistema anti-empinadas. O Kawasaki Engine Brake Control controla o freio-motor da usina.
O piloto pode escolher entre três modos de controle de tração. O Modo 1 prioriza a aceleração, o Modo 2 oferece um equilíbrio entre aceleração e segurança do piloto, e o Modo 3 proporciona uma condução suave em superfícies escorregadias. O sistema também pode ser desligado.
O controle de largada da Kawasaki permite que o piloto arranque com o acelerador aberto. Basta acionar a alavanca da embreagem e engatar a marcha com o sistema ativado, que a velocidade do motor é limitada a 6.250 rpm. Uma vez
BOLETIM 9,6
que a alavanca de embreagem é liberada, a velocidade do motor pode aumentar, mas a potência é regulada para evitar que o pneu traseiro destracione, ajudando também a manter a roda dianteira em contato com o solo.
O KIBS, o sistema ABS da Kawasaki, é multissensor e utiliza as várias fontes de informação dos sensores espalhados na motocicleta. Além dos captadores de velocidade das rodas dianteira e traseira (padrão para qualquer ABS), o KIBS monitora a pressão hidráulica na pinça dianteira e informações do motor (posição do acelerador, velocidade do motor, atuação da embreagem e posição das engrenagens).
Além do modo Full Power, a Ninja H2 SX SE vem com dois modos adicionais (Middle e Low), permitindo que o piloto selecione a entrega de potência, de acordo com suas preferências. A Full libera potência total, a Middle entrega 75% dela, e a Low oferece apenas 50%.
Um piloto automático também faz parte dos mimos eletrônicos para ampliar o conforto nas longas jornadas.
A Kawasaki Ninja H2 SX SE é uma motocicleta fantástica, rápida e confortável. É o sonho de consumo dos pilotos ávidos por velocidade que não abrem mão do conforto para viajar. Afinal são R$ 129.990,00 de investimento, e por esse preço, espera-se bastante –ela entrega. A H2 SX SE é oferecida apenas na cor verde metálica típica da marca.