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DUCATI MULTISTRAD­A 950 É DÓCIL E MUITO FORTE

A menor das crossovers da marca italiana consegue a proeza de ser delicada e amigável

- POR ANDRÉ RAMOS

Aúltima big trail da marca de Borgo Panigale que avaliei tinha sido a Multistrad­a 1200, lá em 2017, mesmo ano em que a empresa italiana apresentav­a por aqui a versão de 950 cc (937 pra ser exato) da motoca. Naquela ocasião, fiquei impression­ado com o punch do motorzão bicilíndri­co, que entregava sua cavalaria de forma visceral no modo Sport.

A 950 está bem mais redonda e amigável, com preço sugerido pela fábrica de cerca de R$ 60 mil.

O design italiano é um importante diferencia­l, mas não o único. Basta colocar os olhos nela que você percebe tratar-se de uma motociclet­a da família MTS, um Multistrad­a. Apesar da cilindrada menor, o porte continua altivo, com linhas sóbrias e poucas firulas que somente a elegância do traço milanês pode proporcion­ar. O porte robusto e musculoso continua ali, revelando seu apetite aventureir­o. Apenas senti falta das treliças do quadro pintadas de vermelho: em grafite ficam meio apagadas e pessoalmen­te, acho que coloridas, em destaque, realçam ainda mais a motociclet­a. Também falta um kit LED nos faróis, já que a lanterna traseira traz esta tecnologia.

O painel em full LED é ambíguo: uns curtem, outros torcem o nariz, mas independen­temente de sua aceitação estética, é fácil de ser lido e traz todas as informaçõe­s necessária­s para uma pilotagem e viagem seguras. É preciso apenas um tempo para memorizar para que serve cada botão nos punhos e comandar a eletrônica para sentir-se à vontade sobre ela.

E quem não gosta de ver uma frente de moto equipada com duas canelonas invertidas? Numa big trail de longo

curso (170 mm), com suas porções inferiores protegidas, ficam ainda mais estilosas, pois transpiram esportivid­ade, enquanto o pára-lama traseiro inferior alojado sob o assento para evitar que o pneu esparrame sujeira, deixa a moto visualment­e bem invocada.

A curvatura da parte superior do tanque para o assento do piloto é bem acentuada, faz um “vale” e tanto, mas se isso a deixa um pouco estranha por um lado, por outro foi uma solução para manter o assento em uma altura mais convidativ­a e menos intimidató­ria –principalm­ente para um brasileiro mediano: são 840 mm (varia de 820 a 860 mm). Mesmo assim, vi gente caindo parado com a moto em um evento recente: afinal, são 229 kg em ordem de marcha, o que pode atrapalhar os menos experiente­s.

Os pneus Pirelli Scorpion 2, associados ao aro 19” na

dianteira indica que o objetivo da Ducati foi oferecer ao mercado não uma aventureir­a puro-sangue, mas sim, uma crossover, que encara umas saidinhas para a terra, porém, conservand­o sua prioridade no asfalto.

De fato, pude comprovar as duas coisas: ela troca de direção muito facilmente, seja em pé sobre as pedaleiras, seja sentado, e vai de boa numa estrada de terra. Claro que não ousamos enfiá-la numa trilha, até porque não é esta a proposta da motociclet­a.

Para facilitar o trabalho de domar os 113 cv do bicilíndri­co V2 a 90º Testastret­ta de comando desmodrômi­co para as quatro válvulas, a Ducati dotou sua máquina de muita eletrônica embarcada. O sistema é batizado de DSP (Ducati Security Pack), ou Pacote de Segurança Ducati, representa­do pela combinação do controle de tração, com 8

níveis opcionais de atuação, e freios ABS que oferecem três possibilid­ades de ajuste de intervençã­o.

Além disso, estão à disposição do piloto 4 modos de entrega de potência: Touring, Sport, Enduro e Urban, sendo que apenas no último há menos cavalaria disponível: “apenas 75 cv”! Quase me esqueço: o torque máximo é de 9,8 kgf.m, alcançado a 7.750 rpm, enquanto o pico de potência se dá aos 9.000 giros. E é aqui que acontece algo bem bacana: a regimes muito mais baixos que isso (a partir de 3.500 rpm) você já tem à disposição cerca de 80% deste torque, o que deixa sua tocada no ambiente urbano bem relax –e é quase uma novidade para o padrão de dirigibili­dade na marca italiana, famosa pela agressivid­ade.

E mesclar todas estas possibilid­ades eletrônica­s torna a brincadeir­a ainda mais divertida, afinal, a moto passa a moldar-se de acordo com a pilotagem e as condições da via, para que você sempre sinta-se à vontade sobre ela. Vale ressaltar que tanto o ABS como o controle tração podem ser desligados, deixando a “responsa” pelo controle da fera nas mãos do piloto.

Andar sem nenhuma rédea eletrônica vai exigir uma boa dose de autoconfia­nça e habilidade motociclís­tica, afinal, a entrega destes bicilíndri­cos da Ducati costuma ser ácida depois dos 7.000 rpm e quando a frente levanta, ela vem de uma vez, portanto, é bom que você saiba o que está fazendo, para não levar sustos e prejuízos, dois elementos que na

maioria das vezes andam de mãos dadas.

As suspensões casam-se perfeitame­nte bem com o conjunto mecânico. Na dianteira, os tubos da Kayaba de 48 mm oferecem múltiplas regulagens e isso significa muito mais do que um motociclis­ta mediano vai usar em toda sua vida em duas rodas. Atrás, o monoamorte­cedor Sachs, também totalmente ajustável, trabalha com balança tradiciona­l de dois braços (na 1260 é monobraço) e tem curso de 170 mm, igual ao da frente.

Da grife Brembo, os freios foram muito bem dimensiona­dos para pararem a força da 950. Na dianteira há dois discões semiflutua­ntes de 320 mm mordidos por pinças de fixação radial e 4 pistões, enquanto que atrás você tem um disco único de 265 mm, que trabalha com pinça de pistão simples. Todo o sistema é assistido por ABS com sensor de pressão integrado, que impede que a sua atuação seja sentida no manete ou no pedal, o que é muito legal.

O conjunto da MTS 950 abre a você um amplo leque de possibilid­ades, uma vez que a versatilid­ade que ela entrega permite que seja utilizada tanto em deslocamen­tos curtos, como sua ida e volta ao trabalho, quanto te habilita a dar um pulinho ali na Transamazô­nica e voltar.

O único senão –e sempre há um senão– é seu preço, que começa em R$ 59.900, valor este que encontrava-se em caráter promociona­l até o dia o final de outubro de 2019. Sonhos não tem preços, mas sim valores.

 ??  ?? Design italiano e motor L2 com equilíbrio entre altas e baixas
Design italiano e motor L2 com equilíbrio entre altas e baixas
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 ??  ?? Guidão largo
com piscas incorporad­os aos protetores de mão: postura dominante e
confortáve­l
Guidão largo com piscas incorporad­os aos protetores de mão: postura dominante e confortáve­l
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sobre o tanque permitem ótima pilotagem em pé
Motor estreito e banco que avança sobre o tanque permitem ótima pilotagem em pé
 ??  ?? Banco encaixa o piloto e pedaleiras ficam sob o tronco
Banco encaixa o piloto e pedaleiras ficam sob o tronco
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portante
Acima, chassi em treliça usa o motor como elemento portante
 ??  ?? Motor V2 a 90º é bem estreito, facilitand­o a postura trail
Motor V2 a 90º é bem estreito, facilitand­o a postura trail
 ??  ?? Design sofisticad­o com o acabamento primoroso da marca
Design sofisticad­o com o acabamento primoroso da marca
 ??  ?? Acima, balança traseira de alumínio com amortecedo­r Sachs
Acima, balança traseira de alumínio com amortecedo­r Sachs
 ??  ?? Bico com tomadas de ar em forma de “narinas”: típico
Bico com tomadas de ar em forma de “narinas”: típico
 ??  ?? Suspensão Kayaba
invertida com 48 mm de diâmetro e
170 mm de curso
Rodas de liga leve e pinças quádruplas de fixação radial
Suspensão Kayaba invertida com 48 mm de diâmetro e 170 mm de curso Rodas de liga leve e pinças quádruplas de fixação radial
 ??  ?? Acima, spoiler inferior atua como protetor do coletor
de escape
Acima, spoiler inferior atua como protetor do coletor de escape
 ??  ?? Motor 950 desmodrômi­co de dois cilindros a 90º: 113 cv
Motor 950 desmodrômi­co de dois cilindros a 90º: 113 cv
 ??  ?? Pneus Pirelli Scorpion Trail 2 preferem o asfalto à terra
Pneus Pirelli Scorpion Trail 2 preferem o asfalto à terra
 ??  ?? Para-brisa ajustável na altura; guidão cônico de alumínio
Para-brisa ajustável na altura; guidão cônico de alumínio
 ??  ?? Banco avança sobre o tanque e forma “sela” no centro
Banco avança sobre o tanque e forma “sela” no centro
 ??  ?? Painel LCD monocromát­ico tem bom nível de informação
Painel LCD monocromát­ico tem bom nível de informação
 ??  ?? “Cara” da família MTS, com faróis em LED e bico afilado
“Cara” da família MTS, com faróis em LED e bico afilado

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