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JAC T40 vs. Honda WR-V

Trocar o tradiciona­l crossover-SUV japonês Honda WR-V pelo novato chinês JAC T40 representa economia de quase R$ 15.000. E você ainda leva um carro bem mais equipado. Mas será que vale mesmo a pena?

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A diferença de preço é de R$ 14 mil. Será que vale a pena pagar mais pelo japonês?

Motivo de piada no passado por sua qualidade ( supostamen­te) duvidosa, eles demoraram a ser respeitado­s. Hoje, são tão bons quanto – ou melhores – que os demais. Assumiram a liderança em diversas fatias de mercado, em diferentes mercados. Sim, os carros japoneses enfim são admirados. Por esse mesmo processo passaram depois os carros coreanos e, agora, passam os chineses. Talvez o melhor chinês vendido hoje no Brasil, o crossover-SUV JAC T40 já desafiou aqui hatches aventureir­os como o Onix Activ – e venceu (MOTOR SHOW 411). Agora, com o novo motor 1.6 e, enfim, câmbio automático, vai encarar um rival mais difícil. Porque se esse T40 tem preço atraente, de hatch aventureir­o (R$ 70.990), ao menos em teoria tem porte e qualidade para encarar “legítimos” crossovers-SUVs.

Então botamos o JAC para brigar com o Honda WR-V, um daqueles orientais já consagrado­s. Rival duro, pois deriva do Fit, carro com proprietár­ios muito satisfeito­s. Por R$ 85.190 nessa versão EXL, o Honda pode não ser barato, mas representa toda a tranquilid­ade e a confiabili­dade atribuída aos japoneses. Então a questão é: entre um (agora) tradiciona­l modelo japonês ou uma novidade chinesa, vale a aposta no último?

Em teoria, o T40 tem tudo para ganhar. Na ponta do lápis, economiza-se R$ 14.200 – ou 16,6% do valor do Honda. Uma bela diferença. Além disso, o chinês tem dimensões maiores, motor 21 cv mais potente que o 1.5 do Fit, câmbio também CVT – com vantagem de simular marchas – e, ainda, vem mais equipado: só ele tem ar digital, bancos de couro, faróis automático­s que iluminam curvas e start-stop, entre outros itens (veja tabela). Na segurança, o chinês leva vantagem por ter controle de estabilida­de, auxílio em rampa e monitor de pressão dos pneus, mas deve ao japonês os airbags extras. Já nas centrais multimídia, dupla decepção: ambas são ruins de usar e sem Android Auto/Apple CarPlay.

Na prática, porém, a coisa muda de figura. O T40 de fato mima mais o motorista e conta com uma cabine com acabamento mais caprichado, principalm­ente por conta do couro, e boa ergonomia. Mas os bancos, embora acomodem bem, são menores e um tanto duros, e o espaço não é tão bem aproveitad­o: o WR-V tem mais portaobjet­os e banco traseiro melhor para joelhos e o terceiro passageiro, além de levadiço. Para completar, o porta-malas é melhor no acesso e na forma (os 450 litros do T40 são até o teto; até a tampa tem uns 320, menos que no Honda); além disso, suas portas grandes e com maior ângulo de abertura facilitam o acesso – pior no JAC.

No papel, pequena vantagem do T40 no desempenho e do WR-V no consumo. Mas, além de só o Honda ser flex, sua dirigibili­dade é mais redonda. Se ao volante o japonês não emociona, conquista por sua precisão – tem direção, freio e acelerador progressiv­os e, acima de tudo, motor e câmbio muito bem entrosados. Assim, apesar

de o CVT não simular marchas como no rival, o WR-V vai bem, principalm­ente na cidade. As saídas são espertas, sem muito da “patinação” típica dos CVTs, e, em uma condução suave, os giros ficam baixos, como o consumo. Quando se pede mais, o modo Sport reduz a relação para subir as rotações, mas o ruído incomoda. Já as suspensões robustas aguentam muito bem buracos e valetas, mas são piores que as do Fit nas curvas – e na estrada a direção é um pouco leve demais.

Essas últimas duas falhas se repetem no JAC, que ainda é mais sensível aos buracos. No nível de ruído, porém, o chinês agrada mais, principalm­ente na estrada – onde, apesar do câmbio mais curto (3.000 rpm a 120 km/h, contra 2.500 do Honda), na prática foi tão econômico quanto (empataram em 14 km/l na estrada e 11 na cidade). E se a mecânica do JAC também atua bem em uma condução urbana e suave, com boas respostas em baixa, quando se exige mais ele decepciona. A caixa patina muito

nas saídas e subidas, e o carro nem sempre entende o que você quer. Ao menos o CVT simula marchas para quebrar o tédio. E tem o modo manual, que permite um uso bem melhor do bom motor 1.6. Faltaram só borboletas no volante para facilitar o uso desse recurso, que realmente garante uma tocada mais divertida ao SUV.

Então, dá para economizar os quase R$ 15.000 sossegado? O JAC T40 CVT é mesmo um negócio da China? Poupar na compra compensará a (suposta) desvaloriz­ação maior do chinês (não dá para cravar que será assim, mas nesse ponto o Honda é quase garantia, e o JAC uma aposta)? E outros riscos inerentes a essa “aposta”? A garantia de seis anos do JAC, contra três do Honda, é suficiente para te deixar dormir tranquilo?

O fato é que na teoria o T40 é mais equipado e potente e bem mais barato, um melhor negócio, enquanto na prática, embora represente uma enorme evolução dos chineses e seja de fato agradável de guiar, não é tão preciso ao volante e nem tão versátil ou espaçoso quanto o WR-V. Temos, então, um empate: se você é do tipo cauteloso, sugerimos pagar o valor extra no Honda e ter a “garantia” de um japonês na garagem; agora, se você tem um maior apetite pelo risco, o chinês JAC T40 pode, sim, valer a aposta.

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 ??  ?? No T40 os bancos são de couro, mesmo material usado na parte superior do painel. O cluster é mais clássico, mas a central multimídia também fica devendo conectivid­ade. O câmbio CVT simula marchas e permite trocas manuais que melhoram a tocada – mas apenas pela alavanca
No T40 os bancos são de couro, mesmo material usado na parte superior do painel. O cluster é mais clássico, mas a central multimídia também fica devendo conectivid­ade. O câmbio CVT simula marchas e permite trocas manuais que melhoram a tocada – mas apenas pela alavanca
 ??  ?? O interior do Honda tem mais porta-objetos e versatilid­ade, mas o ar-condiciona­do é manual e os bancos são de tecido. O painel de instrument­os tem ótima leitura, mas conta-giros menor e computador de bordo com controle ruim. A central multimídia é apenas regular
O interior do Honda tem mais porta-objetos e versatilid­ade, mas o ar-condiciona­do é manual e os bancos são de tecido. O painel de instrument­os tem ótima leitura, mas conta-giros menor e computador de bordo com controle ruim. A central multimídia é apenas regular

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