Motorshow

O SENHOR DA RAZÃO

Se os carros fossem projetados pensando apenas em fatores racionais, seriam quase todos iguais ao Honda Fit. Quem não tem, critica. Quem tem, adora

- FLÁVIO SILVEIRA | EDITOR

O tempo é o senhor da razão. Ou seria o Honda Fit? Se um carro fosse projetado do zero pensando só em fatores racionais e nas necessidad­es do cliente, seriam quase todos iguais ao Fit. Ou parecidos. Eu não gosto de câmbio CVT, e a dinâmica desse Honda, embora correta, não me encanta. Então resistiria a ele. Mas tenho a Stella, de dois anos, e o Mathias, de sete. Rodo muito na cidade e carrego tralhas, então...

Diversos carros têm nomes que nada significam. No Fit – “caber”, em inglês –, ele não poderia ser mais adequado. Compacto, o hatch/monovolume cabe em qualquer vaga, e tudo cabe nele. Sempre conto da vez que fui aos EUA, me enchi de muambas e mal consegui acomodar tudo – e ainda minha esposa, o Mathias (ainda bebê) e eu – em um Jeep Cherokee, que é um SUV médio. Chegando ao Brasil, coubemos todos e tudo em um Fit – e ainda a dona do carro, que foi nos buscar. Com folga. Como o tanque fica sob o banco dianteiro, o traseiro pode ser rebatido até o assoalho ou erguido. Mesmo no modo “normal”, o porta-malas é alto e quadrado: acomoda tudo.

A dirigibili­dade do Fit é extremamen­te correta e, quanto ao desempenho, racionalme­nte não há porque andar rápido hoje em dia, arriscando sua segurança ou multas. Então o elástico motor 1.5 tem torque suficiente em baixas rotações para meu uso normal, 90% do tempo na cidade ou na estrada com a família. Raramente superando 2.500 rpm, gasta pouco: fiz 15,5 km/l de média na estrada e 11 km/l na cidade (gasolina). E, quando precisei ultrapassa­r, não decepciono­u. Gritou, mas entregou. Esse drama pode ser evitado acionando o modo S e usando as aletas no volante: o Fit vira um carro manual sem embreagem – com tocada mais esportiva ou giros mais baixos, você decide.

Na cabine, a direção tem boa pegada, ótimo ajuste e precisão invejável. O ar-condiciona­do é automático digital e o conforto é incrementa­do pelas suspensões que filtram muito bem o solo. O que a razão não explica são o computador de bordo – com tela tosca e controlado por uma vareta – e a central multimídia ruim (e que travou muitas vezes). Também é difícil entender o acabamento de plástico duro e a falta, nessa versão EX, de alguns itens.

Adicionand­o emoção à decisão, nessa faixa de quase R$ 80 mil o VW Polo 1.0 TSI, turbindado, é mais gostoso de guiar e o Toyota Yaris, também extremamen­te correto ao volante, é mais equipado – mas nenhum deles é versátil e espaçoso como o Fit. Então, como sou muito racional, talvez acabasse optando pelo Honda mesmo. Poucos precisam de mais do que oferece. Pensando racionalme­nte, claro.

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 ??  ?? PREÇO BÁSICO (CVT) R$ 68.700
CARRO AVALIADO R$ 78.300
PREÇO BÁSICO (CVT) R$ 68.700 CARRO AVALIADO R$ 78.300
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Acima, o cluster com computador de bordo simples, a decepciona­nte central multimídia, o câmbio com modo totalmente manual e os comandos touchscree­n do ar automático. Ao lado, o enorme espaço no porta-malas com os bancos traseiros rebatidos, a opção com eles erguidos e as rodas aro 15 O interior é elegante e cheio de porta-objetos e copos, mas o acabamento é simples. Não há couro nessa versão intermediá­ria. A ergonomia é excelente

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