Motorshow

Mitsubishi Pajero Sport

Na terceira geração, o SUV “raiz” Mitsubishi Pajero Sport ainda é (muito) melhor para rodar na terra do que no asfalto. Mas ganhou um motor mais moderno e um belo pacote de tecnologia

- TEXTO FLÁVIO SILVEIRA

O SUV "raiz" ganha muita tecnologia, sem abrir mão da valentia no off-road pesado.

Em 1998, ele chegou ao Brasil como Mitsubishi Pajero Sport. Em 2011, passou a ser chamado de Pajero Dakar, e em 2015 virou “só” Pajero. Deixou de ser vendido no ano passado e agora, na terceira geração, volta a ser o Pajero Sport. E se o nome mudou tanto – assim como seu design –, a fórmula segue a mesma: um SUV raiz, sobre chassi, com base de picape (no caso, a L200 Sport). O que, como veremos, traz vantagens e desvantage­ns. Importado da Tailândia só na versão HSE, de R$ 265.990, o Pajero Sport 2020 se alinha com o rival mais vendido – o Toyota SW4 (SUV da Hilux, vem da Argentina por R$ 267.690 na versão top). Ambos são mais caros que o nacional Chevrolet Trailblaze­r (da S10, R$ 231.990), mas oferecem mais: talvez para compensar a chegada três anos atrasada em relação à Tailândia, esse Mitsubishi tem até sistemas semiautôno­mos (alerta de ponto cego, piloto automático adaptativo e frenagem automática).

Saímos do centro de Mogi-Guaçu, SP, cada um em seu Pajero Sport, para a pista off-road do autódromo Velo Città. Tendo dirigido 150 quilômetro­s desde São Paulo no SUV “nutella” Chevrolet Equinox ( leia mais na página 46), estranho as suspensões moles e, ao mesmo tempo, sensíveis demais a certos tipos de obstáculo (as molas perderam carga, as barras estabiliza­doras cresceram). Também não me recordo de SUV recente com assoalho tão alto. Mas aqui parece que isso é opcional, quase nostálgico – assim que ajustei o banco elétrico para cima, tudo ficou bem mais “normal”.

Exatos 18 quilômetro­s depois, foi hora de ver que dinâmica e ergonomia “antiquadas” são compensada­s com uma capacidade fora de estrada incomum. Uma das novidades está no sistema de tração inteligent­e, que adicionou cérebro aos músculos do SUV. Para garantir segurança no off-road mesmo para motoristas menos habilidoso­s, o Mitsubishi ganhou seletor de terreno. Além das opções 4x2 (traseira, para uso em asfalto bom) e 4x4 integral – que pode ser usada em asfalto com chuva, por exemplo –, quando se opta pelo 4x4 parcial (diferencia­l central bloqueado), aparecem as opções Gravel (pedriscos), Snow/Mud (neve/lama) e Sand (areia). Acionando a reduzida, há também o Rock (Pedras) e, caso a situação seja feia, há, ainda, o bloqueio do diferencia­l traseiro.

Conectado ao novo motor 2.4 de 190 cv e mais de 43 kgfm, o sistema garante que mesmo os obstáculos radicais sejam vencidos sem nenhuma dificuldad­e. Cada modo altera sensibilid­ade do acelerador, pontos de troca de marcha e controles eletrônico­s para melhor resultado. Manobramos na lama, atravessam­os alagamento­s (até 70 cm), arriscamos parando em subidas que se faz embalado… nada segurou o SUV. A única dificuldad­e surgiu em uma descida enlameada onde os pneus mistos não agarram bem ao chão, dificultan­do a atuação do auxílio em descidas (HDC) – ativado no console e com velocidade controlado pelos pedais – interface bem intuitiva. O Pajero Sport desceu e chegou inteiro, mas assustou ao deslizar mais que devia. Pneus lameiros resolveria­m.

Depois, fomos para Poços de Caldas, MG por terra, em um caminho que passa pelo Pico do Gavião, com um total de 1.037 m de variação de altitude. Não haveria cenário melhor para mostrar as qualidades desse SUV – além de subir paredes. Em terra batida, em áreas de erosão ou na lama, ele mostrou que é ideal para rodar nesses cenários sem medo e com conforto. No modo 4x2, a frente fica meio solta, então segui no 4x4. O bom câmbio de oito marchas não requer ajuda, mas caso você queira interferir, há aletas fixas no volante, com respostas rápidas.

Cerca de quatro horas depois, chegamos à “cidade grande”: Poços de Caldas. Nossos Pajero Sport chamaram a atenção nas ruas com seu design ousado, principalm­ente na traseira, que é no mínimo, digamos... inusitada. Ao menos ele foge das formas normalment­e quadradona­s antes vistas nesse tipo de carro. Questão de gosto, mas o fato é que não falta personalid­ade. A incursão também serviu para ver que o cenário urbano é o pior para esse SUV. As saídas são lentas, o ruído do motor invade a cabine em esticadas e retomadas… melhor voltar para a estrada.

Retornamos para Mogi-Guaçu pelo asfalto, caminho mais fácil, mas nem sempre disponível (ou desejado). Em velocidade de cruzeiro, o Pajero Sport segue silencioso, mas nas curvas das serrinhas a carroceria deita bastante, então não dá para exagerar na velocidade. Ativo o ACC e aproveito para explorar a cabine, com muito espaço na segunda fileira e a terceira com bancos que se rebatem no assoalho (no SW4 ficam “pendurados” nas laterais). O painel é simples e o acabamento não decepciona nem impression­a. O som tem Android Auto e Apple CarPlay, além de GPS off-line, mas os comando por toque são ruins – é melhor usar aqueles no volante.

Andando a 120 km/h, a direção fica um pouco leve demais e exige correções. O conta-giros marca 1.900 rpm e o consumo fica em 11 km/l – nada mau em um carro com duas toneladas. De volta a Mogi, quase oito horas depois, o que mais impression­a é que, apesar das terríveis estradas e de tanto tempo ao volante, não estou cansado. Os novos bancos de dupla camada, ao mesmo tempo bastante macios e com bom suporte, ajudaram. Esse Pajero Sport, sem dúvida, é carro para quem gosta de pegar estradas – em qualquer condição que elas estejam.

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Acima, o teto solar pequeno e os comandos do ar da segunda e terceira fileiras, que ficam no teto. Ao lado, no alto do Pico do Gavião, a polêmica traseira
Os bancos são macios e o assoalho fica plano rebatendo os bancos. Ao lado, os assentos extras. Acima, um porta-objetos no porta-malas Acima, o teto solar pequeno e os comandos do ar da segunda e terceira fileiras, que ficam no teto. Ao lado, no alto do Pico do Gavião, a polêmica traseira
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