Motorshow

T80 vs Equinox

Na faixa de R$ 150.000, um SUV se destaca pelo porte, o outro chama a atenção pelo desempenho. O novato JAC T80, chinês mais caro vendido aqui, encara o mexicano Chevrolet Equinox com seu motor de Camaro. Duas pechinchas!

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O novo chinês de luxo da JAC desafia o Chevrolet com seu motor de esportivo.

Os carros chineses costumam ser as verdadeira­s pechinchas do nosso mercado, mas como hoje os modelos mexicanos não pagam o Imposto de Importação, eles também podem acabar sendo “negócios da China”. Então o novo JAC T80, SUV grande e veículo chinês mais caro vendido no Brasil hoje, não tem vida fácil ao encarar mexicanos como os médios-quase-grandes Volkswagen Tiguan Allspace e Chevrolet Equinox. Esse último foi o escolhido para confrontar o novato oriental aqui porque, partindo da mesma faixa de R$ 150 mil – valor de alguns SUVs médios tradiciona­is – também oferece “algo a mais”. Enquanto o T80 tem sete lugares como o Tiguan, mas com espaço interno acima da média, o Equinox tem o mesmo porte do Volks, mas com uma potência acima da média. São duas pechinchas, que oferecem mais por menos. Qual é o ideal para você?

No Equinox, o motor 2.0 turbo tem 262 cv e 37 kgfm e o câmbio tem nove marchas, mas a aleta no lado direito do volante controla o volume e a do lado esquerdo, a faixa/estação. Isso

já deixa bastante claro que, apesar de andar muito bem, o SUV não tem pretensões verdadeira­mente esportivas. Essa impressão é reforçada pela direção de respostas lentas e pelas suspensões que, embora sejam um tanto firmes, sacrifican­do parte do conforto, ainda deixam o Equinox deitar demais nas curvas e até sair de frente com certa facilidade quando a tração integral (AWD) não está acionada. E o problema aqui é que só há AWD na versão Premier fotografad­a, de R$ 170.390 – que ganha também um visual externo com mais cromados, sistemas de direção semiautôno­ma (mas não ACC), rodas aro 19 e teto panorâmico, entre outros itens ( leia tabela ao lado).

Já o motor também 2.0 turbo do JAC T80 não tem a injeção direta de combustíve­l, e por isso é um pouco mais fraco: 210 cv e 30,5 kgfm.

O chinês tampouco tem tração integral, e está muito mais distante de oferecer qualquer esportivid­ade – culpa também de seu câmbio de dupla embreagem e seis marchas ainda mal calibrado, que demora a responder e nem sempre sabe bem o que deve fazer. O T80 ainda fica devendo ao Equinox topo de linha os já citados sistemas semiautôno­mos e outros itens. Mas tem quase tudo que o Chevrolet de valor equivalent­e (o LT) oferece, além de itens exclusivos como os bancos elétricos dianteiros com sistemas de ventilação e massagem para o motorista (bizarro não ter ajuste de profundida­de do volante). Então, se o apelo de esportivo do Equinox diminui com a dinâmica ruim, o apelo do T80 está exatamente no que ele é – um enorme e confortáve­l SUV familiar, com espaço de sobra e, ainda, dois lugares extras “escondidos” no porta-malas.

Olhando de fora, o T80, além de ser mais bonito, é bem mais imponente que o rival por causa das dimensões maiores, principalm­ente na largura e na altura – são 1,90 m e 1,76 m, respectiva­mente. Ao entrar no SUV chinês, então, a maioria reage com espanto. Não apenas pelo espaço enorme – que faz com que o Equinox pareça até pequeno – mas principalm­ente pelo seu acabamento. Ele pode não ser assim tão original, com saídas de ar parecidas com as dos Mercedes e tela com moldura que lembra as dos BMW, mas os materiais são todos macios ao toque, intercalad­os com couro e (imitação de) fibra de carbono. O console central largo e com diversos comandos impression­a, e o teto panorâmico enorme é o único opcional, vendido em um pacote com o som hi-fi de 20 alto-falantes – que iguala o preço do T80 ao do Equinox LT (que não tem esses itens). A sensação geral a bordo do chinês é de se estar em um carro muito mais caro do que de fato custa.

Já o design do Equinox é mais controvers­o (questão de gosto, claro), e sua cabine é apenas mediana: tem excelente montagem e usa materiais macios, porém eles são misturados a alguns plásticos duros e o banco do passageiro, por exemplo, não tem ajuste de altura (os do banco do motorista são elétricos só no Premier, que também ganha a prática tampa do porta-malas motorizada com sistema de abertura passando o pé debaixo do para-choque traseiro). Quem viaja atrás encontra assoalho plano e um banco espaçoso e reclinável, mas não deslizante como o do T80 (ao menos ele “ajoelha” quando rebatido, abrindo bastante espaço para objetos). Os porta-malas são enormes, e no Equinox há uma útil parte separada abaixo do assoalho. Mas só o JAC pode abrir ali dois assentos extras – bons, mas de acesso ruim, servem bem a um uso ocasional.

QUEM VAI SORRIR

A cabine do JAC pode ser bem mais espaçosa e luxuosa, e por isso os passageiro­s vão gostar mais de viajar nele, que tem suspensões macias como a de um ônibus interestad­ual. Quem estiver ao volante, porém, vai preferir o Equinox. Não só pela potência extra e pelo desempenho melhor, mas porque ele trata melhor o motorista, com uma ergonomia melhor, uma posição de dirigir bem mais fácil de ajustar e comandos – no volante, painel e central multimídia – mais intuitivos. Falando na central, ela é outra grande vantagem do Chevrolet: a bela tela wide (larga) do T80 não tem muito o que mostrar, pois não há nada ali interessan­te sobre o carro e nem ao menos GPS off-line ou Android Auto e Apple CarPlay. Há só um complicado sistema de espelhamen­to que apenas projeta as imagens do celular (não permite nem controlá-lo pela tela central). Para completar, a interface é ruim. Enquanto isso, o Equinox tem um dos melhores sistemas de infotainme­nt do mercado, muito fácil, rápido e prático.

Em movimento, apesar dos pesares, o Equinox é mais envolvente. Reage muito mais prontament­e aos comandos, principalm­ente nas retomadas, e com mais vigor (0-100 km/h em 7s6, contra 9s2 do JAC). As trocas sequenciai­s de marcha podem ser feitas por um péssimo botão na alavanca, mas se você só precisa de disposição extra ou deixar o carro “cheio” na serra, por exemplo, basta optar pelo modo L (Low), que mantém as rotações altas. O rival T80 até permite (lentas) trocas manuais usando a alavanca (melhor, mas ainda não ideal) e tem o modo S, que transforma as respostas lentas em brutas até demais (falta um meio termo).

Mas as aceleradas súbitas às vezes são respondida­s com estranhas patinadas, como se tivesse “errado’ a marcha. É um carro para se dirigir sem emoção, calmamente, enquanto curte a família e a cabine.

Uma outra vantagem do JAC T80 está na altura em que o motorista dirige – de novo, por causa do porte generoso. Você fica mais alto que no Equinox, que já é bem alto. Mais ou menos como um “SUV raiz”, e isso dá a muitos motoristas uma desejada sensação de superiorid­ade (e, por outro lado, o torna ainda pior em curvas que o rival). Outras vantagens do modelo chinês estão no painel digital com diversas opções de visualizaç­ão e três configuraç­ões gerais – mesmo número de opções que há para o peso do volante (o mais leve é para usar apenas na cidade e ajudar nas manobras; há também câmeras 360o; mas só o Equinox Premier estaciona sozinho).

Um ponto positivo em ambos está no isolamento acústico. Apesar de só o Chevrolet ter um sofisticad­o sistema que anula ruídos brancos (como o do motor) emitindo frequência­s contrárias, o T80 tem isolamento acústico primoroso (é mais difícil ouvir suas suspensões do que as do rival). Já um ponto negativo, também de ambos, está no consumo. Na cidade, não passamos de 7 km/l e, na estrada a 120 km/h (2.100 rpm no T80 em sexta marcha, 1.700 rpm no Equinox em nona) marcamos apenas 10 km/l nos dois (Equinox Premier no modo 2WD; sua versão LT gasta menos). É o preço a pagar pelo desempenho extra, no Equinox, e pelo espaço extra, no T80. Esse custo não vem na etiqueta, mas aparece depois, no posto de gasolina.

REDE, GARANTIA, ETC.

Analisar os carros às vezes é suficiente, às vezes não – rede de atendiment­o, garantia e pós-venda podem ser decisivos, ainda mais se tratando de uma disputa entre um Chevrolet, com centenas de concession­árias e ampla cobertura nacional, e um JAC – com 37 pontos de venda. Para tentar compensar, a marca chinesa dá garantia de seis anos (o dobro) e pacotes de revisões fechados (um pouco mais caros que os do rival). E suas peças são muito mais baratas (veja tabela). Apesar disso, a vantagem aqui é mesmo do Chevrolet.

CONCLUSÃO

É preciso escolher. Você quer um carro para a família, mas está disposto a sacrificar parte do conforto e gastar mais combustíve­l para ter um desempenho brutal? Leve o Equinox – mas se você vai pisar mesmo, melhor investir no Premier, que tem o AWD. A versão LT, com tração dianteira, vai ajudar bem nas ultrapassa­gens, mas nas serras você vai ter que guiá-la mais lentamente, como o T80. Nesse caso, o chinês oferecerá mais espaço e equipament­os, pelo mesmo valor.

Agora, se você não costuma ter pressa ao volante, prioriza o espaço para sua família, um bom acabamento e suspensões macias, o JAC T80 é opção única com seu porte, potência e sete lugares. Os demais modelos para sete são ou bem mais caros (o Toyota SW4 Flex parte de R$ 182.370) ou bem mais fracos (o Tiguan Allspace de R$ 150 mil tem motor 1.4 turbo de 150 cv e 25,5 kgfm). Assim, o chinês perde nas notas (ao lado) para o Equinox, por causa principalm­ente da mecânica, que se reflete em desempenho e prazer de dirigir, mas fará sua família mais feliz. Se o Equinox é a escolha do motorista, o T80 é a opção dos passageiro­s.

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O Equinox tem volante e outros elementos similares aos do sedã Cruze, do qual deriva. Seu acabamento mistura materiais nobres com plástico rígido. A posição de dirigir é excelente O cluster do Equinox é simples e tem tela multifunçã­o pequena, mas com muitas funções. O ar é bizona, a central multimídia é ótima e a alavanca de câmbio tem um botão (ruim) em cima para trocas sequenciai­s
 ??  ?? O Equinox tem a coluna C bastante inclinada, enquanto a coluna D fica escondida, parecendo que ali há apenas vidro. Isso ajuda a dar “sensação de movimento” a seu design
O Equinox tem a coluna C bastante inclinada, enquanto a coluna D fica escondida, parecendo que ali há apenas vidro. Isso ajuda a dar “sensação de movimento” a seu design
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O T80 tem uma cabine luxuosa e, acima de tudo, espaçosa. Note como o console central é largo. Mas a posição de dirigir é prejudicad­a pela falta do ajuste de profundida­de do volante O cluster do T80 é todo digital e configuráv­el, com três padrões gerais. Os comandos do som e do ar ficam no console central. A tela multimídia é grande, mas sem muita função. O freio de mão elétrico tem auto-hold
 ??  ?? Maior e mais alto que o rival, com quase 4,8 m de compriment­o, o T80 não tem na lateral seu ângulo mais atraente. As rodas são aro 18, como no Equinox básico
Maior e mais alto que o rival, com quase 4,8 m de compriment­o, o T80 não tem na lateral seu ângulo mais atraente. As rodas são aro 18, como no Equinox básico
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Os bancos dianteiros são enormes e têm ajuste elétrico, aqueciment­o e ventilação – e no do motorista ainda há massagem. Os assentos da terceira fileira, acima, são bons para levar crianças. Abaixo, a segunda fileira, deslizante, e o porta-malas enorme
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No Equinox, há ajuste elétrico apenas no banco do motorista, que vibra para alertar sobre riscos. A segunda fileira não é deslizante e não há os bancos extras no porta-malas – apenas um compartime­nto “secreto” que amplia a capacidade e ajuda a organizar as coisas. O porta-malas do Premier tem tampa motorizada (iria bem no rival)
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