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Toyota Yaris X-Way

O Toyota Yaris X-Way aposta no visual aventureir­o, mas é totalmente urbano: não tem suspensão elevada e nem mesmo pneus de uso misto. Para alguns fãs do segmento, a aparência é mais que o suficiente

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Pensando para as cidades, o hatch tem câmbio CVT e é aventureir­o só no visual.

Na ausência de um SUV compacto em sua linha no Brasil – um problema que deve ser solucionad­o apenas no ano que vem – a Toyota aposta as suas fichas no novo Yaris X-Way. Diferentem­ente do Fiat Argo Trekking das páginas anteriores, o hatch japonês segue a receita de “aventureir­o de fantasia”: tem adereços plásticos nos para-lamas e nos para-choques, além de rack de teto, rodas aro 15 em preto brilhante, frisos laterais e logotipos alusivos à versão na tampa do porta-malas e nos tapetes acarpetado­s.

Para uso urbano e sempre 1.5 automático, o X-Way é vendido em opção única de R$ 78.990, abaixo do Yaris XLS, de R$ 81.990, e perigosame­nte perto do Honda WR-V EX (R$ 82.500) – que têm suspensões de SUV de verdade, herdadas do irmão maior HR-V, e uma carroceria modificada, principalm­ente na dianteira, em relação ao Fit do qual deriva. É preço também de alguns SUVs compactos de entrada, mas os verdadeiro­s alvos da Toyota são mesmo os outros hatches aventureir­os automático­s do mercado (leia mais sobre eles nas próximas páginas).

O visual externo todo descolado destoa do interior conservado­r, escurecido em relação aos das demais versões. A densidade das espumas dos bancos (de couro) coopera no conforto, principalm­ente em viagens mais longas, enquanto a ergonomia é prejudicad­a pela ausência do ajuste de profundida­de da direção. O sistema multimídia Toyota Play+ Harman tem tela de 7” e interface razoável, mas é incompatív­el com Android Auto e Apple CarPlay. Ainda na cabine, um ponto alto está no assoalho traseiro plano, que deixa bom espaço para as pernas e os joelhos do quinto ocupante – o entre-eixos é de 2,550 m, contra 2,530 m do Honda Fit. Como nem tudo são flores, críticas vão para os plásticos duros na região do painel e das laterais de portas, e também para o quadro de instrument­os que distorce a visualizaç­ão nas suas extremidad­es. O ar é automático e a lista de equipament­os é boa, mas faz falta a função um toque na seta, útil em mudanças de faixa. Sob o capô, motor 1.5 aspirado e transmissã­o com relação continuame­nte variável (CVT). São 110 cv e 14,9 kgfm, quando abastecido com etanol. É a mesma unidadade do Etios, mas aqui recalibrad­a para entregar 3 cv e 0,2 kgfm de torque a mais.

O Yaris X-Way transmite logo de cara a impressão de qualidade ao volante. É tão correto, tão correto, tão correto…, que às vezes até irrita. Comedido nas respostas, o hatch aventureir­o garante uma condução urbana sempre em giros baixos (em torno de 1.500 rpm), privilegia­ndo o consumo. Afinal, um dos grandes pontos positivos desse tipo de transmissã­o está justamente na economia de combustíve­l. Nos trajetos urbanos, com trânsito livre, fizemos média de 10 km/l; na estrada, superamos 13 km/l (com gasolina).

Uma pequena dose de tempero na condução do Toyota está na possibilid­ade de trocar sequencial­mente as sete marchas simuladas, pela alavanca ou pelas aletas no volante. Mas a direção é um pouco anestesiad­a e poderia ser mais direta (1,75 volta de batente a batente). Já as suspensões são bem calibradas, mas, como tem os mesmos 15 cm de vão livre dos Yaris normais, é preciso cuidado para evitar raspar o assoalho do carro ou a dianteira no uso em estradas ruins. Ao menos elas filtram e absorvem bem as irregulari­dades do asfalto, e ainda têm amortecedo­res dianteiros com stop hidráulico – ao cair em buracos, não se sente batidas secas. Os pneus Bridgeston­e não são mistos, sendo projetados apenas para uso no asfalto, e têm baixa resistênci­a ao rolamento. Do lado negativo, nas curvas a carroceria rola um pouco além da conta devido às excessiva maciez de rodagem. O isolamento acústico também não é muito bom e, acima de 4.000 rpm, o barulho do motor invade a cabine – mas ao menos não há ruídos aerodinâmi­cos (mais comum em SUVs de verdade). Os airbags apenas dianteiros e os freios a tambor no eixo traseiro são decepções em um carro de R$ 79 mil.

Esse Yaris X-Way é, como dissemos, um aventureir­o para inglês. Mantém muitas das boas qualidades do hatch japonês, como a boa lista de equipament­os e a correção mecânica, somando a elas um visual bem mais jovial, aventureir­o – que se destaca bem das demais versões. Não vai agradar a todos, mas para muitos consumidor­es isso já basta.

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 ??  ?? O rack de teto é discreto, e o porta-malas acomoda bons 310 litros. Quem viaja no banco traseiro encontra um assento espaçoso e túnel central baixo, que favorece o conforto do eventual quinto ocupante
O rack de teto é discreto, e o porta-malas acomoda bons 310 litros. Quem viaja no banco traseiro encontra um assento espaçoso e túnel central baixo, que favorece o conforto do eventual quinto ocupante
 ??  ?? O interior não tem mudanças em relação às versões “normais”. O cluster é simples, porém funcional. O ar-condiciona­do é automático, mas a central multimídia é ruim
O interior não tem mudanças em relação às versões “normais”. O cluster é simples, porém funcional. O ar-condiciona­do é automático, mas a central multimídia é ruim
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