O momento é da aventura
Quando se fala no futuro da indústria automobilística, o que vem à mente são carros autônomos movidos a combustíveis alternativos, especialmente a eletricidade. É nessa direção que as montadoras trabalham para manter sua relevância e continuar crescendo em uma sociedade que demanda veículos cada vez mais seguros e conectados, além de motores sustentáveis, com baixas emissões de gases causadores do efeito estufa. Enquanto essa revolução ainda está engatando a primeira marcha, outra avança em velocidade de cruzeiro. É a revolução da aventura. Nos últimos anos, nada tem feito mais sucesso no mercado que os SUVs e crossovers. De modelos definitivamente urbanos, com alterações só visuais, a utilitários genuinamente fora de estrada com tração nas quatro rodas e motor a diesel, o consumidor não tem do que se queixar na hora de escolher um veículo aventureiro. A prova está nesta edição de MOTOR SHOW, que traz 12 modelos com as mais variadas propostas e preços. Mudam tamanho, potência, design e vocação, mas uma coisa todos têm em comum: foram concebidos para enfrentar mais que só asfalto. É verdade que nem todos cumprem essa promessa. Alguns apenas pegam carona no “boom” dos SUVs com um apelo visual típico do segmento, mas sem nada que os diferencie, na prática, dos irmãos bem-comportados. Outros fazem o oposto: combinam características de utilitários com as de autênticos esportivos, entregando potência de sobra. No meio do caminho, há espaço (e opções) para muitos perfis de consumidor. Que as montadoras decidiram entrar com tudo na onda dos SUVs e assemelhados, não resta dúvida. A questão é saber os motivos dessa aposta. Até os anos 1990, esse tipo de carro nem era vendido no Brasil. Para chegar a um “camper”, como se dizia então, visionários como Eduardo Souza Ramos adaptavam cabines às picapes disponíveis.Com a abertura de importações no governo Collor, as opções começaram a desembarcar por aqui, de campers autênticos como Nissan Pathfinder e Mistubishi Pajero ao “jipinho” Niva, off-road da russa Lada que fez sucesso num nicho antes ocupado por fãs da veterana Rural Willys e da valente Toyota Bandeirante. Para um país com poucas estradas asfaltadas e muitas ruas cheias de buracos, é inegável o apelo de carros com boa distância do solo, suspensão reforçada e tração 4x4. As condições de rodagem no Brasil justificam a compra de um SUV, no lugar de um sedã, também pelo aspecto da segurança. A posição de dirigir, elevada, transmite maior confiança em um trânsito nem sempre gentil e “empodera” o motorista. Ao oferecer modelos com essa pegada, as montadoras puderam cobrar mais pelo que vendem. O preço de um SUV costuma ser mais alto que o de um sedã com o qual compartilha a plataforma (só às vezes o valor maior se justifica pela inclusão de equipamentos e itens de conforto). A diferença, no bolso de quem compra, também se explica pelo status que um modelo desse porte agrega. Por fim, a versatilidade compensa o desembolso a mais. Enquanto enfrentar um lamaçal com um sedã ou hatch pode ser inviável, nada impede que um SUV rode sobre o melhor dos asfaltos. Pelo contrário: para muitos deles, pavimento de pedra e piche é habitat ideal. Esta edição especial é dedicada a ajudar você a escolher o aventureiro que tem a sua cara. Aventure-se. |