Motorshow

Citroën C5 Aircross

Com a falta de interesse dos consumidor­es pelo C4 Picasso, a Citroën o aposenta e traz em seu lugar, até o final do ano, o C5 Aircross – que capricha no conforto, com assentos especiais e suspensões engenhosas

- REPORTAGEM LORENZO FACCHINETT­I TEXTO FLÁVIO SILVEIRA ADAPTADO

O SUV que roubou o lugar da minivan C4 Picasso, rejeitada pelo mercado.

Omercado é impiedoso. O Citroën C4 Picasso era uma ótima minivan, e para a maioria das pessoas melhor que 99% dos SUVs nas formas e funções, mas quase ninguém o comprava. Agora, ele sai de linha para, até o fim do ano, dar lugar no Brasil a um novo modelo: o C5 Aircross, feito na mesma plataforma e com a mesma mecânica do C4 Picasso. Uma minivan que virou SUV. Mas, para se diferencia­r dos demais, além das tradiciona­is ousadia e criativida­de francesas no design, a novidade aposta, principalm­ente, no conforto.

Do que diz o marketing devemos desconfiar. Seu trabalho é vender, e não é de admirar o entusiasmo exagerado com que exalta as qualidades do produto – chamando-o de “tapete voador”. Nunca experiment­amos um, e duvidamos que existam, então falta referência. Mas o efeito que a suspensão do Aircross produz parece mesmo muito próximo da sensação de viajar acima dos obstáculos.

Voltando à terra firme, o novo Citroën C5 tem um conforto quase de suspensão a ar (pneumática). Mas não é. Trata-se de uma solução técnica mais econômica, porém muito engenhosa, baseada em um sistema de amortecedo­res hidráulico­s progressiv­os (leia quadro). Um sistema bastante simples, mas que garante um conforto ao rodar superior à média. Somado aos assentos de excelente qualidade e à boa insonoriza­ção, coloca o conforto no topo da lista de qualidades do SUV médio já vendido na China – sem a suspensão “mágica”, que não sabemos se chegará ao Brasil – e na Europa.

Avaliamos a versão topo de linha Shine, com o conhecido motor 1.6 THP (turbo e injeção direta) a gasolina, aqui com 181 cv. Além do conforto, outro destaque é a praticidad­e – “culpa” da tradição da marca com minivans. Os três bancos traseiros são individuai­s e deslizam 15 cm de forma independen­te, além de terem encosto reclinável. Assim, permitem modular o espaço conforme a necessidad­e. Na frente, há dois grandes compartime­ntos no console central (um com carregador wi-fi), muitos porta-copos e uma caixa refrigerad­a sob o apoio de braço. O quadro de instrument­os digital de 12 polegadas é claro, com diferentes layouts predefinid­os.

Mas há coisas cuja praticidad­e é questionáv­el. O comando do piloto automático, por exemplo – a velha alavanquin­ha – fica meio escondido pelo volante e o sistema de infotainme­nt é completo e agradável de ver, mas tudo é feito por toque (já criticamos isso no irmão menor C4 Cactus). Para mudar a temperatur­a do ar-condiciona­do, por exemplo, é preciso passar por várias telas – não dá para simplesmen­te girar um botão. Isso rouba a atenção do motorista.

Em movimento, a nova transmissã­o automática de oito marchas se destaca: fluida, responsiva, com pouco patinament­o e perfeita

lógica de operação. Quase nunca dá vontade de usar o modo manual, assim como são desnecessá­rios o Sport e o Eco, que variam – mas não muito – respostas da transmissã­o e do motor. Pena que não ajuste as suspensões, pois elas são passivas e sua calibração, como vimos, privilegia o conforto e não pode ser modificada. Bom para as costas, mas ruim para a dinâmica do SUV.

O motor 1.6 turbo não é novo nos modelos do grupo PSA – é o mesmo usado no primo Peugeot 3008, com quem compartilh­a a plataforma EMP2. Aqui o conjunto agrada mais uma vez, garantindo ao C5 Aircross uma personalid­ade elástica, com respostas bastante fortes quando solicitada­s pelo pé direito (0-100 km/h em 8,8 segundos). Mas o SUV é pesado, embora não exageradam­ente, e assim cobra no consumo extra quando se exige mais dele. Em média, marcamos 12 km/l, um resultado apenas razoável para sua categoria.

O C5 Aircross deve conquistar principalm­ente as famílias que buscam um SUV mais espaçoso e confortáve­l que a média e com design que chama a atenção. Se a Citroën o trouxer com suspensão “tapete mágico” e preço na faixa de R$ 150 mil, deve conquistar uma bela fatia do segmento – aproveitan­do o embalo do C4 Cactus, que vem sendo bem recebido pelo consumidor brasileiro.

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 ??  ?? Essa é a minivan C4 Picasso, quesai de linha e se “transforma” em SUV, seguindo a tendência do mercado Ao lado, o controle do piloto automático e regulador de velocidade, escondido pelo volante, e o retrovisor com câmera, opcional. A tela da central multimídia controla outras funções, ar-condiciona­do incluído. Uma escolha questionáv­el, pois exige constante mudanças de menus e causa distração
Essa é a minivan C4 Picasso, quesai de linha e se “transforma” em SUV, seguindo a tendência do mercado Ao lado, o controle do piloto automático e regulador de velocidade, escondido pelo volante, e o retrovisor com câmera, opcional. A tela da central multimídia controla outras funções, ar-condiciona­do incluído. Uma escolha questionáv­el, pois exige constante mudanças de menus e causa distração
 ??  ?? Acima, as lanternas de LED que estão presentes em toda a gama (já os faróis full-LED são de série só na versão Shine). Da minivan da qual se originou, o C5 Aircross herda os muitos portaobjet­os, incluindo um central, sob o apoio de braço, refrigerad­o e que acomoda uma garrafa de 1,5 litro. Há, ainda, sistema de carregamen­to de celular sem fio. As saídas de ar ficam nas laterais da central multimídia e o portaluvas é grande. À direita, o sistema Grip Control, que adapta o carro a diferentes terrenos
Acima, as lanternas de LED que estão presentes em toda a gama (já os faróis full-LED são de série só na versão Shine). Da minivan da qual se originou, o C5 Aircross herda os muitos portaobjet­os, incluindo um central, sob o apoio de braço, refrigerad­o e que acomoda uma garrafa de 1,5 litro. Há, ainda, sistema de carregamen­to de celular sem fio. As saídas de ar ficam nas laterais da central multimídia e o portaluvas é grande. À direita, o sistema Grip Control, que adapta o carro a diferentes terrenos
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 ??  ?? O C5 Aircross pode ter bancos com ajuste elétrico, aqueciment­o e massagem (herança do C4 Picasso). Os assentos traseiros são individuai­s e deslizante­s, com encostos reclinávei­s Com os bancos para trás, são 479 litros de capacidade no porta-malas, mas se você colocá-los para a frente ganha 102 litros, chegando a 581 – e isso sem sacrificar quase nada o conforto de quem viaja ali
O C5 Aircross pode ter bancos com ajuste elétrico, aqueciment­o e massagem (herança do C4 Picasso). Os assentos traseiros são individuai­s e deslizante­s, com encostos reclinávei­s Com os bancos para trás, são 479 litros de capacidade no porta-malas, mas se você colocá-los para a frente ganha 102 litros, chegando a 581 – e isso sem sacrificar quase nada o conforto de quem viaja ali

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