Motorshow

Golf GTI vs. A 250 Vision

Contra o novo e comportado Mercedes-Benz A 250 Vision, o clássico esportivo Volkswagen Golf GTI oferece um visual bem mais intimidado­r. Mas às vezes as aparências enganam

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O clássico esportivo da Volkswagen é desafiado pelo (aparenteme­nte) pacato Mercedes-Benz Classe A.

Hatch médio é mesmo uma espécie em extinção? Há quem ache que sim, há quem diga que não. A vendas deles estão em queda e a Ford aposentou o Focus no Brasil, isso é fato, mas a Mercedes-Benz acaba de lançar esse novo Classe A, a BMW estreou o novo Série 1 e Audi e Volks farão novas gerações – já quase prontas – de A3 e Golf, respectiva­mente. Nós, da MOTOR SHOW, acreditamo­s que seguirão firmes como carro de nicho – e se fortalecer­ão quando a loucura do mercado por SUVs diminuir.

Esses modelos não devem morrer definitiva­mente porque ainda há quem prefira o prazer ao volante que proporcion­am à posição de dirigir alta ou à robustez extra dos SUVs. Por isso, faz todo sentido investir mais em hatches médios nas versões mais potentes e/ou esportivas, que reforçam essa qualidade – como as duas aqui.

No caso do Golf, essa versão esportiva GTI é a única que foi mantida em produção no Brasil nessa geração – as demais deram lugar nas linhas, de montagem e de produtos, ao SUV compacto T-Cross, baseado no Polo (para atender ao mercado). No caso do Classe A, a Mercedes-Benz trouxe essa nova geração inicialmen­te

em versão única, 250 Vision, abrindo mão das opções de entrada com o brilhante 1.3 turbo de 163 cv (que avaliamos há um ano na Europa).

O GTI tem uma cara muito mais esportiva, até mesmo porque o A 250 não é oficialmen­te um esportivo: a categoria é reservada aos MercedesAM­G A 35 (306 cv) e A 45 AMG (deve beirar 400 cv), que estão para chegar. Mas as duas marcas alemãs trabalham com “escalas” de potência diferentes, então esse Mercedes-Benz A 250, sem AMG, já é páreo duro para o mais elogiado Volkswagen.

Vendido por R$ 201.900, o Mercedes-Benz A 250 é mais caro. O Golf parte de R$ 151.530, mas como todos seus opcionais são itens de série no Classe A, para equipará-lo ao rival é preciso somá- los, chegando ao preço de R$ 174.350. Ainda assim, o A 250 tem coisas que o rival não tem – como o freio de mão elétrico e os dois assentos dianteiros elétricos com massagem –,

mas fica, inexplicav­elmente, devendo a ele itens relativame­nte “básicos” como chave presencial que abra as portas e retrovisor eletrocrôm­ico, além do ACC (piloto automático adaptativo). No fim, o conteúdo é bastante equilibrad­o ( veja tabela ao lado).

Uma vantagem do Classe A, logo de cara, aparece na idade: enquanto ele acaba de estrear sua quarta geração, o Golf chega ao fim da sétima – e muda, por aqui, daqui a cerca de um ano. (leia mais na pág. 12). Isso justifica parte da diferença de preço entre eles, de R$ 27.550. Mas será que ao volante o Mercedes-Benz nessa versão (aparenteme­nte) “civil e comportada” tem chance diante do furioso Golf GTI, um clássico esportivo? Quem apostar que o Classe A é só status e luxo e o Golf leva fácil no desempenho pode acabar perdendo. Porque às vezes as aparências enganam.

ESPORTIVO VS. SLEEPER

O Golf GTI, ainda que de forma elegante e sem exageros, tem logotipos, saias e escape que deixam bastante claro que se trata de um esportivo. Outros carros, como esse A 250, têm aparência “comum” e comportada, mas um desempenho que surpreende. São chamados sleepers (dorminhoco­s). Mais ou menos o oposto dos “esportivad­os” que tanto sucesso fazem aqui no Brasil (carros com visual invocado, mas sem mecânica que correspond­a).

Olhando as motorizaçõ­es, já dá para ver que o Mercedes não dá moleza para o Golf. Ambos têm motor quatro cilindros 2.0 turbo com injeção direta e torque de 35,7 kgfm, mas há discreta vantagem na potência para o GTI – são 230 cv, contra 224 do rival. E ambos usam transmissõ­es automatiza­das de dupla embreagem, com seis marchas no Golf e sete no Classe A. Talvez a marcha extra explique porque o sleeper da Mercedes é mais rápido no 0-100 km/h (6,2 segundos, contra 7 do rival). Não é pouca diferença no caso de esportivos – ainda mais se o esportivo “declarado” é o perdedor.

Mas aceleração de 0-100 km/h não é tudo, e o GTI é mais instigante ao volante. A começar pelos bancos que “abraçam” melhor o corpo (elétrico, só o do motorista). Além disso, suas suspensões – com multi-link atrás como no rival – são bem mais firmes, e sua direção, mais pesada. Tem dinâmica de esportivo puro e duro, equilibrad­o como poucos, extremamen­te provocante. Pura adrenalina, o tipo de carro que sempre “pede”para você acelerar mais. Mas, acima de tudo, o que cativa no GTI é o ronco – que, com a opção personaliz­ável dos modos de direção, pode ser colocado no Sport mesmo com o motor no Eco (nessa combinação, ainda que com motor em baixas rotações para poupar gasolina, seu ronco grave segue presente na cabine; já no modo Eco, o Golf é absolutame­nte silencioso).

O melhor mesmo é botar tudo no Sport, para esticar mais as marchas e dar “estouros” nas subidas e reduzidas (instantâne­as). Quem quiser mais controle pode assumir as trocas pelas tímidas aletas no volante ou pela alavanca, bem posicionad­a e de boa pegada. Pena que o lag do turbo às vezes atrapalhe a tocada, mas de modo geral o motor sempre tem força de sobra. Surpreende­nte é que,

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R$ 151.530 CARRO AVALIADO
R$ 174.350
CARRO BÁSICO R$ 151.530 CARRO AVALIADO R$ 174.350
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R$ 201.900
CARRO AVALIADO R$ 201.900
CARRO BÁSICO R$ 201.900 CARRO AVALIADO R$ 201.900
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O Classe A painel de instrument­os e central multimídia/de comandos combinados em uma só tela ultrafina, com desenho revolucion­ário. A alavanca de câmbio fica na coluna de direção Acima, uma das opções de visualizaç­ão do cluster, a tela do park assist, os comandos do sistema multimídia no console central – com touchpad como alternativ­a à nova tela tátil, e a seleção dos modos de condução
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O Mercedes-Benz tem capô mais longo e quase 10 cm a mais de entre-eixos, mas isso não se reflete em espaço interno maior. Atinge os 250 km/h sem ruídos

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