Quando o músico é bom, mas falta palco
As versões turbo do VW Polo têm como opcional o som premium Beats, mas não adianta alto-falantes poderosos se a montagem não está à altura
Enquanto avaliava o Polo Beats, morreu João Gilberto, um dos maiores músicos da história. Aproveitei para fazer meu tributo: cai na estrada e botei o álbum Getz/Gilberto para tocar. Música de alta qualidade em um sistema de som premium, não poderia ser melhor. Mas logo me lembrei de João no palco, mostrando a língua para o público do Credicard Hall, em plena inauguração da casa, em 1999. O músico respondia às vaias que levou por criticar a qualidade do som, e prometeu não mais tocar lá. Acho que se ouvisse sua voz e seu violão no Polo, tampouco o compraria.
E não é preciso ser exigente como João para reclamar – diversos consumidores nas redes sociais se queixam dele. Como no Credicard Hall, falta palco: o som é límpido em baixo volume, mas não é preciso aumentar muito o volume para os graves poderosos, mesmo com a voz calma e o violão suave de João, fazerem reverberar painel de porta e acabamentos, numa sinfonia de plástico que se sobrepõe à voz do cantor. Um caso de “músico bom, mas falta palco”.
O Polo Beats é um kit opcional de R$ 2.970 no versão Comfortline e R$ 2.360 no Highline (é mais caro no Polo básico pois troca rodas aro 15 por 16, que a versão top sempre tem). Por esses valores, tem amplificador de 300W, quatro alto-falantes e dois tweeters especiais (na coluna, com logo Beats), além de subwoofer no porta-malas – daí o sistema S.A.V.E., com prateleira que divide o bagageiro, ser adicionado (debaixo sobra pouco espaço, então ele fica menor). Ainda fazem parte do pacote adesivos laterais, soleiras Beats e bancos com costuras vermelhas, além de painel todo com acabamento vermelho (um tanto cansativo) e retrovisores na mesma cor (esses charmosos).
Uma outra coisa boa do som poderoso é que esconde o barulho do três cilindros – que, convenhamos, não é tão bonito. Sua performance, por outro lado, impressiona. O carro é bem ágil, ainda mais quando se assume as trocas de marcha pelas aletas (e ainda assim econômico). E as suspensões são macias, mas mantém o carro plantado ao chão, com maturidade dinâmica equivalente à do Golf. No fim, ao volante esse é o mesmo Polo de sempre, o melhor do segmento nesse ponto, pois é um carro extremamente afinado – bem mais que esse sistema de som.