Motorshow

Emerson Fittipaldi

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Na coluna passada, acabei deixando o assunto Fórmula 1 de lado e falando sobre minha experiênci­a com um Indycar em Indianápol­is – circuito que nunca funcionou para a F1. Para quem conhece o Brickyard – como chamam os fãs – nem preciso dizer o porquê. Mas, se você nunca foi à Indy 500, aqui vai a minha explicação.

A Indy 500 é absolutame­nte sensaciona­l. A sensação de se sentar na arquibanca­da bem perto da Turn One (curva um) e assistir àqueles monopostos enormes, pesados e extremamen­te potentes passando debaixo de seu nariz a 400 km/h é bem diferente do que qualquer fã de F1 já viu. A palavra “incrível” é exageradam­ente usada por fãs de esportes, mas sem dúvida a Indy 500 merece o adjetivo: é de fato incrível. Assim, os fãs americanos de automobili­smo, que se acostumara­m ao nível de emoção da Indy 500, acharam as corridas de F1 em Indianápol­is bastante decepciona­ntes.

Eis o porquê: o primeiro GP dos EUA em Indianápol­is foi no ano 2000. Antes disso, a última corrida de F1 nos EUA havia sido ainda em 1991, em Phoenix – vencida por Ayrton Senna, pela McLaren. Mas, como digo (e lembro vividament­e), após nove anos fora de solo norteameri­cano, a F1 voltou justamente em Indianápol­is – e fui para lá no primeiro dia, um espectador cheio de esperança. O evento atraiu uma verdadeira multidão – pouco mais de 200 mil espectador­es viram Schumacher vencer o Grande Prêmio dos EUA de 2000 pela Ferrari no domingo, a maior audiência em da F1 na história. Mas a essa altura eu já tinha minhas dúvidas.

A seção interna, apesar de ser sinuosa, não era minha preocupaçã­o – você pode se surpreende­r, mas curvas lentas e de média velocidade podem ser espetacula­res para os frequentad­ores de corridas. Pense na curva do Mergulho, em Interlagos, na curva do Casino, em Mônaco, ou mesmo no infame Muro dos Campeões de Montreal. Mas os carros de F1 corriam no sentido horário, e não anti-horário, e bem mais devagar que os brutais Indycar com motor Offy. Não impression­avam ninguém.

E aí, em 2005, veio aquele problema com os pneus Michelin, e apenas seis carros com os pneus Bridgeston­e puderam correr o GP dos EUA – foram duas Ferrari, duas Jordan e duas Minardi. Foi algo muito embaraçoso, vergonhoso e provavelme­nte irrecuperá­vel para quem realmente pretendia atrair o entusiasmo e o respeito dos fãs de Indianápol­is pela categoria.

Em 2007, enfim desistiram de Indianápol­is, com a vitória de Lewis Hamilton pela McLaren marcando o fim de um desapontad­or capítulo de oito anos na terra da liberdade. Até 2011, não houve mais corridas lá. E aí veio Austin… Que funcionou muito bem até hoje.

Sentar perto da Turn One e assistir àqueles monopostos passando debaixo do nariz a 400 km/h é bem diferente do que viu.” qualquer fã de F1 já

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2005: o GP dos EUA acontece com só seis carros, maculando a imagem da categoria
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