Estrela elétrica
O Mercedes-Benz EQC marca a entrada da fabricante alemã na era dos carros de emissão zero. O novo SUV combina desempenho e conforto com autonomia adequada – e soluções para reduzir a ansiedade pela recarga
Começar dizendo que o EQC é extremamente silencioso seria de uma banalidade desconcertante. Mas é a simples realidade, a primeira coisa que você percebe assim que começa a se mover a bordo do pioneiro da família/submarca EQ, que até 2022 terá dez modelos. O utilitário esportivo movido a bateria da Mercedes-Benz, se comparado a outros carros semelhantes, realmente se destaca pelo conforto, graças a um trabalho meticuloso de contenção de ruídos e vibrações resultantes da mecânica simplificada – que deriva do conhecido GLC, com o qual ele compartilha a linha de produção na fábrica de Bremen, na Alemanha. Mas o EQC não é apenas um GLC no qual se adaptou um motor elétrico: 86% dos componentes são totalmente novos. E falamos não só dos aspectos ocultos, que o consumidor não verá, mas também da carroceria com design de mais personalidade e da cabine com linhas e materiais refinados. Os tecidos que revestem o painel, por exemplo, são caros e magistralmente acoplados. Porém, à medida que os quilômetros passam a bordo do EQC, descubro que o aspecto ao qual os engenheiros da marca dedicaram maior cuidado não foi ao luxo e ao conforto, mas ao ponto em torno do qual giram quase todas as questões sobre os carros elétricos: a autonomia. É preciso garantir que ela seja sempre suficiente para as necessidades. O EQC é um SUV de 4,76 m de comprimento com dois motores elétricos, 408 cv de potência e peso de 2.495 kg – dos quais 652 são da bateria de 80 kWh. A autonomia no ciclo europeu é de 445 km, mas na prática não passa muito de 300 km. A Mercedes, então, tenta todas as soluções possíveis para minimizar o que é chamado de “ansiedade pela recarga”. Começa com um sistema de infotainment MBUX totalmente repensado, com uma miríade de informações on-line que ajudam o motorista em sua jornada: se você diz que vai do ponto A para o B, o sistema sugere onde e quando parar para recarregar com base no trânsito, nos tipos de estrada e na disponibilidade – em tempo real – das estações de carregamento. Além disso, com o serviço Mercedes Me Charge, no carro ou no smartphone, você pode fazer a recarga em qualquer posto europeu pagando uma única conta (o tempo vaia de 40 min para 80% de carga em estações superrápidas a mais de 50 horas em tomada comum; no wallbox doméstico leva 11 horas). E isso não é tudo. Há cinco modos de condução disponíveis, incluindo o Max Range (“autonomia máxima”), que, “lendo” os sinais de trânsito, não permite que você acelere mais do que o mínimo necessário (exceto em situações de emergência,
quando basta afundar o pé direito). É um modo de tornar seu estilo de condução o mais ecológico possível. Na prática, o acelerador vibra sensivelmente quando você tenta acelerar ao se aproximar de uma descida ou uma parada. O pedal direito também pode ser usado para frear, pois se você definir seu poder regenerativo para o máximo (usando as aletas no volante), basta soltá-lo para parar o carro, ou quase. E também é usado, claro, para curtir as acelerações que só um elétrico oferece, especialmente em curtos “tiros”: o EQC te gruda no banco com uma aceleração de 0-100 km/h em 5s1 (são 78 kgfm!). Na Europa, o SUV parte de pouco menos que os rivais Audi e-tron e Jaguar I-Pace: € 76.839 na versão Sport contra € 82.460 do inglês e € 85.140 do alemão. Mas o primeiro EQC, já em pré-venda na Europa, será a série especial 1886 Edition, de € 87.221 com todos os opcionais e um pacote com seis anos ou 160 mil quilômetros de manutenção incluídos. O Jaguar já estreou – como você acaba de ver – e o Audi e-tron chega em breve. Se eu fosse da Mercedes, correria para trazer logo o EQC. E por menos de R$ 450 mil.