Motorshow

Toyota Corolla

Líder dos sedãs médios, o japonês chega em versões com mecânicas distintas. Veja qual delas é a melhor para você

- TEXTO FLÁVIO SILVEIRA FOTOS ROBERTO ASSUNÇÃO

Anova geração do Toyota Corolla chegou em dose dupla. Parte de R$ 99.990, mas, por R$ 124.900, ele pode vir com o novo motor 2.0 flex ou, então, na inédita versão híbrida. Se esta vale a pena, veremos adiante. Antes, vamos falar do que mudou na 12a geração do carro mais vendido da história – e modelo mais vendido de sua categoria hoje no Brasil e no mundo.

Há três versões a combustão – GLi, XEi e Altis –, além da Altis Hybrid. Os primeiros têm o novo 2.0 “Dynamic Force” e um câmbio CVT também inédito. Mas a maior novidade está no mais moderno dos Corolla, o primeiro carro híbrido flex do mundo, com um motor 1.8 bicombustí­vel combinado a dois motores elétricos e um sistema de recuperaçã­o de energia que alimenta a sua bateria.

O design externo é bem moderno e harmonioso, fala por si só. Questão de gosto, mas na redação o achamos bastante bonito. Já em relação à cabine, muitos torciam o nariz para a atual. Alguns a considerav­am ultrapassa­da, em parte por causa do “clássico” relógio analógico no painel – enfim aposentado –, em parte pelas linhas “quadradas”. Outros diziam ser simplesmen­te sem graça.

Agora, a cabine continua conservado­ra, mas aposta em superfície­s limpas, clean, vazios e linhas suavizadas. O acabamento é caprichado, com materiais emborracha­dos, exceto em parte da porta. Com couro bicolor, que no Altis Hybrid faz parte do pacote Premium (R$ 6.000) e no Altis 2.0 vem de série, essas duas versões se diferencia­m bem das demais. O GLi já tem todos os airbags e os retrovisor­es com rebatiment­o elétrico, mas falta o regulador de velocidade e o ar-condiciona­do manual não é digno (a partir do XEi é automático). Já os topo de linha – Altis ou Altis Hybrid com pacote Premium – têm ar-condiciona­do digital bizone e mais, mas fazem falta freio de mão elétrico, sensor de estacionam­ento, saídas de ar traseiras e módulo pra subir os vidros ao travar as portas na chave. Painel digital, porém, só o Corolla Hybrid tem.

O sistema multimídia touchscree­n tem práticos atalhos por botões. A tela de 8” mostra informaçõe­s de consumo (e/ou sistema híbrido), e enfim o Toyota conecta Android Auto/Apple CarPlay. Os comandos no volante são diretos e fáceis, parecidos com os da Volkswagen na sua lógica de operacão, que é muito boa. Quanto ao espaço interno, fica “no padrão” do segmento, com medidas externas que quase não mudaram. O banco traseiro é ideal para dois, mas leva três sem problemas – em um banco bem macio, como os dianteiros. O portamalas segue com 470 litros, mínimo aceitável para a categoria, e falta um puxador para fechá-lo.

MAIS TECNOLOGIA

Outra novidade são os sistemas de auxílio ao motorista. Há frenagem automática de emergência, controlado­r de velocidade adaptativo (ACC), luz alta automática e assistente de manutenção em faixa ativo, mas faltam monitor de ponto cego e sistema de estacionam­ento automático. Mimos de utilidade relativa e que nem sempre funcionam bem: em uma rua estreita, na curva o Corolla “viu” o carro estacionad­o e me alertou para frear; levei um susto. Já o ACC só funciona acima de 30 km/h, não ajudando no trânsito pesado. E fique atento: se está o usando a 50 km/h e o carro da frente reduz, aos 30 km/h ele desliga e você precisa assumir.

A plataforma GA-C também investiu em tecnologia, e isso baixou o centro de gravidade, deixou a carroceria 60% mais rígida e permitiu adotar uma suspensão traseira independen­te, que mudou bem a dinâmica do sedã, melhorando o comportame­nto em curvas sem sacrificar a robustez – e ele continua superando buracos com valentia (o conforto impression­a). A direção, porém, é imprecisa ao centro e meio leve em alta velocidade. De qualquer forma, a evolução dinâmica será melhor apreciada no Corolla 2.0, pela maior esportivid­ade. No híbrido, o negócio é economia e conforto.

UM NOVO MUNDO

O Corolla Hybrid marca a “verdadeira” estreia dos híbridos no Brasil: a tecnologia aparece pela primeira vez em um líder de vendas, com potencial de “popularizá-la”. Poder usar etanol é um extra em

termos econômicos/ambientais, mas o grande lance é o trabalho conjunto e inteligent­e do motor a combustão com os elétricos.

Afinal, o Hybrid não é um carro “normal” e tampouco elétrico puro: equilibra perfeitame­nte as mecânicas (e não precisa ser recarregad­o na tomada). A bateria está quase sempre na metade: você desce uma ladeira, enche; você pega uma subida ou acelera forte, esvazia. Na cidade, basicament­e, o motor a gasolina é ligado ao se acelerar e desligado ao tirar o pé – aí o carro segue por inércia ou apenas movido pela eletricida­de, em absoluto silêncio.

Mesmo no modo Eco, as saídas são ágeis, pois sempre têm a ajuda dos motores elétricos (com torque máximo totalmente disponível a qualquer hora). O sedã fica um pouco mais amarrado para recuperar mais energia nas desacelera­ções (surpreende­u a frenagem sem “degrau” entre regeneraçã­o de energia e a frenagem real).

Já no “normal”, o Corolla Hybrid fica bem mais gostoso de dirigir, com o sistema elétrico entrando forte e a reação ao pedal direito sempre imediata. Em baixas velocidade­s, as retomadas surpreende­m pela agilidade, mesmo que o som do motor flex não combine com as respostas. Sem acelerar muito, ele aproveita o que “sobra” do 2.0 em funcioname­nto para carregar a bateria. Mais um degrau acima, no modo Power, o sedã fica até malcriado, muito arisco – mas o CVT, que não simula marchas, dá umas “patinadas” em aceleradas fortes (o modo B aumenta o freio-motor-gerador, bom para descidas e aproximaçã­o de pedágios, por exemplo).

Mesmo que ao volante a impressão seja de que o motor a combustão trabalha demais, e mesmo não rodando mais do que 3 km no modo EV (100% elétrico), o motor 2.0 passa 50 a 60% do tempo desligado no uso urbano. Deste modo, com etanol marcamos 13,5 km/l em trânsito pesado, onde sedã “tradiciona­is” fazem 5 ou 6 km/l, e incríveis 18 km/l com trânsito normal (já com gasolina, marcamos mais de 21,5 km/l de média urbana no Eco).

O calcanhar de Aquiles do Corolla Hybrid, como ocorre com todo híbrido, está na estrada. Neste cenário, falta potência, pois os três motores entregam juntos no máximo 123 cv, pouco para seu porte e peso. São mais de 11 segundos no 0-100 km/h e as retomadas são bastante lentas (e ruidosas). Com etanol, fizemos 12 km/l, e, com gasolina, 17 km/l – nada muito diferente do que fazem as versões a combustão do Corolla e outros sedãs.

COROLLA vs COROLLA

Já em um uso rodoviário, o Corolla “tradiciona­l” agrada mais, principalm­ente pela potência extra do seu novo motor 2.0 flex com ciclo Atkinson e injeção direta ou indireta, conforme melhor para a situação. Mesmo sem turbo, a potência é de ótimos 169/177 cv (g/e), ante 143/154 cv do antigo. A aceleração de 0-100 km/h fica em 9,8 segundos, e o novo câmbio CVT simula dez marchas e evita que o motor suba demais de giros em retomadas (no modo manual, por alavanca ou aletas, dá para “travar” na desejada). A 120 km/h, são 1.900 rpm, e nossas médias chegaram a 11,5 km/l com etanol e 16 km/l com gasolina (similares às do híbrido).

Na cidade, a primeira “de verdade” (com engrenagem), deixa as saídas agradáveis, sem aquela patinação típica dos CVTs – curioso é que, a qualquer hora em que você opta por trocas manuais, seja a 50 ou 120 km/h, ele “engata” a quinta (a relação é virtual). Em D, você mal nota as trocas; a caixa privilegia o consumo. No trânsito pesado, porém, marcamos 6 km/l com etanol – de metade a um terço do rendimento obtido pelo Corolla Hybrid.

Estabeleci­das as diferenças, e sendo ambos os Corolla tão bons, fica a dúvida: “normal” ou Hybrid? O último representa o melhor do sedã para quem procura conforto e economia. É a melhor opção de R$ 125 mil, principalm­ente para um uso mais urbano. Na maior parte dos casos, vale a pena abrir mão do pacote Premium ou pagar R$ 6 mil a mais por ele. Mas, se o seu uso é principalm­ente rodoviário ou você quer um desempenho apimentado, prefira o 2.0 (ou algum dos rivais renovados – leia a seguir).

PS: Para recuperar R$ 6 mil de diferença no consumo (a preços de SP) são precisos dois anos e meio (gasolina) ou três (etanol) para quem roda 15.000 km/ano, 75% na cidade (consumo de nosso teste; pelo PBEV seriam seis). Já quem roda 55% na cidade e 45% na estrada levará três a quatro anos (MS), ou sete a oito anos (Inmetro). Muitos trocarão de carro antes, mas lembre-se que os preços dos combustíve­is variam muito, e ainda há benefícios para os híbridos como a isenção do rodízio de veículos em São Paulo e desconto no IPVA (varia segundo o Estado).

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O acabamento bicolor é claro na parte mais alta. Bom, porque suja menos. As dimensões não mudaram, mas o espaço interno é bom, com túnel central baixo. O porta-malas é menor que a média do segmento. Tem alças tipo pescoço de ganso não protegidas e falta um puxador para fechá-lo
 ??  ?? O painel mudou bastante e aposentou o polêmico reloginho digital, mas continua bastante conservado­r. O acabamento não impression­a, mas agrada, e a montagem é impecável. A tela central fica bem no campo de visão do motorista e os comandos do volante são bastante intuitivos. Falta freio de mão elétrico
O painel mudou bastante e aposentou o polêmico reloginho digital, mas continua bastante conservado­r. O acabamento não impression­a, mas agrada, e a montagem é impecável. A tela central fica bem no campo de visão do motorista e os comandos do volante são bastante intuitivos. Falta freio de mão elétrico
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Acima, os quadros de instrument­os do Hybrid e o – mais simples – do 2.0 Dynamic. Ao lado, a tela que mostra o fluxo de energia e atuação dos motores. Abaixo, o seletor (híbrido) de modo de condução e modo elétrico, e a alavanca de câmbio. Apenas a versão tradiciona­l, com motor a combustão, tem a opção de trocas sequencias
Corolla Flex Acima, os quadros de instrument­os do Hybrid e o – mais simples – do 2.0 Dynamic. Ao lado, a tela que mostra o fluxo de energia e atuação dos motores. Abaixo, o seletor (híbrido) de modo de condução e modo elétrico, e a alavanca de câmbio. Apenas a versão tradiciona­l, com motor a combustão, tem a opção de trocas sequencias
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