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Range Rover Evoque

Um dos precursore­s dos badalados SUV-cupês, o Range Rover Evoque chega à segunda geração e prova, em uma aventura no interior, que é bem mais que um “SUV de shopping” e pode encarar trilhas com bastante disposição

- TEXTO FLÁVIO SILVEIRA FOTOS ROBERTO ASSUNÇÃO

OEvoque envelheceu bem, ao contrário do que muito pensavam. E rejuvenesc­eu o mercado. O fato é que o Land Rover nascido conceitual­mente em 2007 e vendido desde 2011 chega à segunda geração, e o mais incrível é que seu design – bastante ousado e futurista à época –, se mantém atual,e por isso nem muda tanto. Quando o SUV nasceu, alguns o chamaram de “anti-SUV”, outros de “Freelander cupê” – tinha até versão duas portas. De fato, está entre os precursore­s da categoria, não tanto na forma, mas no conceito.

Radical no visual, o SUV foi um divisor de águas da marca. Mais que “SUV-cupê”, é um SUV-chique, “o Range Rover dos SUVs compactos” – inclusive ele inaugurou o uso do nome Range Rover como “submarca” da Land Rover. Porque se “Range Rover” antes era um modelo, o mais luxuoso Land Rover, e depois veio sua versão Sport, na verdade inicialmen­te baseada no Discovery, o Evoque foi o primeiro dos Land Rover a incorporar o conceito “família Range Rover” (agora formada, além do citados, também pelo Velar).

Falando no Velar, como antecipamo­s, o novo Evoque é um “miniVelar”. Nenhuma surpresa, já que, tendo sido o Velar inspirado no Evoque e evoluído dele, seria natural o Evoque se parecer com ele. E parece muito. Manteve o teto “flutuante” e descendent­e, mas trocou faróis, alargou lanternas, mudou para-choques – diferentes neste R-Dynamic avaliado, top de linha, que ainda veio com o “black pack”, com o logo “Range Rover” em preto sobre preto, e a mesma cor no extrator, dando um ar mais invocado – sem trocadilho­s – ao SUV.

Apesar de não parecer que mudou tanto, a plataforma é 99,9% nova. “Só não mudam as dobradiças das portas”, diz Paulo Manzano, diretor de marketing e produto da marca. Chamada PTA, está pronta para a hibridizaç­ão e, para manter o SUV como compacto, cresceu só 1 cm no compriment­o (fica entre HR-V e Compass) e 2,1 cm no entre-eixos, ganhando pouco na cabine e no porta-malas. Assim como no clássico Range Rover, a proposta do Range Rover Evoque é fazer de tudo. A marca se refere a ele como “o SUV compacto mais capaz e refinado do mundo”. Seria um carro que te leva ao shopping com luxo e estilo, bem na moda dos SUVs urbanos, anda rápido na estrada e ainda aguenta muita porrada no uso off-road. Mas ele será mesmo tudo isso?

O invocado pacote black traz logo na tampa traseira preto em fundo preto, quase ilegível, e extrator na mesma cor. Ao lado, a primeira geração do SUV inglês

O RANGE ROVER DOS COMPACTOS

Escondidas na carroceria, as maçanetas saltam para se abrir o carro. O interior igual ao do Velar, com três telas TFT – quadro de instrument­os, infotainme­nt e, abaixo, a que controla modos de direção, som ou ar (você escolhe). Um botão na própria tela a ajusta elétrica e milimetric­amente na inclinação para evitar reflexos. No retrovisor, em vez da imagem do espelho, uma próxima e aberta, sem cabeças, colunas ou coisas no caminho, que vemde uma câmera na antena. Depois de usá-lo, não queria mais usar o normal (é possível). No mais, materiais impecáveis, um teto de vidro enorme, e, nesta versão, bancos e volante com ajuste elétrico, GPS por CarPlay/Android Auto (e nativo com aviso de radar), head-up display, som Meridian, ACC, park assist, monitor de ponto-cego... De fato, um “Range Rover compacto” (só faltou um carregador por indução).

Para ir ao shopping ou à praia pelo asfalto, o SUV continua quase só elogios. Ao volante, não mudou muito (e nem precisava), exceto pelo desempenho mais apimentado. Afinal, nesta versão, troca o velho 2.0 turbo da Ford de 240 cv pelo da casa, com 300 cv. Boa também a substituiç­ão do confuso controle giratório do câmbio pela alavanca, mais fácil e mais esportiva para as trocas manuais (também há aletas).

Este Evoque é um MIEV (híbrido leve). O motor-gerador elétrico recupera energia nas frenagens e usa para preencher “vazios” do a combustão. O SUV vai a 100 km/h em ótimos 6,6 segundos, está sempre esperto e chega a 180 km/h sem você notar. Mas cobra no consumo, que, apesar de tudo, piorou: são só 7,1 km/l na cidade e 9,2 na estrada pelo PBEV – na prática, marcamos 6 km/l na cidade e 9 na estrada (mesmo a 120 km/h a baixas 1.750 rpm). Andando forte, ele não decepciona, com suspensões que controlam a carroceria sem sacrificar o conforto e uma direção boa, pesadinha e afiada.

O ajuste do volante é amplo e elétrico, e a posição de guiar, excelente. Três grandes telas personaliz­áveis formam uma das mais belas cabines do mercado

MUITO ALÉM DO SHOPPING

Depois de rodar na cidade de São Paulo e em rodovias, seguimos para trilhas nas cuestas de Botucatu, SP, para ver se o SUV honra as raízes e vai além do shopping center. Com o know-how da marca inglesa, estranho se não fosse. Mesmo nesta versão com para-choques diferentes e menores ângulos de ataque e saída, exceto por raspadinha­s da dianteira, passou com facilidade por estradas de terra em estado deplorável, pastos, riachos (até 60 cm de água) e atoleiros, e isso com pneus de asfalto.Mérito da tração integral inteligent­e Terrain Response 2, que reconhece o terreno e e se adapta aos desafios (no novo modo Auto, que se soma aos demais). Outras novidades são o incrível “capô transparen­te” (uma câmera mostra o chão para evitar pedras) e o prático ATPC, que mantém a velocidade e supera atoleiros, subidas ou descidas controlada­mente, melhor do que você faria (resta atuar no volante). Ainda há o gradient release control, que solta os freios lentamente em barrancos.

E tudo isso com conforto surpreende­nte, ainda mais consideran­do o desempenho no asfalto. Portanto o Evoque tem, também, a prometida ultra-versatilid­ade de Range Rover. E os preços? Partem de R$ 281.600 no SE flex de 250 cv, indo a R$ 322.300 no modelo avaliado. Caro? Nem tanto. Principalm­ente comparado a outros SUVs rivais (alemães) de mesmo preço e menos capazes.

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A imagem do espelho retrovisor pode ser trocada por uma da câmera traseira: sem obstáculos, é até melhor que a imagem real
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Na trilha off-road, testamos o sistema de auxílio em descidas e atravessam­os rios – mas não chegamos perto do limite de 60 cm que ele pode atravessar
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Acima, entre outras várias informaçõe­s, o cluster digital pode mostrar a articulaçã­o da suspensão. Até a tela multimídia tem ajuste de inclinação elétrico, e a outra, mais baixa, pode selecionar os modos de condução. Na foto do meio, a câmera mostra o chão “através do capô” para evitar pedras

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