Em busca da alma de um carro
Quem trabalha em uma publicação especializada em carros como a MOTOR SHOW precisa estar sempre atualizado com as novidades da indústria e as tendências do mercado automotivo, no Brasil e no mundo. Por isso, quando uma montadora anuncia que vai lançar um novo modelo, há uma comoção na equipe. Todos ficam animados com a possibilidade de conhecer em detalhes os atributos, as vantagens e os eventuais senões do veículo que acaba de ganhar vida. Os lançamentos que os fabricantes nos apresentam, assim como os segredos que tentam esconder dos jornalistas, são peças muito importantes do complexo conteúdo que publicamos – seja a cada mês, na versão impressa da revista (que este mês alcança a edição de número 431), seja diariamente, em nosso site (motorshow.com.br). Avaliar um carro em primeira mão, antes que ganhe as ruas, é um privilégio – e também uma imensa responsabilidade. Por experiência própria, posso afirmar que nem sempre um novo modelo encanta de imediato. Do design à dirigibilidade, tudo que é novo pode causar estranhamento. E estar aberto às novidades, sem preconceito ou opiniões pré-concebidas, é algo que precisa fazer parte do DNA de quem testa um carro para escrever sobre ele. Muitas vezes, uma percepção inicial de desagrado vai se convertendo em admiração. O convívio com o que é novo precisa, portanto, de algum tempo para se expressar da melhor maneira. Testes rápidos e degustaçõesrelâmpago, feitas em poucos minutos durante um lançamento, podem trair até o mais experiente dos avaliadores. Daí a importância de comparativos mais alentados para estabelecer a verdade sobre um carro e seus rivais. E é nessa especialidade que a equipe da MOTOR SHOW tem buscado se superar. Em 36 anos de vida, foram centenas de comparativos apresentados com todo rigor você que nos honra com seu tempo e confiança. E os critérios de escolha dos modelos comparados muitas vezes causam perplexidade em quem está de fora. Por que, por exemplo, comparar o SUV VW T-Cross com o sedã Honda Civic? Embora tenham propostas distintas, custam o mesmo, dependendo da versão. Então, nesse caso, o critério foi o preço. Nesta edição, o principal comparativo é entre SUVs. E traz uma provocação: “Existe rival para o Compass?” O Jeep é líder de vendas na categoria e sobram razões para isso. Nossos critérios de escolha dos modelos que podem bater o campeão não se limitaram ao preço, evidentemente um parâmetro válido. Priorizamos os atributos pensados para seduzir não só no momento da compra, mas durante o convívio com o modelo. Fatores objetivos como custo de manutenção e o valor de revenda sempre foram avaliados em nossos comparativos. Ao mesmo tempo, tentamos capturar algo mais subjetivo. Ousaria dizer que buscamos decifrar a “alma” de um carro. Carros não são seres humanos, claro, mas a paixão que une uns e outros é algo que transcende a mera relação homem-máquina. Traduzir esse algo a mais de cada modelo é o nosso compromisso com você. |