Motorshow

Fiat Strada

Depois de anos de espera, a picapinha mais vendida do Brasil chega à segunda geração. Maior e melhor, ela virou uma mini-Toro

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Roma non fu fatta in un giorno”, diz a expressão italiana. Sim, a capital italiana não foi contruída em apenas um dia. Assim como esta segunda geração da Fiat Strada, que também demorou bastante para chegar. Lançada ainda em 24 de outubro de 1998, a primeira geração da “picapinha” derivada do Palio substituiu o Fiorino e, ao longo de 22 anos, somou quatro atualizaçõ­es visuais, carroceria­s cabine estendida (1999), dupla (2009) e três portas (2013), além da versão aventureir­a Adventure (2002), que incluiu o Locker – bloqueio eletrônico do diferencia­l – a partir de 2008.

Não por acaso, a Strada é líder de mercado desde o ano 2000 e, com esse histórico vencedor, a Fiat não podia errar na sua atualizaçã­o. Teve que planejar bem a mudança. Daí a demora.

NOVA CARA, NOVOS NOMES

A primeira novidade da picapinha está nas definição dos nomes das versões: Endurance (trabalho), Freedom (trabalho e lazer) e Volcano (lazer). São as mesmas opções da irmã maior Toro – por questão de padronizaç­ão, houve uma unificação das nomenclatu­ras das picapes da Fiat. Apenas a versão Working Cabine Simples 1.4 mantém o design (e o nome) do modelo atual. A nova geração vem nas versões Endurance Cabine Simples S 1.4, Freedom CS 1.3, Endurance Cabine Dupla 1.4, Freedom CD 1.3 e Volcano CD 1.3.

Deixando de lado o conselho “não se mexe em time que está ganhando”, a Strada mudou totalmente para seguir vendendo muito mais que as rivais Chevrolet Montana, Renault Duster Oroch e VW Saveiro. A picapinha passou a ser construída sobre a nova plataforma MPP, exclusiva dela, e, segundo o fabricante, com 90% do underbody feito de aços de alta e ultra-alta resistênci­a. Na ponta da fita métrica, a Strada foi a 4,480 m de compriment­o, 1,732 m de largura, 1,575 m de altura e 2,737 m de entre-eixos, enquanto antes media 4,471 m (c), 1,740 m (l), 1,631 m (a) e 2,753 m de entre-eixos.

O visual foi atualizado, e agora exibe faróis inspirados nos do hatch Argo com sistema full-LED (na Volcano), caixas de rodas quadradas, capô mais vincado e grade do radiador ostentando o novo logotipo do fabricante junto de uma charmosa bandeirinh­a italiana na parte inferior. “A Strada passou a ter uma identidade própria”, conta Peter Peter Fassbender, diretor de design.

A traseira remodelada traz lanternas semelhante­s às da Toro e novo para-choque. A caçamba acomoda 844 litros (680 na antiga Adventure de três portas), com capacidade de carga de 650 kg. Para não roubar espaço, o estepe saiu do compartime­nto de carga. Já a tampa teve a carga de abertura reduzida em 60% (10% menos se comparada à da Adventure). Leve, é possível abri-la ou fechá-la apenas com uma mão. Outro benefício em ela não desabar de vez ao ser aberta. É possível acomodar até 407 kg sobre a tampa, e o compartime­nto ainda oferece quatro ganchos de fixação de cargas e iluminação. Já o rack de teto pode receber objetos de até 50 kg.

NOVO INTERIOR

A adoção da plataforma MPP aumentou a sensação de bem-estar a bordo da picape. O acesso ao interior é facilitado pelas portas frontais e traseiras, com bons ângulos de abertura (70º e 80º, respectiva­mente). Uma vez dentro da picapinha, a cabine seduz pelo aproveitam­ento de espaço. Os confortáve­is bancos utilizam espumas de boa densidade e têm apoios laterais pronunciad­os, que ajudam a segurar o corpo nas curvas. A quantidade de porta-objetos espalhados pelo habitáculo aumentou em 30% (totalizam 15 litros de volume).

Com uma nova arquitetur­a eletrônica, mais moderna que a do Argo, a picape recebeu novos equipament­os de conforto/conveniênc­ia e, principalm­ente, de segurança. O multimídia dotado de tela tátil de 7” foi desenvolvi­do pela Fiat e possibilit­a conectar Android Auto/Apple CarPlay sem cabos. Entretanto, o carregador de smartphone sem fio só deve vir no próximo ano. A direção passou a ser assistida eletricame­nte, mas a coluna é ajustável só em altura – para economizar nos custos. O airbag lateral virá nas versões cabine dupla. Controles de tração/estabilida­de e assistente em rampas são de série em todas as versões.

Embora seja um projeto completame­nte novo, que consumiu 27 meses de desenvolvi­mento, a Strada divide alguns componente­s com outros modelos da Fiat. O para-brisas e a folha da porta dianteira vieram do Mobi, o volante e a alavanca de câmbio são compartilh­ados com o Uno e o quadro de instrument­os vem da dupla Uno/Mobi. São medidas para reduzir custos de produção – mas que não impactam na qualidade final do produto.

NOVO CORAÇÃO

A estrela sob o capô é o 1.3 8V da família Firefly de 101/109 cv a 6.250 rpm (g/e) e 13,7/14,2 kgfm (g/e). Em nenhum momento, você irá sentir falta do 1.8 E.torQ de 130/132 cv e 18,4/18,9 kgfm. Afinal, a picape subiu um degrau no quesito desempenho. A nova mecânica agrada pela elasticida­de.

Nosso primeiro contato com a nova Strada foi na pista do Haras Tuiuti, no interior de São Paulo. E pudemos comprovar como a picape está prazerosa de guiar, graças à facilidade de ganhar velocidade. Na balança, a versão Volcano possui uma relação peso-potência de 10,77 kg/cv (9,44 kg/cv na VW Saveiro Cross 1.6 16V (R$ 87.830) e 10,80 kg/cv na Renault Duster Oroch Dynamique 1.6 16V (R$ 78.990).

O motor Firefly está associado ao câmbio manual de cinco marchas, trazendo uma relação mais curta frente à do Argo. O trambulado­r teve modificaçõ­es para oferecer engates mais leves e precisos. A transmissã­o automática está nos planos da Fiat, mas virá só depois. Já as versões de entrada continuam trazendo o motor Fire 1.4, que, de acordo com a Fiat, correspond­erá por cerca de 90% do volume de vendas.

À medida que a Strada ganha velocidade, não desagrada no quesito isolamento acústico, tampouco os pneus mistos Pirelli Scorpion ATR (50% off-road/50% off-road) emitem barulho excessivo de rolagem na cabine. Pregada ao chão e ligeira no

contorno de curvas, a rigidez torcional é 10% maior que a do modelo antigo. As suspensões foram revistas, com a dianteira com nova travessa, barra estabiliza­dora, geometria e molas e amortecedo­res. Atrás, um novo eixo, com geometria, molas e amortecedo­res revistos. Já a direção é esperta e leve ao esterço, cooperando na dirigibili­dade, e o pedal de freio possui um acionament­o progressiv­o.

Para quem precisa encarar um fora-de-estrada, a Strada tem ângulo de entrada de 24º, de saída de 28º e vão do solo de 21,4 cm. O sistema Locker saiu de cena, mas o TC+ dá conta do recado nos momentos de enfrentar pisos com baixa aderência: associado aos controles de tração/estabilida­de, ele transfere a força para a roda com mais aderência, ajudando nas adversidad­es do off-road.

A Strada virou uma “mini-Toro”, com atributos suficiente­s para continuar agradando aos consumidor­es. É como diz um amigo: “Piano, Piano, se va a lontano” (devagar se vai ao longe). Demorou, mas a Fiat acertou em cheio – e deve seguir na liderança.

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 ??  ?? Agora são quatro portas convencion­ais na versão cabine dupla, e não mais três
Agora são quatro portas convencion­ais na versão cabine dupla, e não mais três
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A cabine tem elementos de outros modelos da marca. A saídas de ar ficam ao lado da central multimídia, para ela poder ficar posicionad­a mais no alto. O ganho no espaço interno foi sensível, assim como a melhoria no acesso ao banco traseiro. Abaixo, o detalhe com os bancos e o espaço traseiro e a nova central multimídia exibindo o Waze pelo sistema Apple CarPlay
 ??  ?? A versão Freedom é mais simples se comparada à Volcano. A maior diferença entre elas aparece nos faróis, que não são do tipo full-LED na Freedom, e no desenho das rodas. Por dentro, a maior diferença aparece nos tecidos dos bancos e na lista de equipament­os de série. Já para o trabalho básico, a versão Working segue em linha com a carroceria antiga
A versão Freedom é mais simples se comparada à Volcano. A maior diferença entre elas aparece nos faróis, que não são do tipo full-LED na Freedom, e no desenho das rodas. Por dentro, a maior diferença aparece nos tecidos dos bancos e na lista de equipament­os de série. Já para o trabalho básico, a versão Working segue em linha com a carroceria antiga
 ??  ?? A configuraç­ão Volcano avaliada é a topo de linha, com rack no teto, rodas aro 15 com pneus de perfil alto. Os pneus mistos ajudam em um off-road leve
A configuraç­ão Volcano avaliada é a topo de linha, com rack no teto, rodas aro 15 com pneus de perfil alto. Os pneus mistos ajudam em um off-road leve
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Motor: quatro cilindros em linha 1.3, 8V Cilindrada: 1332 cm3 Combustíve­l: flex Potência: 101 cv (g) e 109 cv a 6.250 rpm (e) Torque: 13,7 kgfm (g) e 14,2 kgfm a 3.500 rpm (e) Câmbio: manual, cinco marchas Direção: elétrica Suspensões: MacPherson (d) e eixo rígido (t) Freios: Disco ventilado (d) e tambor (t) Tração: Dianteira Dimensões: 4,480 m (c), 1,732 m (l), 1,575 m (a) Entre-eixos: 2,737 m Pneus: 205/60 R15 Caçamba: 844 litros ou 650 kg Tanque: 55 litros Peso: 1.174 kg 0-100 km/h: 11s5 (e) Velocidade máxima: 168 km/h (e) Consumo cidade: 12,1 km/l (g) e 8,4 km/l (e) Consumo estrada: 13,3 km/l (g) e 9,4 km/l (e) Nota do Inmetro: B Classifica­ção na categoria: A (Picape Compacta)
Fiat strada Volcano Motor: quatro cilindros em linha 1.3, 8V Cilindrada: 1332 cm3 Combustíve­l: flex Potência: 101 cv (g) e 109 cv a 6.250 rpm (e) Torque: 13,7 kgfm (g) e 14,2 kgfm a 3.500 rpm (e) Câmbio: manual, cinco marchas Direção: elétrica Suspensões: MacPherson (d) e eixo rígido (t) Freios: Disco ventilado (d) e tambor (t) Tração: Dianteira Dimensões: 4,480 m (c), 1,732 m (l), 1,575 m (a) Entre-eixos: 2,737 m Pneus: 205/60 R15 Caçamba: 844 litros ou 650 kg Tanque: 55 litros Peso: 1.174 kg 0-100 km/h: 11s5 (e) Velocidade máxima: 168 km/h (e) Consumo cidade: 12,1 km/l (g) e 8,4 km/l (e) Consumo estrada: 13,3 km/l (g) e 9,4 km/l (e) Nota do Inmetro: B Classifica­ção na categoria: A (Picape Compacta)

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