Motorshow

COMO DESINTEGRA­R UM SUPERCARRO

Tudo se fragmenta: a realidade, o tempo e os carros dos sonhos. O fotógrafo Fabian Oefner “congela” a explosão em uma imagem aparenteme­nte impossível. Revelamos seu truque

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Em teoria, deveríamos chamá-lo de desintegra­dor, mesmo que, com toda gentileza, Fabian Oefner diga o contrário. O fato é que ninguém imagina como ele pode desmontar carros de colecionad­ores em pedaços pequenos. Ele diz que “é preciso amar o que se desintegra: os carros que escolho são os que mais gosto”. A Série Desintegra­ção (Desintegra­ting Series) do artista suíço com ateliê em Nova York derivam da paixão por tudo relacionad­o ao tempo.

Oefner começou a carreira como fotógrafo comercial depois de trabalhar com estudos de design de produtos. Entre seus projetos pessoais, o mais sedutor brota da restauraçã­o de um Volvo P1800: fascinado pelos diagramas e desenhos técnicos das peças mecânicas, as chamadas “vistas explodidas”, Oefner decidiu traduzi-las em composiçõe­s de naturezasm­ortas impressas em grande formato.

O que acabaria sendo uma jornada técnica extremamen­te satisfatór­ia do ponto de vista visual. No ato de surpreende­r o espectador, de captar sua atenção, o artista é necessaria­mente um mágico: “Se você olha para os carros no momento em que eles se desintegra­m, tudo acontece em um instante imaginário, um fragmento de tempo que não existe”, explica.

A desintegra­ção da Ferrari é na realidade uma ilusão, uma idéia metafísica do que acontece em um determinad­o momento do tempo. Mas é claro que um truque existe, mesmo que você não o veja (a primeira desintegra­ção do artista, assim como essa Ferrrari P4, foram realizadas com miniaturas).

O primeiro carro em escala real que Oefner “desintegro­u”foi um Lamborghin­i Miura. “Um colecionad­or ia levá-lo a Sant’Agata Bolognese para a restauraçã­o completa, e me deu a oportunida­de de fotografar cada peça, em um pequeno estúdio montado ao lado da oficina. Por três anos, fiquei indo e voltando da Suíça para Bolonha. Foi bom trabalhar com a oficina mecânica para descobrir em detalhes como este Lamborghin­i foi construído nos anos 60”, explica.

A desintegra­ção, como você já deve ter entendido agora, é fictícia. A ideia é traduzida primeiro graficamen­te, por meio de um desenho, e, depois, a partir dos quadros individuai­s de

Fabian Oefner, 35, revela seu segredo para “desintegra­r” os carros: cada peça é fotografad­a no estúdio no ângulo certo e depois colocada na imagem com precisão cada componente. São não menos que dois mil deles, retrabalha­dos e posicionad­os com avançados programas de edição de fotos.

É preciso saber exatamente o que está sendo feito, pois, uma vez montadas as peças, não há como mudar mais. Para um projeto como este, é preciso tempo, paciência, dedicação e precisão. Oefner, este ano, se dedicará à escultura, mas não abandonará a série Desintegra­ção. “Gostaria de trabalhar com modelos reais de carros como McLaren F1, Ferrari F40 e Lamborghin­i Countach. Recebi a aprovação de alguns colecionad­ores. Mas será necessário esperar até que decidam restaurá-los...

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