Caoa Chery Arrizo 5
Com mais uma evolução, que inclui um CVT de nove marchas, o sedã de origem chinesa Caoa Chery Arrizo 5 diminui a diferença para os modelos ocidentais – na qualidade, mas também no preço
O modelo de origem chinesa ganha um novo câmbio e se aproxima dos rivais
Foi-se o tempo em que a grande maioria dos consumidores torciam o nariz ao entrar em um carro de marca chinesa. No Brasil, as principais responsáveis por essa mudança na percepção deles foram a JAC Motors e a Caoa Chery – essa última com modelos inclusive já fabricados aqui, em Jacareí (SP), como este Arrizo 5. A qualidade dos carros chineses melhorou substancialmente, e já há algum tempo dá para se considerar seriamente comprar um modelo com origem na China. No caso deste Caoa Chery Arrizo 5, a grande novidade da linha 2021 está na mecânica, com uma nova transmissão CVT. Mas há também algumas poucas e boas novidades na lista de equipamentos. Tudo para tentar aumentar a participação da marca no mercado – que já chega passa de 1%, número expressivo para uma fabricante relativamente nova. Na linha 2021 do Arrizo, as versões RX e RXT dão lugar às nomenclaturas RT e RTS. A top já tinha uma boa lista de itens de série, com teto-solar, piloto automático, faróis com acendimento automático, chave presencial, câmera de ré e monitor de pressão dos pneus. Agora ela ganhou também o (extremamente prático) freio de mão elétrico com auto-hold, algo que seus principais rivais, como o VW Virtus, não oferecem. Também novos são suas rodas aro 17 “polidas” e o computador de bordo com tela multifuncional colorida. Já a segurança é garantida por sete airbags, que já tinha na sua versão mais cara (as demais têm dois), e ESP (em todas).
Suave ao volante
O Caoa Chery Arrizo 5 aparece nessa seleção especial de sedãs desta edição não apenas por ser o único chinês da categoria que está à venda hoje no Brasil, mas por causa de seu novo câmbio CVT de nove marchas – e não se trata apenas de simular mais duas marchas na caixa antiga, obviamente. A caixa de transmissão é totalmente nova, e aguenta mais torque – até 25,5 kgfm. Então, o motor 1.5 turboflex de 150 cv foi recalibrado e ganhou um pouco mais de torque – agora são 21,4 kgfm, contra os 19,4 anteriores). Passou, assim, os 20,4 kgfm do 1.0 turbo do VW Virtus Highline. Pena que não tenha injeção direta, o que certamente melhoraria ainda mais potência, consumo e desempenho. De qualquer modo, esta nova caixa melhorou bem a experiência ao volante. Com conversor de torque e embreagem para acoplamento, ainda tem a primeira marcha mais curta (9%), o que melhorou as saídas. Elas estão mais imediatas e suaves, porém não são exatamente fortes (ainda há um certo deslizamento, e é preciso esperar o carro “embalar”). Ao menos o motor entrega toda a força a 1.750 rpm, ajudando o CVT a trabalhar sem precisar elevar tanto as rotações do motor (com mais silêncio na cabine).
Além de agora ter uma primeira marcha mais curta, a nova caixa permitiu uma “redistribuição” das intermediárias e, também, que a última ficasse mais longa (em 12%), garantindo uma rotação mais baixa na estrada (e menor consumo). A 120 km/h em nona marcha, o Arrizo 5 marcava 2.200 rpm e nossa média ficou em 15 km/l. Isso no modo Eco, porque o Sport eleva as rotações em média em uns 500 rpm (mas não muda muita coisa, na prática). A nova caixa permite trocas manuais, também, mas apenas pela alavanca. Faltam aletas. No modo sequencial, as trocas são lentas, então você não vai sentir tanta falta disso. O modo Manual serve mais para segurar giros em uma direção mais pacata – e, curiosamente, para engatar a nona marcha, que não entra sozinha (e assim ajudar a reduzir o consumo). Legal que quando se pisa leve no acelerador, ela simula marchas para deixar a condução mais agradável (pisando fundo, ele segura os giros como é mais “normal” nos câmbio tipo CVT).
Na prática, segundo o Inmetro, com o novo câmbio o Arrizo 5 ficou 11% mais econômico, e foi promovido de nota C para B na categoria. Na cidade, com etanol, passou de 6,7 para 7,6 km/l e, com gasolina, de 9,9 para 11 km/l. Na estrada, com etanol foi de 8,4 para 9,6 km/l e, com gasolina, de 12 pra 12,9 km/l. Já no desempenho, a aceleração de 0-100 km/h melhorou em quase um segundo – agora são 9s9 – e a retomada de 40 a 80 km/h, segundo a marca, passou de 5,4 para 4,1 segundos. Uma diferença expressiva.
Questão de preço
Se a diferença na qualidade em relação aos principais modelos ocidentais diminuiu, esse Arrizo 5 ainda tem alguns problemas típicos de “carro chinês” (seu projeto é de lá, embora tenha sido aprimorado para a fabricação nacional). Antes de falar dos problemas, porém, vale frisar que o carro está com um design moderno e bastante bonito (sem copiar ninguém), além de ser muito espaçoso, com um banco traseiro que permite viagens longas com conforto. Mas o acabamento interno ainda fica devendo, com muitos plásticos simples – o que tem sido adotado também pelos seus rivais, como o VW Virtus. Além disso, como no HB20S, outro rival direto do Arrizo, o ar-condicionado não tem um controle automático de temperatura. Então, a conclusão é que a distância entre ocidentais e orientais diminui, de fato, dos dois lados. Entre os demais defeitos – e esses os rivais citados não têm – está a posição de dirigir (volante não tem ajuste de profundidade), a central multimídia (não tão fácil de usar e com reflexos na tela) e a direção (um dos pontos difíceis de acertar nos carros chineses, ela não “conversa” bem com o motorista). No fim, sem dúvida o Arrizo 5 é um produto atraente, inclusive com algumas vantagens diante de seus rivais mais vendidos hoje. Mas, pela participação no mercado, prestígio da marca e alguns pontos que ainda precisam ser aprimorados, o preço bem que poderia ser mais baixo. Comparado a modelos equivalentes em porte, desempenho e equipamentos, o Arrizo 5 custa hoje cerca de R$ 10 mil a R$ 15 mil a menos. Será essa diferença para os modelos “ocidentais” (que ja foi maior), suficiente para convencer o consumidor? A marca parece acreditar que sim. Antes do coronavírus, esperava crescer mais de 100% este ano. Agora...