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Toyota Prius

Diferentem­ente do Corolla, o Toyota Prius busca, acima de tudo, o melhor consumo. Apesar do novo visual ser mais bonito, ele ficou menos atraente

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O híbrido original da Toyota não é mais econômico que o Corolla, mas ficou caro

Você pode até não vê-lo muito pelas ruas, mas este Toyota Prius é um carro importantí­ssimo para nosso mercado, fundamenta­l. Afinal, ele é a base, o “esqueleto”, que deu origem ao tão cobiçado Toyota Corolla Hybrid nacional, lançado no ano passado e que, até o começo da crise do coronavíru­s, tinha fila de espera de meses. Mais importante que isso, é o híbrido mais vendido do mundo, de longe, e mais longevo – a primeira geração é de 1997, quando poucos apostavam neste tipo de tecnologia. Hoje, o Toyota Prius está na quarta geração, de 2015, que chegou ao Brasil em 2016. A terceira geração também foi vendida aqui de 2013 a 2016 – mas, neste período, foram vendidas apenas cerca de mil unidades dele. Com a chegada da quarta geração, as vendas subiram bem (foram quase 5.000 unidades vendidas em 2017/2018). Isso apesar do design ousado demais, que espantava compradore­s. Agora, com um facelift que chegou há pouco no Brasil, o design do Prius ficou mais discreto e aceitável, embora ainda meio esquisito. Isso porque ele é um híbrido sem concessões, que prioriza tudo em nome do baixo consumo. Então, seu design segue o que é melhor para a aerodinâmi­ca, e até as rodas têm calotas ‘horríveis” (descrição que ouvi algumas vezes nas ruas) para poupar combustíve­l. Mas essa mudança não deve bombar suas vendas como se poderia pensar, por vários motivos. O principal é justamente a chegada do novo primo Corolla, uma versão mais “normal” dele, e ainda com a vantagem de ser nacional e ter motor flex (mas, como veremos, também com suas desvantage­ns). Outro, é o design ainda um pouco esquisito. Agora, para piorar as coisas, com a disparada do dólar, o Prius, que é fabricado só no Japão, ficou mais caro. Antes de o Corolla chegar, ficava na faixa de R$ 120/130 mil, e, pelo que oferecia, poderia ser considerad­o uma pechincha. Agora, ele já beira os R$ 165 mil – quase R$ 30 mil mais que o Corolla, e valor de SUVs médios, ou, por exemplo, um Mercedes-Benz Classe A Sedan (leia nesta edição). Ficou bem menos atrativo.

DIFERENTE, MAS IGUAL

Como no Corolla, diagramas no painel mostram como funciona o Prius: motores, baterias e eixo motriz, e o fluxo de energia entre eles. Nas saídas, o motor elétrico atua sozinho, e o silêncio é absoluto. Exigindo mais, o motor 1.8 (ciclo Atkinson) envia potência às rodas, e o que sobra é sempre sendo aproveitad­o, recarregan­do as baterias.

Fora isso, e o design ainda diferentão, o Prius é um carro até tradiciona­l. Tem quatro portas, um porta-malas agora maior (ganhou 30 litros, e agora são 442) e com espaço interno para quatro adultos (atrás, o assoalho plano ajuda). O design da cabine é diferente também, com formas mais ousadas e painel de instrument­os central, que não agrada a todos. Com o facelift, foi adotado um acabamento black piano e a central multimídia melhorou bem (mas, infelizmen­te, ainda não tem Android Auto e Apple CarPlay). Em acabamento e equipament­os, o Prius é superior ao Corolla Hybrid, mesmo com o pacote Premium: além dos faróis de LED e dos sete airbags, tem carregador de celular sem fio, head-up display (inclusive com dados do sistema híbrido) e outros itens exclusivos.

No uso cotidiano, você se habitua a quase não encher o tanque. A potência total do conjunto, de 123 cv, pode parecer pouca, mas o torque é de 14,4 kgfm no motor a gasolina e 16,6 no elétrico. Eles não se somam, mas, trabalhand­o juntos, cada um atuando mais em situações determinad­as e ideais, o Prius não fica devendo desempenho. E, apesar da lógica de funcioname­nto complicada e sofisticad­a, na prática, você não precisa pensar nela ou tomar medidas especiais. Mas, inevitavel­mente, acaba ficando fascinado pelo seu funcioname­nto e o dirigindo como se fosse um grande videogame, tentando sempre bater seus próprios recordes de consumo.

Sabemos que o ambiente ideal para qualquer carro híbrido é o urbano, onde o consumo é até mais baixo por causa das constantes reducões de velocidade (que “regeneram energia”) e dos deslocamen­tos lentos (que usam mais o modo elétrico). Mas eles podem encarar estradas, e, no caso deste Toyota, rodar mais de mil quilômetro­s com um único tanque cheio de gasolina.

Andando a 120 km/h, o silêncio impression­a e o conforto é reforçado pelas suspensões macias – e, como na cidade, ele passa quase metade do tempo com o motor 1.8 a combustão desligado (sempre que se alivia o pé direito). Nas descidas, o modo B do câmbio pode aumentar o freio motor, regenerand­o ainda mais energia. E ainda há o modo Power, quando o Prius acelera bem – mas não faz muito sentido e o carro não fica tão agradável de guiar, com um ruído de motor alto, e que não combina bem com o resultado entregado).

BAIXO CONSUMO, MAS NÃO SÓ

No final das contas, o consumo do Prius é até mais contido que o do Corolla. Talvez ajude nisso o fato de ele não ter sido “adaptado” para o etanol, o que, como sabemos, sempre costuma afetar um pouco o consumo com gasolina, mas o design esquisito e as calotas feiosas ajudam aqui. Durante nossos testes no uso comum, conseguimo­s marcas melhores que as obtidas com o Corolla: facilmente superamos a marca de 25 km/l no trânsito pesado de São Paulo (20 com o Corolla), e marcamos mais ou menos 20 km/l na estrada (contra 17). O Inmetro aponta, para o Corolla, 16,3 km/l na cidade e 14,5 na estrada. No caso do Prius, são 18,9 e 17 km/l, respectiva­mente.

E não é apenas isso: por ser híbrido, o Prius, assim como o Corolla, ainda tem incentivos extras, como pagar menos IPVA (em alguns Estados) e não precisar respeitar o rodízio veicular de São Paulo. Porque gastar menos significa também emitir menos poluentes que afetam a saúde e a qualidade do ar nas cidades. E o híbrido ainda emite menos poluição sonora. Mas o Corolla Hybrid também tem todos esses benefícios, e, na ponta do lápis, mesmo com o consumo pior, vale mais a pena. E ainda é flex.

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 ??  ?? O quadro de instrument­os central é um ponto que não agrada a todos, mas há um head-up display para ajudar a ver as informaçõe­s principais. A alavanca de câmbio fica mais alta
Acima, a indicação do funcioname­nto do sistema híbrido no quadro de instrument­os. A mesma informação pode ser mostrada na tala central (imagem abaixo). Junto do porta-copos, os botões para aqueciment­o dos bancos dianteiros.
Mais abaixo, o detalhe da alavanca do câmbio: a posição
B (para esquerda e para baixo) aumenta o freio-motor, que aciona um motorgerad­or e “recupera” energia cinética
O quadro de instrument­os central é um ponto que não agrada a todos, mas há um head-up display para ajudar a ver as informaçõe­s principais. A alavanca de câmbio fica mais alta Acima, a indicação do funcioname­nto do sistema híbrido no quadro de instrument­os. A mesma informação pode ser mostrada na tala central (imagem abaixo). Junto do porta-copos, os botões para aqueciment­o dos bancos dianteiros. Mais abaixo, o detalhe da alavanca do câmbio: a posição B (para esquerda e para baixo) aumenta o freio-motor, que aciona um motorgerad­or e “recupera” energia cinética
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