Honda Fit
A quarta geração do monovolume chega em breve ao Brasil com opção híbrida. Testamos na Europa a inédita versão Crosstar
Um lugar onde coexistem mosteiros zen e arranha-céus, fábricas hipertecnológicas e antigas pousadas nas quais ainda se apreciam os mais tradicionais sushis e saquês. Assim é o Japão. Portanto, não é de surpreender que a Honda tenha decidido dar um pouco de emoção ao que talvez seja o mais racional dos carros: o Fit – ou Jazz, na Europa, onde tivemos o primeiro contato com a quarta geração do hatch/monovolume. Assim, este novo Fit, que chega ainda este ano, ou no começo do próximo, ao Brasil, já deve mostrar logo de cara sua versão mais emocional, com cara de hatch aventureiro, querendo ser um SUV compacto. Ela se chama Crosstar, e, embora não tão alterada em relação ao novo Fit tradicional quanto o WR-V brasileiro é hoje, deve ficar posicionado acima dele – ou até mesmo substituí-lo – como uma nova opção no estilo dos SUVs compactos. Com a mecânica híbrida avaliada, que aqui pode até virar flex, deve custar em torno de R$ 110 mil.
Um novo mundo
Esta nova geração do Fit chega com uma grande novidade: o powertrain híbrido. Sim, haverá versões tradicionais (aqui devem trocar o 1.5 pelo 1.0 turbo, como na Europa). Mas o destaque são as versões híbridas. E se o Crosstar tem cara de aventureiro urbano, ser híbrido o torna ainda mais atraente para a selva de pedra. Afinal, a cidade sempre foi o melhor ambiente para o Fit, e deve continuar a ser onde passará a maior parte do tempo.
Então, prepare-se para ficar longe do posto de gasolina: com média de 25,8 km/litro em nossos testes, dá pra percorrer mais de 1.000 km com um único tanque no uso urbano. Já a estrada, como veremos adiante, não é ambiente ideal para ele (para nenhum híbrido): marcamos média de “apenas” 14,5 km/l. Mesmo assim, a média geral de consumo ainda foi de incríveis 20 km/l.
PRáTICO E FUNCIONAL
Antes de acelerar, vamos olhar bem para as linhas deste Crosstar: comparado ao Fit “normal”, a carroceria é cerca de três centímetros mais alta. Como em todo bom aventureiro, há extensas proteções de plástico preto nos pára-choques, na parte inferior lateral e nos arcos das rodas. Mais que proteger o Fit de arbustos e galhos secos, vão encarar guias, cercadinhos e outras portas nos estacionamentos nos desafios urbanos. Mas a verdadeira genialidade do carro está em outros lugares. Na cabine, por exemplo, um dos méritos históricos do Fit: a disponibilidade de espaço, verdadeiramente notável, principalmente considerando suas contidas dimensões externas.
Não importa o tamanho dos passageiros ou da carga a ser levada, nele sempre cabe de tudo. No banco traseiro, um adulto quase pode esticar as pernas (o espaço, em média, é de ótimos 35 cm). O único problema, este novo, é que o trem de força híbrido ocupa muito espaço no porta-malas, roubando consideráveis 59 litros em comparação ao Fit de terceira geração. O total é de 304 litros. Nada tão grave, pois, como dissemos, é um carro de uso urbano. E, felizmente, os “assentos mágicos” continuam lá, sensacionais para carregar objetos de formas incomuns (e dá para acomodar embaixo deles parte do que não couber no porta-malas). E o novo Fit continua cheio de porta-objetos: além das duas generosas bolsas nas portas, eles estão no túnel entre os bancos e na base do console, além de haver os dois clássicos porta-garrafas nas extremidades do painel (não por acaso, bem na frente das saídas de ar) e um porta-luvas duplo com tampa. E, agora, ainda há bolsos atrás dos bancos dianteiros, ideais para guardar o smartphone de quem viaja ali atrás – que ainda pode carregá-lo por meio de uma tomada USB dedicada. Essa grande praticidade, aliada a um novo minimalismo no design do painel (embelezado com inserções de tecido), ofuscam uma qualidade que se preocupa mais com a montagem. Porque, se ela é irrepreensível, não há lá dentro sequer vestígios de materiais macios ao toque (tendência). Em suma, é um carro que conquista com a racionalidade, como sempre. Um exemplo? No caso de uma garrafa virar, os bancos têm um tecido que é impermeável. E o novo Fit enfim tem um sistema multimídia que impressiona. Tem tela sensível ao toque de 9,1 polegadas e estreou recentemente no Honda “e”, o primo de emissão zero (leia mais no quadro). Mais difícil é elogiar a instrumentação: a tela colorida é pequena (7”) e meio confusa na organização das informações. Fácil de usar, apenas o botão à esquerda do painel, que permite alterar o brilho dos monitores em um piscar de olhos. Na Europa, o novo Fit/Jazz vem com sistemas de auxílio ao motorista, como alerta de mudança de faixas, mas por questões de custos, ao menos a princípio, não devem ser oferecidos no Brasil. Um monitor de ponto-cego, no entanto, seria bem-vindo, uma vez que, por causa da forma da carroceria, há, como sempre houve, um grande ponto cego.