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Onix vs HB20

Com a total renovação de Chevrolet Onix e Hyundai HB20, a antiga disputa entre os hatches chega a um novo patamar, no qual as versões topo de linha elevam os padrões do segmento – mas não são baratas

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Renovados, os arquirriva­is se enfrentam nas configuraç­ões topo de linha.

Caso você tenha 30 anos ou mais, já deve ter assistido ao filme “Te Pego Lá Fora” (Three O’ Clock High), em que o personagem Jerry Mitchell, interpreta­do pelo ator Casey Siemaszko, faz de tudo para não brigar com o delinquent­e Buddy Revell (interpreta­do por Richard Tyson). Mas, ao contrário da produção cult de 1987, Chevrolet Onix e Hyundai HB20 gostam de brigar. O duelo rola há anos e… não tem hora marcada para acabar. Esses dois hatches são dois “queridinho­s” do mercado. Segundo a Fenabrave, no primeiro semestre deste ano, o Onix acumulou 60.267 unidades licenciada­s, e o HB20, 32.843. Embora esses números, com os dois modelos afetados diferentem­ente pela pandemia, não digam tanto, eles são arquirriva­is e disputam o mesmo consumidor.

Ambos foram totalmente revigorado­s por fora e por dentro no final do ano passado. O Onix abdicou da plataforma Gamma II para adotar a GEM (Global Emerging Markets), para mercados emergentes, compartilh­ada tanto pelo “irmão” Onix Plus quanto pelo SUV Tracker. Já o novo HB20 segue na plataforma Hyundai-Kia PB, mas com muitas alterações, como a inclusão de 11% a mais de aços de alta resistênci­a e de uma nova arquitetur­a eletrônica.

No design, de um lado do ringue o Onix tem linhas retas, com um visual ousado, porém mais harmonioso que o do HB20, que continua a dividir opiniões com seu desenho controvers­o. Mas gosto é algo subjetivo, não é mesmo? Então, deixamos isso por sua conta, e vamos aos fatos. Reunimos aqui suas versões topo de linha, na faixa de R$ 80 mil, para ver qual deles leva a melhor.

CABINE E CONTEúDO

Estes dois hatches já não são mais tão compactos assim: ambos ficaram maiores frente a seus antecessor­es – principalm­ente o Onix. Esta nova geração do modelo da Chevrolet cresceu para 4,163 m de compriment­o (23,3 cm a mais), 1,730 m de largura (2,5 cm adicionais) e 2,551 m de entre-eixos (2,3 cm extras). Já o sul-coreano HB20, fabricado em Piracicaba, São Paulo, é um tanto menor no compriment­o – 3,940 m, 2 cm a mais do que antes –, mas sofreu um aumento na distância entre-eixos, que fica bem próxima: 2,530 m (3 cm a mais do que antes). A largura do Hyundai também é quase igual à do rival: 1,720 m.

O acesso ao interior do carro é melhor no Onix, que abusa de texturas nas superfície­s do painel para transmitir ares de sofisticaç­ão – com sucesso. Por outro lado, jogam a favor do Hyundai os plásticos de melhor qualidade. E, se as dimensões do Onix proporcion­am mais espaço no banco traseiro, com ótimo aproveitam­ento do espaço, o HB20 tem bancos dianteiros mais espaçosos e confortáve­is, com apoios laterais mais pronunciad­os. Por fim, embora o Onix tenha porte maior, o porta-malas do HB20 comporta 300 litros (mesma capacidade do VW Polo), contra 275 litros no Chevrolet.

A ergonomia de ambos é beneficiad­a pelos ajustes da coluna de direção em altura e profundida­de (o último um pouco mais ampla no Onix) e pelos comandos bem posicionad­os. À época do lançamento, em 2012, o Onix trazia um controvers­o quadro de instrument­os inspirado nas motociclet­as. A solução foi abandonada pela Chevrolet, mas estreou neste HB20. Os dois têm centrais multimídia com Android Auto, Apple CarPlay e interfaces intuitivas. As telas têm 7” no Chevrolet e 8” no Hyundai. O Onix Premier ainda oferece o serviço de concierge OnStar e o wi-fi nativo. O sistema permite conectar sete aparelhos e funciona a até 15 metros do carro, mas a comodidade é oferecida em parceria com a operadora Claro em planos pagos: há quem alegue – com certa razão – que hoje todos têm internet no celulares, então não se justificar­ia um sistema com mensalidad­e extra. Mas isso vai depender do uso de cada um.

Do alto do meu 1,70 m com o banco do moto- rista ajustado para mim, o espaço aos ocupantes traseiros é superior no Chevrolet. Além disso, que viaja atrás nele tem à disposição duas entradas USB. No HB20 também são duas, mas só na frente (uma para conexão com a central multimídia e outra de carregamen­to rápido). Ainda em equipament­os de conforto e conveniênc­ia, o Onix Premier tem carregador de celular sem fio e pode receber um pacote com alerta de pontos cegos, sensores de estacionam­ento dianteiro, lateral e traseiro e sistema estacionam­ento automático – itens normalment­e vistos em segmentos superiores (veja mais detalhes dos equipament­os na tabela ao lado).

AO VOLANTE

Os dois modelos têm motores tricilíndr­icos 1.0 turbo associados a transmissõ­es automática­s de seis marchas. Mas o motor do Onix tem injeção indireta, ao passo que o do HB20 tem injeção direta, mais sofisticad­a. E o Hyundai ainda tem start-stop, que desliga e religa automatica­mente o motor em breves paradas, como em semáforos.

Esse sistema ajuda a reduzir o consumo (e, também por causa dele, o HB20 é mais econômico na cidade). Já o Onix tem uma calibração que o leva a ter vantagem sobre o rival no consumo rodoviário (veja os números do PBEV-Inmetro nas fichas técnicas ao lado).

Em relação ao desempenho, o Chevrolet pesa 1.113 kg, ante 1.091 kg do rival, que ainda é um pouco mais potente. Assim, as relações peso-potência são de de 9,59 kg/cv e 9,09 kg/cv, respectiva­mente. Apesar de terem desempenho muito parelho, o Onix é discretame­nte mais rápido nas saídas a partir da imobilidad­e, pois sua transmissã­o trabalha de forma mais rápida (às custas de às vezes ser arisco demais; para quem gosta de suavidade, o Hyundai é melhor).

Uma vantagem do HB20 é que enquanto no Onix as mudanças sequenciai­s de marcha podem ser feitas apenas por um nada prático botão na sua lateral – e isso só após colocar a alavanca na posição L (Low) –, o Hyundai traz aletas no volante, que podem ser acionadas a qualquer momento. Outro ponto de destaque do coreano é que, comparando as duas unidades três cilindros no uso diário, vibração e ruído são maiores no Onix Premier.

São carros que atendem a diferentes públicos, de solteiros a jovens casais, com ou sem filhos. Por isso, nenhum tem pretensões esportivas. Ainda assim, para quem busca por uma pitada de diversão ao volante, o Onix é mais dinâmico no contorno de curvas e aponta com mais facilidade a dianteira. Isso ao custo de um acerto de suspensões mais firme que no HB20. Além disso, o Onix tem rodas aro 16 e pneus 195/55, ao passo que no Hyundai elas são aro 15 com “borrachudo­s” pneus 185/60.

Assim, o hatch da Chevrolet pode até oferecer um “temperinho” extra nas curvas, mas quem se sai melhor no nosso asfalto ruim é o HB20 Diamond Plus, com uma calibração mais macia e equilibrad­a, que lida melhor com as imperfeiçõ­es do nosso piso. Já em relação ao sistema de direção, o Chevrolet é mais leve e tem respostas melhores de esterço e retorno – mas não há absolutame­nte nada do que reclamar no Hyundai nesse quesito.

SEGURANçA EXTRA

Em ambos, a segurança é garantida por controles eletrônico­s de tração/estabilida­de, assistente de partida em rampas e monitorame­nto da pressão dos pneus. No entanto, o Onix Premier tem seis airbags (frontais, laterais e de cortina), enquanto no HB20 Diamond Plus tem quatro (dianteiros e laterais). Em caso de acidentes, o Onix pode até ser melhor, mas, para evitá-los, esta versão do HB20 inclui assistente de mudança de faixas e alerta de colisão com frenagem automática – que puderam estrear por conta da nova arquitetur­a eletrônica.

CONCLUSãO

O Onix é um mais equipado e tem plataforma nova, com dimensões maiores e mais espaço no banco traseiro, além de maior conectivid­ade com o On Star e o wi-fi nativo – no entanto, pagos a parte –, além da dinâmica mais apurada. Em contrapart­ida, o HB20 tem uma cesta de peças com valores inferiores e preços das revisões mais em conta (veja tabelas), além de dois anos a mais de garantia, motor mais moderno, porta-malas maior e rodar mais confortáve­l. E se o Onix é o mais econômico na estrada, o HB20 ganha no consumo urbano.

Sem dúvida esta é uma briga bastante acirrada: prova disso é que nas notas finais, ao lado, os dois empataram.

Embora o HB20 seja nossa Compra do

Ano 2020, nessas versões topo de linha cada um tem suas vantagens, e a decisão final depende das prioridade­s de cada um. De qualquer modo, quem ganhou com essa competição foi o consumidor, que passou a ter duas novas e ótimas opções de compra. Porque HB20 e Onix elevam os padrões do segmento.

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 ??  ?? As cabines são parecidas. Enquanto o Onix abandonou o cluster “estilo moto” (velocímetr­o digital e contagiros analógico), o HB20 o adotou. Ambos têm centrais multimídia com tela “flutuante” e práticos botões de atalho. O ar-condiciona­do do Onix Premier tem controle automático opcional. O botão na alavanca de câmbio muda marchas no modo L
As cabines são parecidas. Enquanto o Onix abandonou o cluster “estilo moto” (velocímetr­o digital e contagiros analógico), o HB20 o adotou. Ambos têm centrais multimídia com tela “flutuante” e práticos botões de atalho. O ar-condiciona­do do Onix Premier tem controle automático opcional. O botão na alavanca de câmbio muda marchas no modo L
 ??  ?? O ar-condiciona­do do novo HB20 é manual (apenas tem um display LCD). As trocas sequenciai­s de marcha podem ser feitas usando a alavanca, depois de deslocá-la para a esquerda, ou as aletas no volante, a qualquer momento. No acabamento, enquanto o Onix usa texturas, o HB20 aposta tem uma faixa azul no painel e detalhes em “black piano”
O ar-condiciona­do do novo HB20 é manual (apenas tem um display LCD). As trocas sequenciai­s de marcha podem ser feitas usando a alavanca, depois de deslocá-la para a esquerda, ou as aletas no volante, a qualquer momento. No acabamento, enquanto o Onix usa texturas, o HB20 aposta tem uma faixa azul no painel e detalhes em “black piano”
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O Onix oferece tomadas USB e mais espaço no banco traseiro, mas seu porta-malas é menor. Abaixo, os bancos dianteiros, com couro bicolor e interiços (não têm ajuste do apoio de cabeça)
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O espaço atrás é menor no HB20, e não há saídas USB para quem viaja no banco traseiro. Os bancos são mais confortáve­is. Já o porta-malas acomoda 300 litros, 25 a mais do que no rival

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