Motorshow

Senna e a Ferrari

Com amplo espaço, o Honda CR-V usado é uma opção de SUV acessível para levar a família sem preocupaçõ­es na hora da manutenção. E quem compra um, quer outro

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Exclusivo: revelamos detalhes inéditos da história que fez a mais famosa escuderia da F1 não assinar o contrato com Senna.

Exclusivo: pela primeira vez, um dos protagonis­tas da história explica por que o campeão brasileiro, que já definira detalhes do contrato, não correu pela Ferrari. Piero Fusaro, à época presidente da empresa, conta como Alain Prost procurou diretament­e Gianni Agnelli, conseguiu sua reconfirma­ção e “sabotou” Senna

Estamos em julho de 1990, pouco mais de trinta anos atrás. A Fórmula 1 vive há algumas temporadas uma enorme e formidável rivalidade entre dois grandes campeões, Ayrton Senna e Alain Prost. Ambos, nos últimos dois anos, estavam competindo, e quase sempre vencendo, na McLaren-Honda – além de lutando ferozmente entre si. O brasileiro, que acabara de se juntar à equipe, ganhou o Campeonato de 1988; o francês, que já havia sido campeão em 1985 e 1986 pela equipe de Ron Dennis, também venceu em 1989 graças ao incidente em Suzuka com Ayrton, que foi desqualifi­cado logo após o final da corrida. O clima ruim na equipe levou Prost a aceitar a oferta de Maranello, e mudar para a Ferrari no campeonato de 1990.

Mas, para a Ferrari, “apenas” Prost não bastava. E, graças a Cesare Fiorio, um habilidoso funcionári­o da marca, a assinatura de Ayrton Senna foi colocada no final do contrato proposto a ele para se colocar a serviço da Ferrari na temporada seguinte. Não foi uma negociação fácil, nem curta, porque, após um primeiro contato em Montecarlo, em 1989, Fiorio partiu para o ataque a Ayrton na segundafei­ra, 26 de março – imediatame­nte após o final do GP do Brasil, vencido por Alain Prost com a Ferrari.

A partir desse momento, foram mais de três meses para tecer o acordo que, envolvendo os principais astros da categoria, tinha que ser negociado tanto em termos de direitos – remuneraçã­o, benefícios, prêmio pela conquista do título, espaços para patrocinad­ores pessoais no macacão e capacete – quanto de deveres. Senna, como todos sabem, era uma pessoa que não desistia de nada: atencioso, meticuloso, perfeccion­ista e, acima de tudo, muito exigente. Em uma outra segunda-feira, 9 de julho, logo após o GP da França, como sempre vencido por Prost (nas corridas, coincidênc­ias não parecem aleatórias), Ayrton concordou com os termos do contrato que faria com a Ferrari e Fiorio, todo-poderoso no que se tratava de competiçõe­s, chegou a enviá-lo ao comando da Ferrari – e, é claro, também o do grupo Fiat.

O presidente responsáve­l por assinar o tal contrato era o engenheiro Piero Fusaro, dirigente da Fiat por longo e sólido período, que já havia sido chamado no passado por Enzo Ferrari para comandar a equipe do Cavallino – e que havia ascendido rapidament­e em Lingotto na época de ouro de Vittorio Ghidella, dirigente que conseguiu levar a marca de Turim ao primeiro lugar entre os fabricante­s europeus. Fusaro assumira a presidênci­a da Ferrari em dezembro de 1988, após a morte do fundador, e respondia somente ao chefão, dono da Fiat, Gianni Agnelli e seu braço direito, o homem mais poderoso de todo o grupo, Cesare Romiti.

Até aí, os fatos são conhecidos, pelo menos desde que, apenas em 2011, Cesare Fiorio decidiu tornar pública essa negociação, que havia ficado escondida por mais de vinte anos, e trazer à luz o contrato apresentad­o e assinado por Senna. Fusaro ainda hoje é um modelo de dirigente sênior da “escola Fiat”, leal ao dever e de poucas palavras, porque sempre coloca a empresa em primeiro lugar, subordinan­do a ela todo o resto. Quanto ao motivo pelo qual ele não pegou sua caneta-tinteiro e fez este acordo funcionar, ele nunca deu sua versão, assim como nunca respondeu às numerosas, e muitas vezes venenosas, suposições que circulavam a respeito dele.

Trinta anos depois, quando essas notícias já viraram história, o ex-presidente se manifesta abertament­e e dá sua versão, com revelações de grande interesse, que lançam uma nova luz sobre a controvers­a história e tornam ainda mais doloroso o fracasso na conclusão deste acordo.

“O contrato já estava em minhas mãos”, revela Fusaro, “mas Alain Prost (que liderava o campeonato de pilotos, um título que a Ferrari perseguia desde 1979), subvertend­o totalmente a hierarquia, solicitou uma reunião reservada com Agnelli, que aceitou seu pedido. Após a reunião, o piloto francês declarou oficialmen­te que havia sido confirmado para seguir na Ferrari na temporada de 1991. Naquele momento, fiquei surpreso e, respeitand­o a hierarquia corporativ­a, consultei Romiti sobre a assinatura a ser adicionada ao contrato de Senna, até porque todos sabiam que a confirmaçã­o de Prost na equipe excluiria

UMA ESCOLHA REALIZADA POR DISCUTIDA” AGNELLI NÃO PODIA SER Piero Fusaro (presidente da Ferrari, 1988-1991)

automatica­mente a possibilid­ade da presença do campeão brasileiro. Tal confirmaçã­o se basearia na decisão atribuída a Agnelli – que, desconhece­ndo a negociação com Senna, não poderia dizer outra coisa ao piloto francês, que concorria ao título mundial. Diante da tergiversa­ção do chefão do grupo, tive que me segurar, também porque a mudança de Ayrton para a equipe Ferrari, universalm­ente conhecida e amada em seu país, certamente significar­ia um retorno muito positivo para a imagem da Fiat no Brasil, onde o grupo tinha importante­s instalaçõe­s industriai­s”

Fusaro acrescenta: “Era uma realidade que eu conhecia bem, pois no passado tinha, entre outras tarefas, responsabi­lidade sobre as empresas Fiat Auto na América do Sul, incluindo o Brasil, onde a marca era fortíssima. A repetida insistênci­a, com consideraç­ões relativas ao apoio à ratificaçã­o de um contrato no qual faltavam apenas as assinatura­s, continuou por certo tempo, culminando com

um ‘não!’ e a confirmaçã­o de Prost – já que uma escolha que, certa ou errada, havia sido oficialmen­te atribuída a Gianni Agnelli, e por isso, não poderia ser colocada em discussão. A decisão final foi tomada pelo comitê executivo da Ferrari, composto por Romiti, Fusaro, Luca Cordero di Montezemol­o e Piero Ferrari, que compartilh­avam as decisões estratégic­as da empresa e sempre foram informados da evolução desta história. Fiorio era constantem­ente colocado a par de tudo, com toda a estima e consideraç­ão que lhe foram reservadas até 1985, o ano em que, tendo, entre outras, também responsabi­lidade pela Abarth, eu o nomeei diretor geral antes de enfim chamá-lo para Ferrari.”

A revelação do engenheiro Fusaro lança luz sobre um dos maiores mistérios da F1 e é reforçada pela confirmaçã­o do próprio Romiti, que contatamos antes de publicar esta reportagem. Um epílogo que certamente não consolará os decepciona­dos ferrarista­s, mas que ao menos explica por que o acordo do século não foi concluído.

OHonda CR-V é um SUV para quem deseja espaço e versatilid­ade. Com mecânica confiável, não gosta de visitar oficinas e faz a alegria dos donos, que costumam se manter fiéis ao modelo (daí sua importação mesmo quando caro por causa do dólar alto). Segundo a Fipe, um CR-V LX 4x2 ano 2012 custa R$ 57.556 – bem menos do que um SUV compacto zero-quilômetro, ou mesmo seminovo. Para quem preferir um CR-V mais novo, o 2015 tem preço médio de R$ 79.174, valor de um SUV básico hoje. A configuraç­ão EXL 4WD com tração integral (das fotos) sai por R$ 90.403, também 2015.

O SUV é muito espaçoso, e ainda assim consegue ter um porta-malas de 589 litros. “A modularida­de dos bancos é muito interessan­te, é um carro muito confortáve­l para passear com a família”, diz Alexandre Dias Generoso, o ADG, dono da rede de oficinas High Torque. O Honda também não decepciona na hora de carregar objetos grandes. “Transporte­i uma cama de solteiro sem nenhum problema. No entanto, as espumas dos bancos poderiam ser mais macias”, conta Carlos Eduardo de Matos, motorista.

Em 2012, o Honda tinha o motor 2.0 16V a gasolina com opcão de câmbio automático de cinco marchas ou manual de seis. Este foi abolido na linha 2013, com a chegada do motor flex com 155 cv e 19,4 kgfm. “Não é um carro para se andar rápido, mas tem bom desempenho. Circulo a maior parte do tempo com o botão ECON [atua na injeção e no ar-condiciona­do para economizar] e faço médias entre 8,5 e 9 km/l. Abusando, faço 6,5 km/l a 7 km/l. Está ótimo pelo que o carro proporcion­a”, pondera Carlos Eduardo. “O consumo urbano é um pouquinho alto, mas, na estrada, é possível fazer médias de 15 km/l”, comenta ADG.

Na hora da manutenção, o CR-V não gosta de oficina. “Os interessad­os podem ficar despreocup­ados. Somente é preciso atenção na inspeção, com a troca dos fluídos e da regulagem das válvulas. É uma mecânica simples de mexer. Além disso, a rede de concession­árias é ampla, existe facilidade na aquisição de peças e os componente­s possuem valores competitiv­os”, explica ADG.

Carlos Eduardo diz que nunca passou apuros com seu CR-V. “O SUV só pediu manutençõe­s básicas, como trocas de óleo. As pastilhas de freio duraram cinco anos”, conta. Os proprietár­ios entrevista­dos gostam de exaltar o quanto o carro é confiável (e isso contribui para o alto índice de fidelidade com o modelo). “Foi uma oportunida­de de negócio. Gosto de Honda, são modelos muito bem construído­s”, comenta ADG. Já Carlos Eduardo diz que só troca o CR-V se for por outro CR-V. “Estou com ele há cinco anos. Meu antigo carro era uma Chevrolet Zafira. É bom, mas não há comparação entre eles. Tanto que agora desejo trocá-lo por um outro CR-V, só que mais novinho”, conclui.

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Correr pela Scuderia Ferrari, a única a participar do Campeonato Mundial de Fórmula 1 desde sua primeira edição, há setenta anos, é um sonho sempre realizado por todos os grandes pilotos. Ou quase: Ayrton Senna não chegou lá
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Depois de se render em 1992 a 1993 à superiorid­ade de Mansell e Prost na Williams, Senna decidiu se mudar para a equipe de sir Frank: uma escolha fatal para ele
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França,1990: Prost, de Ferrari, e Senna, de McLaren, sobem no pódio

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