Mundo em Foco

CASO THOMAS MANTELL

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Embora casos de contatos imediatos envolvendo violência sejam a minoria entre os fenômenos relacionad­os a objetos voadores não identifica­dos, eles existem e estão registrado­s na bibliograf­ia ufológica. Um dos primeiros e mais importante­s foi o incidente envolvendo o piloto Thomas Mantell, que acabou morto ao tentar perseguir aquilo que reportou como um óvni. No início da tarde do dia 8 de janeiro de 1948, várias testemunha­s civis e militares avistaram nos céus do estado norte-americano do Kentucky um objeto pairando sobre o Campo de Aviação Godman, do Exército. Era uma espécie de nave com formato de cone de sorvete reluzindo.

O Campo Godman fica ao lado de Fort Knox, uma das áreas militares mais bem protegidas dos Estados Unidos, pois guarda as reservas de ouro do país. Para investigar a ocorrência, quatro jatos P-51 Mustang da Guarda Nacional lotada no Kentucky, que retornavam de uma ronda, foram enviados, liderados pelo capitão Thomas Mantell, então com 25 anos de idade. Em seu livro “The UFO phenomenon: fact, fantasy and disinforma­tion”, o escritor John Michael Greer detalha que Mantell tentou aproximar-se do óvni. “Parece ser um objeto metálico”, disse o capitão à torre de controle. “Tem um tamanho tremendo... bem à frente e um pouco acima... Vou tentar chegar mais perto para ver melhor.” Estas foram as últimas palavras registrada­s. Algumas horas depois, o corpo de Thomas Mantell foi encontrado entre os destroços de seu F-51 num campo não muito distante de Fort Knox.

Um inquérito se seguiu ao caso, e ficou comprovado que Mantell desmaiou no comando de seu P-51 por falta de oxigênio, devido à grande altitude em que se encontrava. Ele perdeu o controle do jato, que despencou no chão. Segundo a Força Aérea Americana, o que o piloto perseguiu foi, na verdade, o planeta Vênus – a “Joia do Céu” é frequentem­ente citada em casos de confusão envolvendo óvnis. Porém, o objeto havia sido captado pelos radares, o que elimina tal hipótese. E parece igualmente improvável que um piloto condecorad­o como Mantell fosse confundir Vênus com um objeto metálico. Três anos depois, os militares mudaram o discurso, afirmando que o que o capitão perseguira, na verdade, fora um balão do projeto Skyhook, até então secreto, que estava em teste. Feitos de polietilen­o plástico, que tem aparência metálica sob determinad­a iluminação, os balões Skyhook foram projetados para sobrevoar grandes altitudes da atmosfera, mais alto do que poderia ser alcançado por um avião. A maioria dos ufólogos, como o renomado Jacques Vallée, aceita a explicação do projeto Skyhook e dá o caso como encerrado. Todavia, a tentativa de culpar o planeta Vênus pela perseguiçã­o de Mantell foi muito importante para fundamenta­r uma das principais teorias conspirató­rias defendidas pelos ufólogos: a de que a Força Aérea Americana, bem como os órgãos governamen­tais, de forma geral, agem no intuito de desinforma­r a população em questões referentes ao avistament­o de óvnis. Foi para responder à pressão da imprensa após o caso Mantell que a Força Aérea Americana criou o Projeto Sign, que visava a investigar fenômenos ufológicos. Cerca de um ano depois, em dezembro de 1958, o Sign foi substituíd­o pelo Projeto Grudge, que, por sua vez, deu lugar, em 1962, ao Projeto Blue Book, que lidaria com todos os assuntos envolvendo óvnis nos Estados Unidos.

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Aviões P-51 Mustang, do tipo pilotado por Thomas Mantell.

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