CAPSULE MONSTERS
Seja bem-vindo ao mundo dos monstros em cápsulas. Ou melhor, de bolso!
Colecionar insetos nunca foi tão divertido!
Se você escolher aleatoriamente alguma pessoa na rua e perguntar se ela conhece Pokémon, as chances de a resposta ser "sim" são altíssimas, e elas dobram se você mostrar a imagem de um certo rato elétrico.
Pocket Monsters é uma das maiores franquias da atualidade, conquistando treinadores dos quatro cantos do mundo. Mas você sabe como essa proeza começou? Em 1996, uma ideia inesperada ganhou vida, e ninguém acreditaria no jeito como ela iniciou.
TROCAR E COLECIONAR
Insetos. Sim, foi com simples insetos que Satoshi Tajiri teve uma das sacadas mais revolucionárias e lucrativas da indústria. Sua intenção era simplesmente unir a paixão de colecionar com a interação que faltava nos jogadores em geral.
Ele tinha receio de que, aos poucos, abandonássemos as boas e velhas brincadeiras com os amigos para nos concentrarmos inteiramente em diversão eletrônica.
Satoshi sempre disse que adorava colecionar insetos e catalogá-los do seu jeito na infância. Seu apelido entre a criançada era Doctor Bug (doutor inseto), mas, enquanto crescia, sua paixão mudou-se para algo comum entre os jovens japoneses: jogar fliperamas. Era viciado em Space Invaders. Seu lado criador foi surgindo, o que o fez desmontar seu Famicom para conhecê-lo melhor. Sem querer querendo, o cara achou sua vocação.
O grande estalo aconteceu em um dia simples, ao notar dois gar otinhos jogando com seus Game Boy usando o cabo Link. Ele começou a imaginar insetos indo de um por tátil a outro, e logo a chama de colecionador voltou a se acender. Naquele momento ele estava trazendo seu hobby mais amado à tona. Pouco se fala sobre isso, mas a série paralela Final Fantasy Legends, para Game Boy, foi uma referência de peso para a jogabilidade de Pokémon. Rapidamente, a ideia se desenvolveu com a ajuda da equipe da Game F reak e foi apresentada para a Nintendo.
Não agradou muito, mas alguém ali viu potencial: o mestre Shigeru Miyamoto abraçou a fantástica empreitada. Aliás, se os games da franquia são lançados em duas versões, para provocar a interação, é por causa de uma sugestão do criador de Mario e Link . Até hoje, Satoshi diz, com carinho, que Miya é seu mentor e que sua admiração pelo designer é incondicional.
MESTRES DO JOGO
Antes mesmo de desenvolver Pokémon, seu criador já se via trabalhando em empresas na área. Foi essa motivação que levou o homem a se unir com o artista Ken Sugimori e ao compositor e desenvolvedor Junichi Masuda para criar a Game Freak em 26 de abril de 1989, sete anos antes do lançamento de Red e Green.
Mas o que eles faziam até então? Revistas! Mesmo antes de se consolidar como uma produtora, os envolvidos trabalhavam na publicação de fazines. Tinham, em média, 28 páginas e abordavam diversos aspectos e assuntos do universo dos joguinhos.
Já em 1989, Satoshi enfim lançou seu primeiro jogo, Quinty, para Famicom. Nos Estados Unidos virou Mendel Palace, publicado pela Hudson para NES. Foi aí que o estúdio ganhou certa notoriedade. A partir dali, desenvolveu títulos para algumas das maiores companhias da época, Nintendo e Sega, para quem fizeram Mario & Wario, Yoshi, Pulseman e Smart Ball.
Contudo, a Game Freak só se sobressaiu depois de lançar Pokémon, quando virou parceira (second party) da Nintendo.
ALVORECER DE UM ÍCONE
O dia 27 de fevereiro de 1996 mudou a sociedade. As memórias de Tajiri se consumaram, dando a milhares de gamers a oportunidade de capturar, treinar e compartilhar 151 criaturinhas em Pokémon Red e Pokémon Green, para Game Boy.
No começo o jogo não fez muito sucesso, com vendas modestas e sutis, até que a revista Corocoro anunciou a distribuição da última criatura da Pokédex: Mew. Apenas 20 unidades do monstrinho seriam dadas em um concurso, o que levou a mais de 78 mil inscrições.
Não tardou até que saísse Pokémon Blue, uma versão melhorada dos outros dois jogos. A popularidade crescente da
franquia levou à criação das Estampas Ilustradas, o Pokémon Trading Card Game, que estreou no mercado com
102 cartas, incluindo monstros e itens.
Já em 1 de abril de 1997 a fama se consagrou, quando estreou o anime em território japonês. A história muita gente já sabe. São as aventuras de Satoshi, nome inspirado no criador da franquia, em suas andanças para se tornar um Mestre Pokémon, competindo periodicamente com seu rival Shigeru, inspirado em Miyamoto. Aqui os dois viraram Ash Ketchum e Gary Oak (ou Gary Carvalho).
A partir dali o domínio foi só crescendo. Jogos, brinquedos, álbuns de figurinhas, discos, brindes em salgadinhos e refrigerantes... Não demorou para se espalhar aos quatro ventos e conquistar nações inteiras.
Desde as versões Gold e Silver, Satoshi Tajiri não mais produz Pokémon. Passou a Pokébola para Junichi Masuda, mas ainda é dono da Game Freak. O recluso visionário, ainda assim, é consultado nas principais decisões tomadas pela Pokémon Company, subsidiária da
Big N que administra a franquia.
Hoje, ainda mais com a internet, a brincadeira de trocar Pokémon com amigos acontece pelo globo. Extrapolou qualquer expectativa de um certo garoto que colecionava insetos. O simples passatempo mudou o universo dos jogos para sempre.