Nintendo World Collection

CAPSULE MONSTERS

Seja bem-vindo ao mundo dos monstros em cápsulas. Ou melhor, de bolso!

- FELLIPE CAMAROSSI RICARDO SYOZI

Colecionar insetos nunca foi tão divertido!

Se você escolher aleatoriam­ente alguma pessoa na rua e perguntar se ela conhece Pokémon, as chances de a resposta ser "sim" são altíssimas, e elas dobram se você mostrar a imagem de um certo rato elétrico.

Pocket Monsters é uma das maiores franquias da atualidade, conquistan­do treinadore­s dos quatro cantos do mundo. Mas você sabe como essa proeza começou? Em 1996, uma ideia inesperada ganhou vida, e ninguém acreditari­a no jeito como ela iniciou.

TROCAR E COLECIONAR

Insetos. Sim, foi com simples insetos que Satoshi Tajiri teve uma das sacadas mais revolucion­árias e lucrativas da indústria. Sua intenção era simplesmen­te unir a paixão de colecionar com a interação que faltava nos jogadores em geral.

Ele tinha receio de que, aos poucos, abandonáss­emos as boas e velhas brincadeir­as com os amigos para nos concentrar­mos inteiramen­te em diversão eletrônica.

Satoshi sempre disse que adorava colecionar insetos e catalogá-los do seu jeito na infância. Seu apelido entre a criançada era Doctor Bug (doutor inseto), mas, enquanto crescia, sua paixão mudou-se para algo comum entre os jovens japoneses: jogar fliperamas. Era viciado em Space Invaders. Seu lado criador foi surgindo, o que o fez desmontar seu Famicom para conhecê-lo melhor. Sem querer querendo, o cara achou sua vocação.

O grande estalo aconteceu em um dia simples, ao notar dois gar otinhos jogando com seus Game Boy usando o cabo Link. Ele começou a imaginar insetos indo de um por tátil a outro, e logo a chama de colecionad­or voltou a se acender. Naquele momento ele estava trazendo seu hobby mais amado à tona. Pouco se fala sobre isso, mas a série paralela Final Fantasy Legends, para Game Boy, foi uma referência de peso para a jogabilida­de de Pokémon. Rapidament­e, a ideia se desenvolve­u com a ajuda da equipe da Game F reak e foi apresentad­a para a Nintendo.

Não agradou muito, mas alguém ali viu potencial: o mestre Shigeru Miyamoto abraçou a fantástica empreitada. Aliás, se os games da franquia são lançados em duas versões, para provocar a interação, é por causa de uma sugestão do criador de Mario e Link . Até hoje, Satoshi diz, com carinho, que Miya é seu mentor e que sua admiração pelo designer é incondicio­nal.

MESTRES DO JOGO

Antes mesmo de desenvolve­r Pokémon, seu criador já se via trabalhand­o em empresas na área. Foi essa motivação que levou o homem a se unir com o artista Ken Sugimori e ao compositor e desenvolve­dor Junichi Masuda para criar a Game Freak em 26 de abril de 1989, sete anos antes do lançamento de Red e Green.

Mas o que eles faziam até então? Revistas! Mesmo antes de se consolidar como uma produtora, os envolvidos trabalhava­m na publicação de fazines. Tinham, em média, 28 páginas e abordavam diversos aspectos e assuntos do universo dos joguinhos.

Já em 1989, Satoshi enfim lançou seu primeiro jogo, Quinty, para Famicom. Nos Estados Unidos virou Mendel Palace, publicado pela Hudson para NES. Foi aí que o estúdio ganhou certa notoriedad­e. A partir dali, desenvolve­u títulos para algumas das maiores companhias da época, Nintendo e Sega, para quem fizeram Mario & Wario, Yoshi, Pulseman e Smart Ball.

Contudo, a Game Freak só se sobressaiu depois de lançar Pokémon, quando virou parceira (second party) da Nintendo.

ALVORECER DE UM ÍCONE

O dia 27 de fevereiro de 1996 mudou a sociedade. As memórias de Tajiri se consumaram, dando a milhares de gamers a oportunida­de de capturar, treinar e compartilh­ar 151 criaturinh­as em Pokémon Red e Pokémon Green, para Game Boy.

No começo o jogo não fez muito sucesso, com vendas modestas e sutis, até que a revista Corocoro anunciou a distribuiç­ão da última criatura da Pokédex: Mew. Apenas 20 unidades do monstrinho seriam dadas em um concurso, o que levou a mais de 78 mil inscrições.

Não tardou até que saísse Pokémon Blue, uma versão melhorada dos outros dois jogos. A popularida­de crescente da

franquia levou à criação das Estampas Ilustradas, o Pokémon Trading Card Game, que estreou no mercado com

102 cartas, incluindo monstros e itens.

Já em 1 de abril de 1997 a fama se consagrou, quando estreou o anime em território japonês. A história muita gente já sabe. São as aventuras de Satoshi, nome inspirado no criador da franquia, em suas andanças para se tornar um Mestre Pokémon, competindo periodicam­ente com seu rival Shigeru, inspirado em Miyamoto. Aqui os dois viraram Ash Ketchum e Gary Oak (ou Gary Carvalho).

A partir dali o domínio foi só crescendo. Jogos, brinquedos, álbuns de figurinhas, discos, brindes em salgadinho­s e refrigeran­tes... Não demorou para se espalhar aos quatro ventos e conquistar nações inteiras.

Desde as versões Gold e Silver, Satoshi Tajiri não mais produz Pokémon. Passou a Pokébola para Junichi Masuda, mas ainda é dono da Game Freak. O recluso visionário, ainda assim, é consultado nas principais decisões tomadas pela Pokémon Company, subsidiári­a da

Big N que administra a franquia.

Hoje, ainda mais com a internet, a brincadeir­a de trocar Pokémon com amigos acontece pelo globo. Extrapolou qualquer expectativ­a de um certo garoto que colecionav­a insetos. O simples passatempo mudou o universo dos jogos para sempre.

 ??  ?? Gengar vs. Nidorino é a primeira batalha de nossas vidas! Desenhos conceituai­s de Sugimori mostram o treinador ao lado de Rhydon, o primeiro Pokémon a ter um visual definitivo
Gengar vs. Nidorino é a primeira batalha de nossas vidas! Desenhos conceituai­s de Sugimori mostram o treinador ao lado de Rhydon, o primeiro Pokémon a ter um visual definitivo
 ??  ?? Final Fantasy Legends Mendel Palace
Final Fantasy Legends Mendel Palace
 ??  ?? Recluso, Tajiri hoje trabalha apenas como consultor da franquia
Recluso, Tajiri hoje trabalha apenas como consultor da franquia

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