POKÉMON POKÉMON RUBY E SAPPHIRE
O clima entra em conflito em Hoenn
Ah! Me lembro muito bem. Este início de parágrafo pode parecer um tanto velhaco, mas é a mais pura verdade. Tinha 17 anos e juntava cada centavo para comprar a nova versão de um dos games mais amados de todos.
O ano era 2003 e tudo o que queria era colocar as mãos em Sapphire logo no lançamento. Quando o adquiri, o meu GBA torrou pilhas e mais pilhas até encerrar a história da aventura, algo que fiz em três dias quase que ininterruptos. Como sempre, fui de Pokémon do tipo água. Era Mudkip na cabeça!
Pela primeira vez senti uma pegada mais profunda na narrativa, mostrando duas equipes rivais que se digladiavam para ver quem era a mais forte, mesmo que ambas agissem como verdadeiras vilãs.
A facção Magma queria controlar o poderoso Groundon e a equipe Aqua pretendia inundar tudo usando o grande Kyogre. No final, uma delas acabaria dominando o mundo. Essa dubiedade de ideais oferecia algo inédito: ver além de "heróis e vilões". Todos são apenas humanos e podem cometer erros.
EFFORTANDO
Mas a verdadeira divisão de mares foi a alteração no sistema de treinamento com os Effort Vallues (valores de esforço), pontos que aumentam especificamente algum status do Pokémon.
Hoje, a maioria dos treinadores já está acostumada com isso, mas na época era algo muito bacana, trabalhoso e recompensador. Nas duas primeiras gerações os EVS eram totalmente ligados aos pontos de experiência, e por isso eram chamados de Stat Experience. Mas em Ruby e Sapphire a coisa atingiu outro nível.
Ela funcionava assim: cada monstro era limitado a exatos 255 EVS por status e 510 EVS no total. Esses pontos eram adquiridos enfrentando outros Pokémon em batalha ou usando itens como Iron e Protein.
O interessante é que o treinador tinha que estar sempre tomando notas para não desperdiçar nenhum ponto a partir do momento que um status já havia alcançado o máximo de EVS. Eu mesmo possuía um caderninho cheio de adesivos para jamais cometer algum erro de cálculo. Foi assim que treinei muito bem os meus Crobat, Swampert e Ludicolo.
Além disso, outras surpresas apareceram para encher de estratégia as batalhas. As Natures foram introduzidas, oferecendo ainda mais dinâmica para os EVS e Breeding (criação) de Pokémon. As Abilities entraram com tudo.
Cada Pokémon possuía a sua, oferecendo vantagens no campo de batalha, como não sofrer ataques terrestres ou até mesmo absorver
golpes adversários para recuperar HP. Assim, a ideia de Predict (prever os ataques e movimentos do adversário) se tornaram verdadeiras linhas entre derrotar ou ser derrotado.
E não era só isso. Imagine a nossa cabeça ao descobrir as empolgantes Double Battles, ainda consideradas o topo da estratégia e usadas especialmente no Pokémon World Championships. Com a luta em dupla o leque aumentou, fazendo até mesmo com que certos Pokémon considerados fracos aparecessem em partidas emocionantes por causa de seus benefícios estratégicos. Pachirisu!
MEU CANTO
Não foram só de batalhas que os games viveram seus bons momentos. Os Pokémon Contest surgiram para expandir o já enorme público. Deste jeito, uma nova forma de interagir com Pikachu e companhia nasceu, fazendo com que treinadores se tornassem também mestres artísticos e fãs apaixonados pela customização de seus amiguinhos. Passei muitas horas levando meu lindo Altaria a todos os concursos de Hoenn. Conquistei a maioria dos prêmios e Ribbons. Até hoje tenho a companhia de Lorelai em Pokémon X.
Notou como Ruby e Sapphire são as versões que mais revolucionaram Pokémon? Desde a narrativa até o sistema de batalhas, não apenas prenderam ainda mais os fãs, mas deram a oportunidade para novos jogadores se apaixonarem por elas, sem falar nos formatos de campeonato. Até o Trading Card Game foi influenciado com as mecânicas dos Pokémon EX.
Sou um jogador muito feliz por ter participado disso desde o começo, mas ainda mais importante é que me tornei um fã mais exigente e sedento por novidades. Espero que isso também tenha ocorrido, de uma forma ou de outra, com muitos outros por aí.