Nintendo World Collection

CAÇULA, DO MEIO, MAIS VELHO

Descubra os motivos que transforma­ram Luigi em um cara pra lá de especial.

- HUGO H. PEREIRA

Um carpinteir­o, em 1981, salvou sua namorada de um gorila maluco em um canteiro de obras. A boa ação mudou o rumo do universo dos videogames, transforma­ndo a Nintendo na gigante do entretenim­ento eletrônico que conhecemos hoje. Em 1983, foi então revelado que o tal salvador, agora encanador, não era filho único. Luigi, que por durante anos seria chamado de Mario verde, entrava para o time de estrelas da empresa de Quioto.

NASCE O PLAYER 2!

Quando Shigeru Miyamoto e sua equipe se viram diante da tarefa de criar um jogo que viraria Mario Bros., o designer queria trazer algo a mais para a mesa. Por mais que Donkey Kong tivesse sido um sucesso, oarcade era um tanto solitário, se comparado aos games que ofereciam uma experiênci­a multiplaye­r na ocasião. Inspirado principalm­ente no aspecto competitiv­o e cooperativ­o de Joust (1892), no qual um cavaleiro, montando em um avestruz, tinha que derrotar outros guerreiros do estágio, o mestre resolveu dar um irmão para Mario, criando o eterno segundo jogador na franquia.

Para não haver confusão, Luigi era identifica­do com roupas verdes, mas continuou fisicament­e idêntico ao outro encanador. Por isso, foi fácil explicar que os dois eram gêmeos. Curiosamen­te, até seu nome reforça esse conceito, já que Luigi, além de ser tipicament­e italiano, em japonês é baseado em ruiji, que significa similar. Outras fontes afirmam que a alcunha vem de uma pizzaria famosa, que ficava perto da sede da Nintendo of America em Redmond, em Washington. Ela se chamava Mario & Luigi's. Por qualquer que tenha sido o motivo, a escolha veio a calhar muito bem!

DIFERENCIA­NDO O SIMILAR

Com o passar do tempo, Luigi se tornou drasticame­nte distinguív­el de seu companheir­o de aventuras. O primeiro passo rumo a essa direção foi dado em 1986, com o lançamento de Super Mario Bros: The Lost Levels, no Japão. Ainda que fosse apenas uma troca de cor, Luigi não era mais um avatar, uma variação do protagonis­ta, e sim um segundo personagem selecionáv­el. Isso aconteceu, pois sabiamente nesse jogo o encanador ganhou duas de suas mais famosas habilidade­s: seu pulo ficou mais alto e duradouro, o que afeta sua estabilida­de ao tocar o chão, fazendo com que deslize pelas plataforma­s mesmo após parar.

Super Mario Bros. 2, a versão americana, não só manteve essas caracterís­ticas como começou a diferencia­r o visual da dupla, alongando Luigi e o deixando mais magro. Porém, foi somente com Super Mario Kart, no SNES, que essas diferenças se tornaram um padrão. Além disso, vez ou outra Luigi teve seus poderes associados à eletricida­de, como em Mario & Luigi: Superstar Saga e Mario Strikers Charged, para contrastar com as habilidade­s de fogo de encanador.

LUIGI, O HERÓI COVARDE

Depois do físico foi a vez da mente. Em Paper Mario, os traços de personalid­ade do italiano receberam tons mais verdes, como a revelação de que sentia inveja do estrelato de você sabe quem – confissão que podemos ler em seu diário no jogo.

Entretanto, com a chegada do Gamecube, a falta de atenção por parte da Nintendo foi reparada. Luigi encarou seu maior desafio até então: estrelar um game de grande porte, responsabi­lidade que era maior do

que se pensava, já que era um dos títulos de lançamento do cubo. Apesar da covardia evidente em seu rosto, ele teve muita coragem para aceitar a missão. Aliás, se saiu muito bem!

Em Luigi's Mansion, enquanto salvava Mario das garras de King Boo e ajudava E. Gadd a eliminar figuras ectoplásmi­cas de uma mansão assombrada, o encanador recebeu a caracterís­tica que marcaria sua ascensão na franquia: o medo destrambel­hado. Já visitadas em quadrinhos e desenhos animados, suas diversas fobias, com destaque para o pavor de fantasmas, são usadas extensivam­ente desde então, principalm­ente nos RPGS, como as séries Paper Mario e Mario & Luigi.

Enquanto seu brother é o típico bom moço que faz de tudo para salvar sua donzela sem questionar, Luigi se torna o mais complexo dos dois ao oferecer essa interessan­te dicotomia entre a necessidad­e de ser um herói e seu medo. Esse contraste leva a situações hilárias, como ver Professor Elvin enviando o caçador de espectros para investigar mansões contra sua vontade ou o próprio sendo hipnotizad­o para acreditar que é o Mario, ganhando então uma dose extra de entusiasmo. Daí vem seu alívio cômico, digno dos melhores comediante­s.

Seja derrubando um de seus parceiros na lava ou exagerando ao contar as

aventuras vividas, como nas cenas de Paper Mario: Thousand Year Door, Luigi ficou mais atrapalhad­o ou exagerado em suas ações, intensific­ando ainda mais esse seu humor inerente, por mais que, na maioria das vezes, estejamos rindo dele e não com ele. Até jogos da série principal evidenciam isso, como nas enrascadas em que se mete em Super Mario Galaxy.

GO GREEN!

Passando dez anos sendo tratado como um clone e depois mais uma década nas sombras do irmão, nos últimos anos o holofote mudou para seu lado. Com cada vez mais importânci­a no Marioverso, e até protagoniz­ando parte deles, há quem diga que já ofusque o outro encanador. Se antes tinha apenas Toadia como fã, hoje conta com uma legião de nintendist­as para os quais, não importa o que esteja escrito na tela da TV ou no manual, Luigi será sempre o jogador número um!

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