MEU MALVADO FAVORITO
Wario só quer saber de ganhar dinheiro!
Em um mundo que beira os contos de fadas, Wario consegue o improvável: atingir a fama com sua natureza truculenta, gananciosa e desagradável. Apesar da respeitável carreira no universo dos games, continua rodeado por mistérios, alguns desconcertantes. No final da história, ele é herói ou vilão?
RUTH E RAQUEL
Encerrando os anos 1980 como uma promissora aposta, surgia, pelas mãos do inventivo Gunpei Yokoi, o Game Boy, portátil que levaria a magia do mundo 8-bit para onde quer que fôssemos. Sucessor espiritual do Game & Watch, também foi desenvolvido pela Nintendo Research and Development, uma das principais subdivisões da companhia, que já tinha como credenciais títulos de peso como Kid Icarus e Metroid. Ícone da quarta geração de sistemas, o GB conseguiu até mesmo dar uma repaginada em tudo o que se sabia sobre a série de Mario.
Contudo, havia muito mais por trás das cortinas. Enquanto Shigeru Miyamoto e Takashi Tezuka, da Nintendo Entertainment Analysis & Development, colhiam os frutos da ressonante popularidade do Famicom e de suas franquias, incluindo The Legend of Zelda e Donkey Kong, a turma de Yokoi ficou incumbida de sustentar o Game Boy com títulos que reproduzissem o sucesso do encanador nos consoles de mesa.
Pressionados pelo então presidente Hiroshi Yamauchi a permanecer na sombra de Miyamoto e sentindo o dissabor de trabalhar com franquias pelas quais não tinham paixão, a R&D deu vida a um personagem que simbolizaria a situação!
OBEY WARIO, DESTROY MARIO!
Combinação de Mario com a palavra japonesa warui, que significa mal, o anti-herói desenhado por Hiroji Kiyotake, criador de Samus Aran, já começou dando trabalho. A ganância de Wario o leva a colocar os habitantes de Super Mario Land 2 contra seu mestre. O encanador então coleta todas as Golden Coins para retomar a normalidade e reclamar seu castelo das mãos do intruso. O desfecho da batalha cinzenta certamente não foi o melhor para o vilão – mas definitivamente deu aos desenvolvedores um fôlego criativo.
Satoshi Tajiri, pai de Pokémon, gostou tanto do personagem que produziu Mario & Wario pela Game Freak, um tipo de precursor de Mario vs. Donkey Kong guiado pelo mouse do Super Famicom.
GRITO DE INDEPENDÊNCIA
Apesar do nome, Super Mario Land 3 é a primeira aventura solo de Wario, com várias peculiaridades mecânicas e visuais. Diferente de seu rival, aqui ele fez jus à sua força extraordinária ao desferir golpes que se tornariam sua marca registrada, como o Body Slam. Apesar de ser responsável por alguns atos heróicos, a principal motivação do gorducho continuou sendo a ganância e a mesquinharia. Na promissora terra de Kitchen Island, submersa em tesouros, lidamos com os Black Sugar Pirates, conduzidos pela ardilosa saqueadora Captain Syrup. Para deixar tudo mais interessante, o porcalhão adquiriu os poderes Bull Wario, Dragon Wario e Jet Wario.
A sequência, Virtual Boy Wario Land, acompanhou o fraco desempenho do Virtual Console, mas ficou marcada na memória como o último jogo da série supervisionado por Gunpei, que faleceu em 1997 em um trágico acidente de trânsito.
O SHOW NÃO PARA
Em 1998, o personagem descerrou a placa de inaguração do Game Boy Color com estilo e novas habilidades bizarras em Wario Land II, do diretor Hosokawa Takehiko. Em Wario Land 3, o brutamontes é aprisionado em uma caixa de música, a Music Box World, e, em Wario Land 4, domina o Game Boy Advance em uma faraônica aventura em busca de um tesouro lendário.
Graças a Good-feel, Wario Land: Shake It! é uma continuidade perfeita da série, produzida, após um hiato de sete anos, para o Wii.
Inspirada pelo conceito de minigames curtos e sequenciais de Mario Artist: Polygon Studio, do restrito Nintendo 64DD, a R&D deu vida a Warioware, Inc.: Mega Microgame$!, coleção de jogos nonsense que trouxe ainda mais insanidades para as nossas vidas.
Desenvolvido em segredo e exibido ao diretores da Nintendo já em estágio avançado de criação, a ideia dos microgames causou um furor, com um estilo único de gameplay, ganhando vários títulos de relativo sucesso. Se aproveitando das capacidades dos hardwares, Warioware tornou-se a melhor alternativa da Big N para mostrar os recursos de seus sistemas.
WARIO WINS!
Os jogos de Wario são feitos à sua imagem e semelhança: carecem de pureza e investem em movimentos, visuais e inimigos grotescos. E é isto o que faz dele um personagem único, pois sua essência contestadora é difícil de ser prevista. Em microgames, aventuras ou eventos esportivos, o vilão (e herói) sempre será uma escolha de peso para os fãs.