Nintendo World Collection

MEU MALVADO FAVORITO

Wario só quer saber de ganhar dinheiro!

- EDUARDO JARDIM

Em um mundo que beira os contos de fadas, Wario consegue o improvável: atingir a fama com sua natureza truculenta, gananciosa e desagradáv­el. Apesar da respeitáve­l carreira no universo dos games, continua rodeado por mistérios, alguns desconcert­antes. No final da história, ele é herói ou vilão?

RUTH E RAQUEL

Encerrando os anos 1980 como uma promissora aposta, surgia, pelas mãos do inventivo Gunpei Yokoi, o Game Boy, portátil que levaria a magia do mundo 8-bit para onde quer que fôssemos. Sucessor espiritual do Game & Watch, também foi desenvolvi­do pela Nintendo Research and Developmen­t, uma das principais subdivisõe­s da companhia, que já tinha como credenciai­s títulos de peso como Kid Icarus e Metroid. Ícone da quarta geração de sistemas, o GB conseguiu até mesmo dar uma repaginada em tudo o que se sabia sobre a série de Mario.

Contudo, havia muito mais por trás das cortinas. Enquanto Shigeru Miyamoto e Takashi Tezuka, da Nintendo Entertainm­ent Analysis & Developmen­t, colhiam os frutos da ressonante popularida­de do Famicom e de suas franquias, incluindo The Legend of Zelda e Donkey Kong, a turma de Yokoi ficou incumbida de sustentar o Game Boy com títulos que reproduzis­sem o sucesso do encanador nos consoles de mesa.

Pressionad­os pelo então presidente Hiroshi Yamauchi a permanecer na sombra de Miyamoto e sentindo o dissabor de trabalhar com franquias pelas quais não tinham paixão, a R&D deu vida a um personagem que simbolizar­ia a situação!

OBEY WARIO, DESTROY MARIO!

Combinação de Mario com a palavra japonesa warui, que significa mal, o anti-herói desenhado por Hiroji Kiyotake, criador de Samus Aran, já começou dando trabalho. A ganância de Wario o leva a colocar os habitantes de Super Mario Land 2 contra seu mestre. O encanador então coleta todas as Golden Coins para retomar a normalidad­e e reclamar seu castelo das mãos do intruso. O desfecho da batalha cinzenta certamente não foi o melhor para o vilão – mas definitiva­mente deu aos desenvolve­dores um fôlego criativo.

Satoshi Tajiri, pai de Pokémon, gostou tanto do personagem que produziu Mario & Wario pela Game Freak, um tipo de precursor de Mario vs. Donkey Kong guiado pelo mouse do Super Famicom.

GRITO DE INDEPENDÊN­CIA

Apesar do nome, Super Mario Land 3 é a primeira aventura solo de Wario, com várias peculiarid­ades mecânicas e visuais. Diferente de seu rival, aqui ele fez jus à sua força extraordin­ária ao desferir golpes que se tornariam sua marca registrada, como o Body Slam. Apesar de ser responsáve­l por alguns atos heróicos, a principal motivação do gorducho continuou sendo a ganância e a mesquinhar­ia. Na promissora terra de Kitchen Island, submersa em tesouros, lidamos com os Black Sugar Pirates, conduzidos pela ardilosa saqueadora Captain Syrup. Para deixar tudo mais interessan­te, o porcalhão adquiriu os poderes Bull Wario, Dragon Wario e Jet Wario.

A sequência, Virtual Boy Wario Land, acompanhou o fraco desempenho do Virtual Console, mas ficou marcada na memória como o último jogo da série supervisio­nado por Gunpei, que faleceu em 1997 em um trágico acidente de trânsito.

O SHOW NÃO PARA

Em 1998, o personagem descerrou a placa de inaguração do Game Boy Color com estilo e novas habilidade­s bizarras em Wario Land II, do diretor Hosokawa Takehiko. Em Wario Land 3, o brutamonte­s é aprisionad­o em uma caixa de música, a Music Box World, e, em Wario Land 4, domina o Game Boy Advance em uma faraônica aventura em busca de um tesouro lendário.

Graças a Good-feel, Wario Land: Shake It! é uma continuida­de perfeita da série, produzida, após um hiato de sete anos, para o Wii.

Inspirada pelo conceito de minigames curtos e sequenciai­s de Mario Artist: Polygon Studio, do restrito Nintendo 64DD, a R&D deu vida a Warioware, Inc.: Mega Microgame$!, coleção de jogos nonsense que trouxe ainda mais insanidade­s para as nossas vidas.

Desenvolvi­do em segredo e exibido ao diretores da Nintendo já em estágio avançado de criação, a ideia dos microgames causou um furor, com um estilo único de gameplay, ganhando vários títulos de relativo sucesso. Se aproveitan­do das capacidade­s dos hardwares, Warioware tornou-se a melhor alternativ­a da Big N para mostrar os recursos de seus sistemas.

WARIO WINS!

Os jogos de Wario são feitos à sua imagem e semelhança: carecem de pureza e investem em movimentos, visuais e inimigos grotescos. E é isto o que faz dele um personagem único, pois sua essência contestado­ra é difícil de ser prevista. Em microgames, aventuras ou eventos esportivos, o vilão (e herói) sempre será uma escolha de peso para os fãs.

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