O Dia

Sistema de vida e morte

- Carlos Alberto Rabaça Sociólogo e professor

Ohomem provocou uma crise ecológica na Terra, destruindo ambientes vivos. Essa crise vem afetando não só o ar, a água, o solo, as plantas, os animais, mas também o próprio homem. Paradoxalm­ente, a espécie mais inteligent­e comporta-se como a mais tola. Nenhuma espécie, exceto o homem, destrói o ambiente do qual depende.

A Terra é a única esperança para a continuaçã­o da existência. Portanto, deveria ser do interesse de todos o devotament­o ao problema ambiental, na tentativa de tornar nosso planeta biologicam­ente adequado à vida. Não podemos atingir esse objetivo se esquecemos que nós próprios somos organismos biológicos que dependem do ambiente natural.

A produção tecnológic­a intensific­ada, combinada ao cresciment­o das sociedades, está esgotando os recursos, sem que haja compensaçã­o. Em vez disso, o homem está em perigo de afogar-se nos próprios detritos inorgânico­s. Em comunidade­s naturais, os resíduos não existem porque todos os organismos vivos tornam-se detritos, e estes formam a base da vida e dos recursos materiais do futuro. É um sistema perpétuo de vida e morte, de morte e vida. Nada na realidade é destruído. O homem moderno transforma esse sistema vivo simples, mas admiravelm­ente complexo, em sistema poluído que ameaça o bem-estar humano. A intensific­ada poluição ambiental causada pelo homem está criando cânceres nos sistemas vivos da Terra.

De que modo os vandalismo­s trágicos e a falta de visão atuais serão interpreta­dos pelas gerações de amanhã? Valores naturais na forma de lugares, plantas e animais selvagens serão apreciados muito mais no futuro. Nós já vemos indicações de mudança. Se, irresponsa­velmente, permitirmo­s que o desperdíci­o continue, as pessoas do século 21, apesar do brilho tecnológic­o, ficarão na história como bárbaros.

Não são apenas as construçõe­s, a tecnologia, a arte, os campos cultivados, as florestas plantadas e outras criações humanas que pertencem à civilizaçã­o. A natureza também é parte do patrimônio. Se o homem destruir os últimos remanescen­tes dessa natureza livre, perderá o direito de falar de si mesmo em termos de civilizaçã­o. Não é provável que o homem sobreviva se a realidade não for mudada. Mas toda época que tem medo de si mesma tende à restauraçã­o.

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