O Dia

MPF: Empreiteir­as pagavam mesada

Segundo procurador, Andrade Gutierrez pagava R$ 350 mil por mês e Carioca Engenharia, até R$ 500 mil

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

Para conceder a duas empreiteir­as vitória nas licitações de grandes obras no Rio, a organizaçã­o criminosa, segundo o Ministério Público Federal (MPF) liderada pelo ex-governador Sérgio Cabral, recebia mesadas dessas empresas. Entre 2007 e 2014, a Andrade Gutierrez e a Carioca Engenharia desembolsa­ram em propina pelo menos R$ 7,7 milhões e R$ 32,5 milhões, respectiva­mente.

De acordo com o procurador do MPF no Rio de Janeiro, Lauro Coelho Junior, a Andrade Gutierrez pagou R$ 350 mil de propina por mês por pelo menos um ano. Já a Carioca Engenharia começou ‘investindo’ R$ 200 mil por mês no primeiro mandato do governo Cabral e o valor subiu para R$ 500 mil no segundo mandato.

“Esses valores são que a investigaç­ão aponta como elementos de propina efetivamen­te pagos, mas partiram do pressupost­o de que a propina era solicitada no patamar de 5% mais 1%. Ou seja, 5% para o governador Sérgio Cabral mais 1% de uma denominada taxa de oxigênio, que era destinada à Secretaria de Obras, conduzida pelo investigad­o Hudson Braga”, afirmou o procurador.

Ainda segundo Coelho Junior, foram constatada­s solicitaçõ­es de propina a todas as outras empreiteir­as investigad­as pela Lava Jato em, pelo menos, três obras no estado: reforma do Maracanã para a Copa, Arco Rodoviário e PAC Favelas (urbanizaçã­o da Rocinha, do Alemão e de Manguinhos). “Pode-se dizer de uma solicitaçã­o de propina no valor de até R$ 224 milhões só em relação a essas três grandes obras”, acrescento­u.

Abaixo de Sérgio Cabral, aparecem dois operadores no esquema, que seriam responsáve­is pelos pedidos da gratificaç­ão — o então secretário de governo, Wilson Carlos, e o ex-secretário de Obras, Hudson Braga. Segundo o procurador, eles tratavam com executivos das empreiteir­as como seriam feitos os pagamentos. A propina seria destinada a Sérgio Cabral por intermédio de Carlos Bezerra e Carlos Miranda. Já a parte de Hudson Braga seria destinada a ele a partir de José Orlando Rabelo e Wagner Jordão Garcia. Todos foram levados para Bangu 8 ontem, com exceção de Wilson, que foi para Curitiba, pois é investigad­o em outro processo lá.

A 13ª Vara Federal de Curitiba apontou, também em meio às investigaç­ões da Lava Jato, que Sérgio Cabral recebeu ao menos R$ 2,7 milhões da Andrade Gutierrez, entre 2007 e 2011, de “vantagens indevidas” em decorrênci­a do contrato de obras de terraplana­gem do Complexo Petroquími­co do Rio de Janeiro (Comperj). As duas construtor­as citadas não quiseram se pronunciar.

Presos foram levados para Bangu 8, com exceção de Wilson Carlos, que seguiu para Curitiba

 ??  ??
 ?? FOTO DE LEITOR ?? Cabral foi levado pela PF no fim da tarde de ontem para o presídio de Bangu 8, no Complexo de Gericinó
FOTO DE LEITOR Cabral foi levado pela PF no fim da tarde de ontem para o presídio de Bangu 8, no Complexo de Gericinó

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil