O Dia

Temer diz que demitirá ministro que se tornar réu na Lava Jato.

Temer diz que citação em delação não é o bastante, mas denunciado­s terão que sair provisoria­mente

- Brasília

Opresident­e Michel Temer convocou a imprensa ontem para afirmar que qualquer ministro que seja denunciado pela Procurador­ia Geral da República na Operação Lava Jato será afastado provisoria­mente de suas funções. O afastament­o se tornará definitivo caso a denúncia seja aceita pelo Supremo Tribunal Federal, o que transforma­rá o ministro em réu.

Temer não falou sobre o caso de Moreira Franco, que passou de secretário a ministro no último dia 3 — ato que foi, para muitos, uma estratégia para garantir ao auxiliar do presidente, citado na delação de um ex-executivo da Odebrecht como beneficiár­io de propina, direito a ser peocessado apenas no Supremo.

O presidente, no entanto, desconside­rou a importânci­a das citações até agora divulgadas. “Uma simples menção não pode ser modo definitivo de incriminar”, alegou.

A intenção do governo com o anúncio é tentar evitar suspeitas de que estaria buscando interferir na Lava Jato.“Faço essa declaração para dizer que o governo não quer e não vai blindar ninguém”, disse Temer, acrescenta­ndo que o afastament­o se dará “independen­temente do julgamento final”. O presidente ressaltou que essa decisão só valia para a Operação Lava Jato.

Além de Moreira, quatro ministros já foram citados nas delações que foram divulgadas: Eliseu Padilha (PMDB-RS), Leonardo Picciani (PMDB-RJ), José Serra (PSDB-SP) e Gilberto Kassab (PSD-SP). Quando o sigilo das 77 delações for suspenso, esse número deverá crescer bastante.

MUDANÇA NA PF

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) pediu ontem ao presidente Michel Temer a troca do diretor-geral da instituiçã­o, Leandro Daiello.

O pedido foi protocolad­o no Palácio do Planalto e contém uma lista tríplice de possíveis substituto­s aprovada em maio do ano passado pelos membros da associação, que diz estar preocupada com a autonomia da PF e com o futuro da Lava Jato.

Na semana passada, o presidente da ADPF, Carlos Eduardo Sobral, lamentou a saída do delegado Márcio Anselmo do comando das investigaç­ões da Lava Jato e a creditou à “falta de apoio da direção geral”, o que o teria levado ao “esgotament­o físico e mental”.

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ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL Temer, em fala no Planalto, nega que haja blindagem de ministros

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