O Dia

A quem interessa a crise?

- Paulo Melo Deputado estadual pelo PMDB

Os deputados da Alerj estão com o destino do estado nas mãos. Na votação em que autorizare­mos ou não o governo a usar as ações da Cedae como garantia da ajuda federal ao Rio, vai ficar claro quem são aqueles que querem que o estado continue em calamidade financeira e os que desejam ver novamente os servidores recebendo em dia, os hospitais e escolas funcionand­o e Segurança tendo condições de proteger os cidadãos.

Pois não são apenas os funcionári­os que estão sofrendo com parcelamen­to de salários. São todos os 17 milhões de fluminense­s. Quem votar contra a autorizaçã­o estará atendendo aos interesses de uma corporação formada por pouco mais de 6 mil funcionári­os, em detrimento de 494 mil servidores — ativos, inativos e pensionist­as — que continuarã­o recebendo cestas básicas recolhidas por seus sindicalis­tas.

É preciso compreende­r que a autorizaçã­o para o estado dispor das ações da Cedae — a modelagem da privatizaç­ão (ou concessão) só será definida num prazo de seis meses a um ano, após discussão com a sociedade, prefeitos e os próprios funcionári­os da empresa — não é mais uma questão ideológica, mas pragmática.

As ações da Cedae são a garantia que o governo federal exige não apenas para conceder o empréstimo de R$ 3,5 bilhões, que permitirá o estado a colocar os salários em dia, mas também a espinha dorsal do Plano de Recuperaçã­o Fiscal proposto pelo governo federal que significa, por três anos, alívio de R$ 62 bilhões no caixa do estado. O déficit projetado no Orçamento deste ano é de R$ 17 bilhões. O Rio precisa disso para se estruturar. Ano passado, 12 meses de arrecadaçã­o pagaram 10 salários. Este ano, portanto, são 16 folhas para pagar. Se nada for feito, teremos em 2017 pelo menos seis meses de atraso e parcelamen­to de salários.

A crise não é exclusiva do Rio, mas aqui ela bateu mais fundo sobretudo por sermos o maior produtor nacional de petróleo. Não é à toa que o número de desemprega­dos aqui seja acima da nacional: 12% da população está procurando emprego neste momento, segundo o IBGE.

O governo do estado não produz dinheiro. Sem a ajuda federal, a crise tende a piorar. Quem pensa que chegamos ao fundo do poço, sugiro olhar para o Espírito Santo. A quem interessa a crise? Saberemos na votação da Cedae, sem a qual não tem ajuda da União, não haverá salário em dia nem serviços públicos funcionand­o. Só restará o caos.

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