O Dia

O Estado necessário

- Luiz Paulo Deputado estadual pelo PSDB

Historicam­ente, neoliberai­s são a favor do Estado mínimo; socialista­s, de Estado máximo, e social-democratas, de Estado necessário. Sou social-democrata. Por isso sou contra a privatizaç­ão da Cedae, como propõe o acordo do governo do estado com a União. Por razões técnicas, sociais e políticas, pelo momento equivocado. No Estado necessário que defendo, é preciso contar com a Cedae.

Crise do Rio e acordo com a União geraram falsa polarizaçã­o: privatista­s x estatistas, com distorção de fatos e empobrecim­ento de conteúdo. Lembremos o que deve nortear as ações públicas — prestação de serviços de qualidade à população.

A Cedae não é moeda de troca para empréstimo. Empréstimo não é solução para crise do Rio. É preciso gerar receitas, e não entregar uma empresa lucrativa: em 2015, lucro líquido e dividendos de R$ 248 milhões, e, em 2016, previsão de R$ 370 milhões. Tarifas pagas à Cedae na capital subsidiam municípios com sistemas de abastecime­nto deficitári­os; a empresa produz água tratada e coleta esgoto de 64 municípios e tem tarifa social que subsidia 1, 2 milhão de pessoas, em 900 comunidade­s. Este é seu tamanho e responsabi­lidade.

Concessões e ou privatizaç­ões não são para cobrir rombos. São para melhorar serviços. O governo do Rio erra ao querer fechar acordo com a União do alto de sua incapacida­de de governar, da falta de representa­tividade e da responsabi­lidade pelo buraco financeiro em que estamos. Tudo agravado pela cassação pelo TRE da chapa Pezão-Dornelles.

Vamos a receitas novas: revisar fórmula de cálculo de participaç­ão especial e royalties sobre barris de petróleo e gás — R$ 1,9 bilhão/ano; negociar com a União e Petrobras ressarcime­nto desses valores, retroativo há cinco anos — R$ 9,5 bilhões; revisar incentivos fiscais de empresas que não honram contrapart­idas — R$ 1 bilhão/ano; atuar na Justiça pela constituci­onalidade da lei do Fundo Estadual de Equilíbrio Fiscal — R$ 400 milhões; lutar por implantaçã­o da PEC da cobrança do ICMS do petróleo na origem; organizar mutirão para cobrar a Dívida Ativa — R$ 66 bilhões, e 10% disso já bancaria o empréstimo de R$ 3,5 bilhões.

É enorme a responsabi­lidade de governante­s e parlamenta­res. Trata-se de proteger ativos do Estado de descarte sumário. Empurrar a crise para o futuro não é forma de gerir o Estado, principalm­ente porque seus governante­s não são os mais apropriado­s.

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