DERROTA PARA O FUTBOL
Nem mesmo a morte de torcedor é capaz de amenizar a estúpida rivalidade entre cartolas de Botafogo e Flamengo, que só acirram a animosidade fora de campo.
As cenas de barbárie e violência nos arredores do Estádio Nilton Santos deixaram o clássico entre Botafogo e Flamengo em segundo plano no domingo. Mas nem mesmo a morte de um torce- dor alvinegro parece suficien- te para que as diretorias dos clubes declarem trégua.
Os presidentes Carlos Eduardo Pereira e Eduardo Bandeira de Mello voltaram a trocar farpas, o que acirra a re- lação nada amistosa. No do- mingo, o pedido de cancelamento do clássico por parte do Alvinegro, devido ao baixo contingente de PMs, foi recha- çado pelos rubro-negros. On- tem, o Botafogo reiterou que o Flamengo não joga no Nilton Santos — a exceção é o Carioca, cujo mando dos jogos é da Federação do Rio.
“O Flamengo não tem conexão conosco. Eles não têm autorização para jogar no Nilton Santos. Não é nada novo. Já não tínhamos uma relação, acho que não muda nada. Mostra que realmente é impossível trabalhar em conjunto com o Flamengo. Que cada um siga seu caminho”, declarou Carlos Eduardo Pereira ao site Globoesporte.com.
O desgaste no relacionamento é antigo e supera os limites da arquibancada. A disputa é institucional, a começar pelo diferente posicionamento em relação à federação.
Porém, o caso Willian Arão foi o estopim. O volante deixou o clube em dezembro de 2015 para acertar com o Flamengo, após anular na Justiça cláusula de renovação automá- tica de contrato com o Botafogo, que ainda luta por ressarcimento. Na semana passada, o Tribunal Regional do Traba- lho do Rio (TRT-RJ) garantiu a Arão mais uma vitória no ca- so, que será definido pelo Tri- bunal Superior do Trabalho.
SEM ACORDO NA ILHA
O acordo do Flamengo com a Portuguesa para usar a arena da Ilha nos próximos três anos azedou de vez a relação entre os clubes. O estádio foi a casa alvinegra em 2016. O Botafogo não exerceu a prioridade para renovar e viu o arquirrival tomar a dianteira. O fracasso na negociação para manter a estrutura de arquibancada provou que o diálogo não é o ponto forte das diretorias.
Bandeira de Mello sugere trégua. “Temos visto declarações reiteradas dos dirigentes do Botafogo hostilizando o Flamengo. Entendo que os clubes deveriam agir em harmonia fora das quatro linhas”, disse Bandeira ao ‘SporTV’ num discurso político, infelizmente distante da realidade.
‘O FLAMENGO NÃO TEM CONEXÃO CONOSCO. ELES NÃO TÊM AUTORIZAÇÃO PARA JOGAR NO NILTON SANTOS. NÃO É NADA NOVO. E IMPOSSÍVEL TRABALHAR EM CONJUNTO COM O FLAMENGO’ CARLOS EDUARDO PEREIRA