Em quase cinco anos, sistema BRT não funciona conforme prometeu a prefeitura
Com obras que ficaram pelo caminho, sistema transporta menos gente do que o prometido e enfrenta velhos problemas
Quase cinco anos após a inauguração do primeiro BRT do Rio, o Transoeste, problemas identificados desde os primeiros meses de operação continuam tornando o ir e vir diário de grande parte dos 344 mil passageiros do sistema mais estressante. Um dos principais motivos de reclamação, a superlotação poderia ter sido amenizada se a prefeitura tivesse cumprido a promessa de concluir a rede e reestruturar estações de movimento intenso. Mas ainda nem há prazo para as melhorias.
“De 6h às 10h e de 16h às 21h, é superlotado. Você chega ao terminal Alvorada domingo, é um tumulto. Vou e volto espremida todos os dias”, reclama a cabeleireira Elaine Ganga, 42, que mora em Campo Grande e trabalha no Recreio. A falta de segurança, o mau comportamento de motoristas, o vandalismo,oscaloteseapresença de usuários de drogas, jamais solucionados, também deixamapassageiraindignada: “A redução do tempo de viagem é a vantagem. Diminuiu quase uma hora”.
Em 2015, quando Eduardo Paes (PMDB) era prefeito, a Secretaria Municipal de Obras anunciou estudo para ampliar as estações Magarça, Mato Alto e Curral Falso e os terminais Santa Cruz e Alvorada, importantes pontos de baldeação, o que aumentaria a capacidade do Transoeste como um todo. O anúncio veio depois de a prefeitura reconhecer que essas estaçõesforamsubdimensionadas. Até hoje, porém, só o Alvorada foi reformado.
Segundo Suzy Balloussier, diretora de Relações Institucionais do BRT, a reestruturação é importante para permitir que mais ônibus parem simultaneamente nas plataformas. Com isso, o tempo que o veículo precisa esperar a próxima parada desocupar seria reduzido, o que aceleraria o embarque e o desembarque e aumentaria o número de viagens realizadas com a frota de 450 veículos. Logo, a demanda seria absorvida em menos tempo.
“EmSantaCruz,porexemplo, só é possível encostar um ônibus de cada serviço por vez. Se encostassem dois, tanto a fila quanto a lotação no terminal seriam menores e os ônibus fariam a viagem mais rápido”, explica.
O estudante Wallace CamposdoNascimento,21,morador de Pedra de Guaratiba, conhece bem o perrengue da na estação Magarça. “Pela manhã, de 6h às 8h, é muito cheia, e de tarde também. Ela recebe gente de Campo Grande, Bangu, Santa Cruz, Madureira. De tudo quanto é lugar. Além disso, é preciso reforçar a segurança, porque aqui à noite é bem deserto e acontecem assaltos, principalmente após as 22h. Antes, tinha policiamento. Agora, não tem mais”, afirma.