O Dia

Em quase cinco anos, sistema BRT não funciona conforme prometeu a prefeitura

Com obras que ficaram pelo caminho, sistema transporta menos gente do que o prometido e enfrenta velhos problemas

- GUSTAVO RIBEIRO gustavo.ribeiro@odia.com.br

Quase cinco anos após a inauguraçã­o do primeiro BRT do Rio, o Transoeste, problemas identifica­dos desde os primeiros meses de operação continuam tornando o ir e vir diário de grande parte dos 344 mil passageiro­s do sistema mais estressant­e. Um dos principais motivos de reclamação, a superlotaç­ão poderia ter sido amenizada se a prefeitura tivesse cumprido a promessa de concluir a rede e reestrutur­ar estações de movimento intenso. Mas ainda nem há prazo para as melhorias.

“De 6h às 10h e de 16h às 21h, é superlotad­o. Você chega ao terminal Alvorada domingo, é um tumulto. Vou e volto espremida todos os dias”, reclama a cabeleirei­ra Elaine Ganga, 42, que mora em Campo Grande e trabalha no Recreio. A falta de segurança, o mau comportame­nto de motoristas, o vandalismo,oscalotese­apresença de usuários de drogas, jamais solucionad­os, também deixamapas­sageiraind­ignada: “A redução do tempo de viagem é a vantagem. Diminuiu quase uma hora”.

Em 2015, quando Eduardo Paes (PMDB) era prefeito, a Secretaria Municipal de Obras anunciou estudo para ampliar as estações Magarça, Mato Alto e Curral Falso e os terminais Santa Cruz e Alvorada, importante­s pontos de baldeação, o que aumentaria a capacidade do Transoeste como um todo. O anúncio veio depois de a prefeitura reconhecer que essas estaçõesfo­ramsubdime­nsionadas. Até hoje, porém, só o Alvorada foi reformado.

Segundo Suzy Balloussie­r, diretora de Relações Institucio­nais do BRT, a reestrutur­ação é importante para permitir que mais ônibus parem simultanea­mente nas plataforma­s. Com isso, o tempo que o veículo precisa esperar a próxima parada desocupar seria reduzido, o que aceleraria o embarque e o desembarqu­e e aumentaria o número de viagens realizadas com a frota de 450 veículos. Logo, a demanda seria absorvida em menos tempo.

“EmSantaCru­z,porexemplo, só é possível encostar um ônibus de cada serviço por vez. Se encostasse­m dois, tanto a fila quanto a lotação no terminal seriam menores e os ônibus fariam a viagem mais rápido”, explica.

O estudante Wallace CamposdoNa­scimento,21,morador de Pedra de Guaratiba, conhece bem o perrengue da na estação Magarça. “Pela manhã, de 6h às 8h, é muito cheia, e de tarde também. Ela recebe gente de Campo Grande, Bangu, Santa Cruz, Madureira. De tudo quanto é lugar. Além disso, é preciso reforçar a segurança, porque aqui à noite é bem deserto e acontecem assaltos, principalm­ente após as 22h. Antes, tinha policiamen­to. Agora, não tem mais”, afirma.

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 ?? FOTOS ESTEFAN RADOVICZ ?? Buracos e lombadas no pavimento do Transoeste chegam a danificar 20% dos veículos, segundo o BRT, reduzindo a oferta de transporte
FOTOS ESTEFAN RADOVICZ Buracos e lombadas no pavimento do Transoeste chegam a danificar 20% dos veículos, segundo o BRT, reduzindo a oferta de transporte
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Sem segurança: passageiro­s forçam as portas para entrar sem pagar
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Wallace reclama que estação Magarça fica muito cheia pela manhã
 ??  ?? Viaduto que ligaria o Transolímp­ica a Deodoro não foi concluído
Viaduto que ligaria o Transolímp­ica a Deodoro não foi concluído
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Obras suspensas no Transbrasi­l: prefeitura ainda reavalia o projeto

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