Viola Davis e as origens de Rose
Ganhadora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por ‘Um Limite Entre Nós’, atriz revela as inspirações de sua personagem
Viola Davis, 51 anos, levou no domingo o Oscar de melhor atriz coadjuvante, por sua atuação em ‘Um Limite Entre Nós’, que estreia hoje e exibe os problemas enfrentados por uma família de afro-americanos em 1957, na Pensilvânia. E a atriz é direta ao falar, em entrevista realizada pela Paramount (produtora do longa), sobre como o preconceito racial afetou sua vida.
“Cresci num ambiente predominado por pessoas brancas, e os professores me disseram que os negros não podiam ler nem escrever nada durante a escravidão”, contou ela, primeira atriz negra a ganhar a chamada ‘Tríplice Coroa de Atuação’, por ter sido premiada com os prêmios máximos do cinema (Oscar), TV (Emmy) e teatro (Tony).
No filme, Viola interpreta Rose, mãe de família que tem relacionamento turbulento com o marido — o irascível Troy (interpretado por Denzel Washington, também diretor do filme), um lixeiro que tentou ser jogador de basquete na infância, mas não conseguiu espaço nas ligas por só haver vagas para atletas brancos. No decorrer da história, Rose faz grandes sacrifícios pessoais para manter a família unida. E Viola diz ter se inspirado em várias mulheres para compor o papel.
“Inspirei-me em mim, minha mãe, minha assessora de imprensa e minha agente. Todas as mulheres que existem, negras ou brancas. Todas as mulheres que já conheci, as quais se sacrificaram, se doaram, em qualquer época. Aquela que sentiu como se tivesse dado um pedaço de sua vida por um bem maior. Esse é nosso poder como mulheres”, conta, lamentando que as mulheres sejam “ensinadas a reprimir nossos sonhos, nossas esperanças e nossa voz”. A história de ‘Um Limite Entre Nós’ se passa nos anos 1950. Viola, nascida em 1965, vê semelhanças entre a vida de Troy e a de seu pai. “Ambos vieram da mesma geração. Meu pai nasceu em 1936. Tudo que ele sabia era que disciplina era apanhar. E seu pai, como o pai de Troy, batia nele provavelmente porque era da primeira geração após a escravidão. Eles não sabiam como negociar o papel do pai. E tiveram que enfrentar sonhos perdidos, oportunidades perdidas”, diz.