O Dia

Brasil volta ao passado com a febre amarela

- FRANCISCO EDSON ALVES falves@odia.com.br

Como nas campanhas de vacinação do início e do meio do século passado (foto), a sociedade se mobiliza contra a doença. As causas são velhos problemas ambientais e de saúde pública, que continuam até hoje sem solução.

Erradicada no século passado, a febre amarela não preocupava, não integrava a caderneta de vacinas obrigatóri­as e parecia uma realidade distante do Estado do Rio. Estava enterrada no passado. Mero engano. A doença trazida da África em navios e propagada através do inimigo número um dos sanitarist­as, o Aedes aegypti, não é um surto no estado, mas passou a ser uma das maiorespre ocupações por aqui. É que a sombrada epidemia que matou 60 mil pessoas, entre 1849 e 1907, não foi apagada da história. E, apesar das medidas de precaução, há muita tensão em relação ao assunto.

O desafio das autoridade­s municipais, estaduais e federais é impedir que o mal chegue às áreas urbanas, o que não ocorre desde 1942. No estado, um apessoa morreu coma doença em Casimiro de Abreu, ondeou trocas o foi notificado.Vacinação em mas saem todo o estado e maior controle sobre o trânsito de pessoas em turismo ecológico são duas medidas tomadas imediatame­nte, por precaução.

Mas porque a doença ressurgiu de forma mais preocupant­e? Umas das prováveis causas seria o desmatamen­to, que causa desequilíb­rio ecológico, deixando escassos os predadores dos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, transmisso­res do vírus no meio rural, onde macacos são os principais hospedeiro­s. O desastre da Samarco no Rio Doce também é apontado como cau sapara o desequilíb­rio ecológico. Nas cidades, onde oh o memé o único hospedeiro, falhas históricas no combate ao Aedes aegypti, principal veto rurbano, continuam tirando o sono das autoridade­s.

A tentativa de exterminar Aedes começou com o médico sanitarist­a Oswaldo Cruz, que desenvolve­u a vacina, e comandou, em 1860, 5 mil homens na destruição de focos. O excesso de doentes fez com que até fábricas, como ade tecidos Aliança, em Laranjeira­s, fossem transforma­das em hospitais. As investidas de Oswaldo Cruz, mesmo contrarian­do as Forças Armadas, e parte da população — que desencadeo­u movimento conhecido como a ‘Revolta da Vacina’ — deram resultados. “Na época, o Rio tinha 800 mil habitantes. Como passar do tempo, negligênci­as políticas e descaso coma saúde, fizeram com que o vetor, noca sodo Aedes, nunca tenha sido combatido deforma eficaz. Hoje, com mais de 6,5 milhões de cariocas, essa luta é mais difícil, mas não impossível”, diz o historiado­r Milton Teixeira.

Mazelas políticas e econômicas, conforme ele, e a falta de ações públicas eficientes a olongo das últimas décadas, lembram algumas situações do Brasil Império, quando o Aedes, que agora também transmite adengue, azika e a chikunguny­a (que mataram 794 pessoas em 2016), era o mesmo, embora tivesse outro nome”, observa. A pesquisado­ra Goreti Rosa Freitas, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), reforça a atenção para o combate ao Aedes .“O mosquito se tornou um pet, um mosquito que criamos em nossas casas, como animal doméstico. Isso tem que ser evitado ”, comenta.

Milton menciona que após 1850, quando os surtos da doenças e intensific­aram, comerciant­esforam morarn aspartes altas de Santa Teresa, fugindo do mosquito. A nobreza, por sua vez, se refugiou em Petrópolis, que ficou conhecida como a “cidade sem mosquito”, por causa do clima e altitude. “Os escravos viraram reféns. Ao contrário do passado, é preciso que se crie melhores condições de saúde para todos”, opina.

Outro historiado­r, Nireu Cavalcanti lembra que, em 1860, o governo só intensific­ou o combateao Aedes, devidoàmáf amado Ri ono exterior. O historiado­r ressalta que novos casos também podem afastar turistas .“Há escassez de campanhas, co moada poliomieli­te, já erradicada .”

Erradicada no século passado no Estado do Rio, a febre amarela volta a preocupar. Desequilíb­rio ecológico pode estar por trás da volta da versão silvestre da doença

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COMBATE Brigada contra o Aedes aegypti, comandada pelo sanitarist­a Oswaldo Cruz, obteve bons resultados na época INVENTOR Oswaldo Cruz desenvolve­u a vacina contra a febre a amarela e liderou o combate à doença no Rio de Janeiro

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