O Dia

UERJ AGONIZA

A quinta maior universida­de brasileira e 11ª da América Latina definha à vista de todos porque o governo do estado não repassa as verbas para seu funcioname­nto

- WILSON AQUINO wilson.aquino@odia.com.br reitor

Um dos grandes orgulhos do povo fluminense, a Universida­de do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) agoniza com a crise financeira e deixa na incerteza milhares de jovens. “É desesperad­or. A Uerj era o meu sonho. Lutei muito para entrar e agora estou frustrada. O que vai ser do meu futuro?”, questiona a jovem Caroline Cristine da Silva Santos, de 20 anos. Órfã de pai e mãe, Caroline é negra, fez o vestibular em 2015 e entrou no regime de cotas para a Faculdade de Direito. Deveria começar a estudar no segundo semestre de 2016. Mas parece que o tempo parou na quinta maior universida­de do país.

“Nem começamos ainda o segundo semestre de 2016, que deveria começar em 17 de janeiro. Não havia condições de infraestru­tura”, lamenta o reitor Ruy Garcia Marques, ex-aluno da Uerj e professor do Departamen­to de Cirurgia Geral da Faculdade de Ciências Médicas. Ele assumiu a reitoria em janeiro de 2016, na pior crise dos 67 anos de história da instituiçã­o.

A infraestru­tura a que o reitor se refere são coisas básicas, como limpeza, manutenção de elevadores, coleta de lixo e o bandejão universitá­rio. Nada disso funciona porque o governo do estado não repassa à Uerj a verba que a universida­de tem direito por lei. “Precisamos de R$ 7,5 milhões mensais para despesas com manutenção. São R$ 90 milhões anuais. Ano passado, só foram repassados R$ 15 milhões”, reclama o professor Ruy.

Seria até cômico, se não fosse trágico: para chamar o elevador na unidade símbolo da Uerj, o Campus Maracanã, um conjunto de prédios de 12 andares, as pessoas precisam gritar, já que o mecanismo que identifica os andares escangalho­u e não há verba para o conserto. “Hoje (sexta-feira) mesmo fui ao Conselho Universitá­rio e tivemos que, literalmen­te, chamar: ‘elevador, sétimo andar’, contou o reitor.

Cansado de sofrer com tanto descaso, o Conselho da Uerj resolveu contra-atacar na Justiça. “Fizemos reunião

com a Faculdade de Direito e a diretoria jurídica. Vamos entrar com ação contra o governo, através do MP, e no STF, arguindo o pagamento do nosso duodécimo. Vai ser uma briga difícil, mas estamos arguindo o que nos é de direito. Não nos restava outra coisa a fazer.”

“A Uerj não está em greve. Está parada por falta do mínimo de infraestru­tura” RUY GARCIA MARQUES,

 ?? FOTOS MÁRCIO MERCANTE ??
FOTOS MÁRCIO MERCANTE

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil